Educação

A necessidade de integrar a educação ambiental nas grades curriculares das escolas municipais

*Charles Nicoleit

No Brasil, atualmente, existem três macrotendências como modelos políticos pedagógicos para a educação ambiental: a conservacionista, a pragmática e a crítica. Cada uma delas contempla uma ampla diversidade de posições mais ou menos próximas do tipo considerado “ideal”.

Considerando o contexto neoliberal das sociedades ocidentais contemporâneas, em que a economia do mercado é a que determina os valores e lógica, a tendência pragmática da educação ambiental tem ganhado impulso. Essa tendência incorpora correntes de educação para o desenvolvimento e consumo sustentável, focando em práticas superficiais, comportamentais e tecnológicas relacionadas à economia de energia, água, reciclagem de resíduos sólidos, mercado de carbono, entre outros temas de grande importância.

Por outro lado, a perspectiva crítica da Educação Ambiental é a mais adequada para enfrentar a crise socioambiental, pois une questões políticas, desigualdades sociais e injustiça socioambiental. Essa concepção de educação ambiental, enquanto exercício de cidadania, visa revelar a realidade e, através da educação, contribuir para a transformação da sociedade, reafirmando sua dimensão política inalienável.

A superação de tal crise passa, necessariamente, pelo aprendizado de uma nova relação dos homens com a natureza, o que implica em mudanças fundamentais.

Desde quando foram identificadas as primeiras experiências relacionadas à Educação Ambiental, na década de 1970, começaram a se definir dois grandes blocos que, historicamente, alcançaram maior destaque no cenário, seja pela proximidade com as discussões políticas da área, pela tradição na educação ou pela afinidade com teorias que obtiveram maior acúmulo no debate ambientalista.

O bloco conservador, por exemplo, apresenta como características centrais objetivas:

  • Compreensão naturalista e conservacionista da crise ambiental;
  • Educação entendida em sua dimensão individual, baseada em vivências práticas;
  • Despolitização da educação ambiental, apoiando-se em pedagogias comportamentalistas ou alternativas de cunho místico;
  • Baixa problematização da realidade e pouca ênfase em processos históricos;
  • Foco na redução do consumo de bens naturais, descolando essa discussão do modo de produção que a define e situa;
  • Diluição da dimensão social na natural, faltando entendimento dialético da relação sociedade-natureza;
  • Responsabilização pela degradação posta em um homem genérico, fora da história, descontextualizado social e politicamente.

Por sua vez, o bloco transformador, crítico ou emancipatório apresenta entre suas principais características:

  • Busca da realização da autonomia e liberdades humanas em sociedade, redefinindo o modo como nos relacionamos com a nossa espécie, com as demais espécies e com o planeta;
  • Politização e publicização da problemática ambiental em sua complexidade;
  • Convicção de que a participação social e o exercício da cidadania são práticas indissociáveis da Educação Ambiental;
  • Preocupação concreta em estimular o debate e o diálogo entre ciências e cultura popular, redefinindo objetos de estudo e saberes;
  • Indissociação no entendimento de processos como: produção e consumo; ética, tecnologia e contexto sócio histórico; interesses privados e interesses públicos;
  • Busca de ruptura e transformação dos valores e práticas sociais contrários ao bem-estar público, à equidade e à solidariedade.

Existe uma urgência no tratamento do tema, visto as dificuldades para colocá-lo em prática em virtude, principalmente, da falta de apoio das instituições e de envolvimento da coletividade escolar, que vivenciam essa realidade diariamente.

Sugere-se a inserção da bioética, pois essa metodologia propõe o estudo com uma postura apoiada na ética, para cuidar do ser humano e do meio ambiente em que vivemos, agregando conhecimentos na tentativa de mitigar, de maneira mais justa, os desafios da Educação Ambiental.

A veia ecológica nas salas de aulas deve vir diretamente dos docentes, compartilhando conhecimentos relacionados a seleção do lixo, reciclagem e manuseio, uso quantitativo da água de forma responsável e plantio de árvores, fazendo o máximo pelo tema com o que eles tem disponível em mãos.

É importante pensar e reforçar que passou da hora das escolas contarem com a educação ambiental em seu currículo escolar, visando uma mudança no comportamento social para um convívio harmonioso do homem com a natureza.

 

Sobre Charles Everson Nicoleit

É gestor de obras e empresário com quase 30 anos de experiência nesse segmento. Também é membro de associações da construção civil, construção selo verde e sustentabilidade. Possui diversas certificações e cursos que o habilitam como referência no mercado de construção civil. Para mais informações, acesse https://www.linkedin.com/in/charles-nicoleit-37654562/.

Redação JBA Notícias

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