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Empreendedorismo

A tecnologia de refrigeração dos estádios do Qatar é aplicável no Brasil?

É inegável que a Copa do Mundo é um dos eventos mais importantes e esperados do universo esportivo, mesmo que aconteça a cada 4 anos. E, além de um intervalo padronizado para a realização de cada edição, o campeonato também conta com outras características em comum. Uma delas, até então, era a escolha dos meses para o acontecimento dos jogos, porém, tudo isso mudou na Copa do Mundo no Qatar, em 2022. O que normalmente ocorria no primeiro semestre, por volta do mês de Maio, passou a se concentrar nos dois últimos meses do ano.

O motivo da mudança intensa no calendário foi baseado em causas naturais da região, razão maior que a vontade dos jogadores ou da própria equipe de organização: o clima. O Qatar é localizado na península arábica da Ásia Ocidental e por isso alcança temperaturas altas em determinados meses do ano, capazes de interferir no desempenho dos atletas e no bem-estar dos turistas. De acordo com a Lista de Recordes Meteorológicos, no verão, algumas localidades do país podem chegar a 50,4°C.

Ainda assim, o Qatar, que é conhecido pelo uso de tecnologias avançadas, conseguiu reverter a situação e desenvolver um sistema que garante a climatização das arenas esportivas. Apostando no conceito de “fazenda solar”, o país conseguiu promover a refrigeração dos estádios usando exclusivamente a energia do sol. O termo “fazenda solar” é utilizado para descrever usinas fotovoltaicas construídas próximas aos consumidores e, de acordo com o especialista Lucas Paiva, COO da Lead Energy, startup de soluções energéticas, essa escolha pode ser considerada no mínimo um “par perfeito”: “Casar a energia solar com sistemas de ar condicionado produz uma sinergia natural. Pois, o pico de consumo de energia dos sistemas de refrigeração se dá justamente nas horas em que o sol está mais forte, sendo a energia solar uma ótima opção para atender esse consumo. Além disso, essa escolha pode ser benéfica em diversos outros aspectos como o custo de eletricidade, já que a energia solar é uma das opções mais baratas do mercado e, para completar, uma fonte limpa que pode e deve ser explorada”.

Lucas afirma também que a decisão do país que abriga a atual edição da Copa do Mundo pode servir como um tipo de exemplo: “Mesmo o Qatar sendo um grande produtor de combustíveis fósseis, o país buscou realizar um evento de grande magnitude com pegada neutra de carbono, servindo de exemplo para nações do mundo afora. Com atitudes como essa e o crescimento de discussões sobre sustentabilidade, fica claro o rumo que estamos tomando.” Contudo, o especialista relembra os cuidados, visando promover o melhor uso do sistema. “É crucial não abrir mão de outras pequenas alternativas que levem ao mesmo objetivo, como a realização de jogos em horários com temperaturas mais amenas, a própria arquitetura pensada no calor externo e a configuração dos sistemas de ar-condicionado de forma que a refrigeração seja confortável, sem exageros que levem ao desperdício e aos consequentes gastos elevados, capazes de tornar a prática inviável”.

Por fim, o COO conta que, com algumas transformações, o uso do mesmo sistema pode se tornar uma realidade no Brasil: “Alguns dos nossos estádios também são atendidos com energia limpa, comprada diretamente de usinas sustentáveis ou gerada com usinas solares próprias. De qualquer forma, o uso dessa tecnologia de refrigeração em específico é super aplicável ao Brasil. Por mais que a eficiência possa não ser integral, considerando que a arquitetura atual dos nossos estádios não foram planejadas para abrigar esses sistemas, nada impede que novos projetos se inspirem nas soluções do Qatar. Isso seria ótimo, já que o Brasil também é um país muito quente e em algumas regiões, é preciso até que haja pausas técnicas nos jogos, pensando no conforto térmico dos competidores”, conclui.

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