Morre Zagallo, lenda do futebol mundial
Único tetracampeão do mundo, das cinco Copas do Mundo que o Brasil venceu, Zagallo participou diretamente dos torneios de 1958, 1962, 1970 e 1994.
Embora alagoano, Zagallo foi cedo para o Rio de Janeiro, onde começou sua carreira como jogador no juvenil do América, em 1948, aos 17 anos.
Zagallo se transferiu para o Flamengo, em 1950, aos 19 anos.
O Velho Lobo, apelido que ganharia posteriormente, não participou da Copa de 1950, a primeira com sede no Brasil, por não ser parte da equipe principal do Flamengo.
No entanto, uma curiosidade marcante sobre a história de Zagallo é que o futuro campeão mundial teve a infelicidade de presenciar o “Maracanaço”, a derrota do Brasil em casa na Copa do Mundo.
Zagallo era policial do Exército e assistiu ao jogo trabalhando, pois fazia parte da segurança do evento.
O Zagallo jogador – bicampeão mundial
Enquanto jogador, Zagallo começou a ganhar destaque após compor o time principal do Flamengo, em 1952. Zagallo se casa em 1955, no dia 13 de janeiro (guarde esse número).
Jogando como ponta-esquerda, Zagallo não tinha o estilo ofensivo similar aos outros jogadores da mesma posição no Brasil. No entanto, como define Paulo Vinícius Coelho em seu livro “Escola Brasileira de Futebol”, Zagallo era “a formiguinha”, posição que dava uma ideia de falso ponta-esquerda e percorria todos os lugares mais importantes do campo.
Assim, como “formiguinha”, Zagallo foi fundamental para o título de 1958, preenchendo espaços e liberando Pelé, Vavá e Garrincha no ataque. Além disso, Zagallo foi o autor do quarto gol do Brasil na final contra a Suécia.
A conquista de 1970
Em 1966, Zagallo se tornou treinador do Botafogo e ganhou vários títulos antes de assumir o comando da seleção em 1970.
A posição de técnico da seleção campeã do tri, a que se tornou a Seleção Canarinho, é marcada por polêmicas: Zagallo assumiu a seleção 100 dias antes do torneio no México após a demissão de João Saldanha, favorito pela imprensa e pelo elenco.
Em sua autobiografia, Pelé conta que a base da seleção seria formada por jogadores do Santos e do Botafogo, de acordo com Saldanha. Portanto, jogadores de outros clubes, como foi o caso de Tostão, do Cruzeiro, ganharam uma chance com Zagallo.
A história comprova que o papel de Tostão seria importantíssimo para a conquista do tricampeonato e da formação da maior seleção brasileira da história, invicta no torneio e com atuações marcantes de todos os jogadores.
Zagallo comandou a seleção até 1974 e depois seguiu carreira em times internacionais, treinando o Al-Hilal (aquele mesmo, de Neymar) em 1979.
“13 letras” e “Vocês vão ter que me engolir” – o Velho Lobo
Após sua saída em 1974, Zagallo retorna à Seleção, em 1991, após ser convidado pela CBF para assumir a função de coordenador técnico do Brasil. Três anos depois, o Brasil se consagra tetra-campeão mundial, assim como Zagallo.
A partir daí, nasce uma das mais famosas superstições do futebol brasileiro.
Zagallo, que sempre foi devoto de Santo Antônio de Pádua, cujo dia é comemorado em 13 de junho, adotou esse número para si. Além de se casar no dia 13, Zagallo atribui o seu sucesso ao santo. Sua primeira copa do mundo, como jogador, foi em 1958, e a quarta, que também venceu, em 1994. A soma de 5 + 8 e 9 + 4 é 13.
Voltando à Seleção, após Parreira pedir demissão, Zagallo assumiu o comando novamente até 1998, após o fiasco contra a França. É durante essa segunda passagem como treinador que Zagallo lança a célebre frase “Vocês vão ter que me engolir!”, após o título da Copa América de 1997, se referindo às críticas pela derrota nas Olimpíadas de Atlanta, no ano anterior.
Em 2003, quase 13 anos depois, Carlos Alberto Parreira volta a treinar a seleção e convida Zagallo para ser diretor técnico. Nessa última passagem, o Brasil vence a final da Copa América contra a Argentina e Zagallo profere: “Brasil campeão tem 13 letras e Argentina vice também!”.
A ligação de Zagallo com o número 13 é tão grande que, no ano passado, o ex-treinador estrelou um comercial da Vivo sobre o iPhone 13, elogiando o celular com adjetivos com 13 letras.
No ano seguinte, o Brasil vence a Argentina novamente, mas na final da Copa das Confederações.
Contudo, em 2006, a Seleção Canarinho é eliminada pela França, com um gol de Henry, camisa 12 do time. Talvez, se Henry usasse o número 13, a bola não teria entrado.