Capacitação focada na indústria automobilística forma 30 pessoas refugiadas da Venezuela no RS
A região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, concentra empresas do setor automobilístico e de metalmecânica de destaque nacional e com alta demanda por profissionais capacitados.
Com esse cenário de oportunidades, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR) ofereceram uma formação gratuita na área para pessoas refugiadas e migrantes. As duas turmas formaram 30 alunos, sendo seis mulheres e três pessoas LGBTQI+. A iniciativa foi possível com o apoio da CIE Automotive, empresa com sede na Espanha.
“A inserção laboral é um dos maiores desafios para as pessoas refugiadas no Brasil. Disponibilizar uma formação profissional para o segmento automobilístico significa um passo importante para a reconstrução das vidas e recomeço profissional dessas famílias, em uma área tão promissora”, afirma o Oficial de Meios de Vida e Inclusão Econômica do ACNUR o Brasil, Paulo Sérgio de Almeida.
Até o momento, cinco profissionais foram contratados para atuar na planta da Hidro Jet, empresa do setor metalmecânico, no município de Feliz – a 85 quilômetros da capital gaúcha. A companhia pretende abrir novas vagas em janeiro. “Sempre precisamos de profissionais qualificados na área em que atuamos e o curso facilita a inclusão ao mercado de trabalho de pessoas refugiadas”, afirma Aline Carneiro, analista de Recursos Humanos da Hidro Jet.
Aulas
As aulas do curso de Desenho Técnico Mecânico e Metrologia e o de Tecnologias de Usinagem CNC foram ministradas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em Porto Alegre, entre outubro e dezembro. Os alunos tiveram apoio para transporte e alimentação para que não faltassem às aulas.
Além de aprender a teoria, as pessoas refugiadas participaram de um workshop sobre o mercado de trabalho da indústria automobilística e os processos seletivos do setor. Também visitaram fábricas da região, como a da General Motors, em Gravataí, na qual passaram a fazer parte do banco de talentos.
“Minha experiência no curso foi a melhor. Tive amplo conhecimento repassado pela equipe do SENAI juntamente com o SJMR. Eu recomendo qualquer treinamento dado neste instituto. Agradeço a oportunidade formativa de integração social e laboral”, afirma a aluna do curso de Desenho Técnico Roxana Castillo.
Cada curso teve um total de 60 horas e disciplinas como Matemática básica, Leitura e Interpretação de Desenho, Processos de usinagem e funcionamento em máquinas convencionais e CNC, Materiais e suas aplicações (aço, ferro) e Programação CNC.
“Sou instrutor de educação profissionalizante há quase 10 anos, e foi a primeira vez que tive a honra de presenciar alunos com tanta sede de conhecimento e comprometimento. Foi incrível ver esses alunos se esforçando cada dia mais”, completa o professor do Curso de Desenho Técnico Mecânico Adílio Camargo.
O SJMR, parceiro do ACNUR, espera fazer a ponte para novas entrevistas de emprego com os alunos em 2023 em indústrias automobilísticas da região.
“Os desafios que os migrantes e refugiados enfrentam para recolocar-se no mercado de trabalho são inúmeros. Dessa forma, as portas abertas por oportunidades como essa são de relevante importância para os novos caminhos desses sujeitos. Assim, seguimos juntos, construindo sonhos e lutando pela realização profissional desses agentes sociais”, destaca o coordenador de Projetos do SJMR Sul, Elias Pereira Gertrudes.