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ABBC formará consórcio para se candidatar a participar do piloto do Real Digital

Associação quer dar espaço a mais instituições, contribuindo para a diversidade do projeto do Banco Central. O tema foi abordado durante evento sobre tokenização de ativos, no BC, em São Paulo

São Paulo, maio de 2023. A ABBC Associação Brasileira de Bancos anunciou que pretende viabilizar a criação de um consórcio para que instituições financeiras associadas possam se candidatar a participar dos testes que o Banco Central (BC) desenvolverá sobre o Real Digital, projeto que procura estruturar a versão tokenizada da moeda soberana brasileira e a infraestrutura necessária para integrar a tecnologia blockchain ao sistema financeiro tradicional regulado. A divulgação ocorreu na abertura do evento “Tokenização de ativos: uma nova onda”, promovido pela própria ABBC, na quinta-feira (4), na sede do BC, em São Paulo, com apoio da KPMG e do BC.

O programa-piloto do Real Digital fará testes de emissão, resgate e transferência dos ativos na plataforma, bem como avaliará os fluxos financeiros decorrentes de eventos de negociação.

A presidente da ABBC, Sílvia Scorsato, ressaltou que a intenção do consórcio é possibilitar maior diversidade na participação de instituições, na medida em que a ABBC propiciará a infraestrutura necessária para o projeto e ajudará na coordenação das ações. “Representamos bancos de diversos portes, instituições de pagamentos, cooperativas, entre outros. É uma oportunidade para que mais players participem do projeto”, disse.

O Diretor de Inovação e Serviços da ABBC, Euricion Murari, explicou que a proposta também visa utilizar a associação como um nó da infraestrutura necessária para o ambiente, e, assim, otimizar recursos, dar viabilidade e oportunidade às associadas. Hoje, entre os 118 associados à ABBC, existem ao menos 13 instituições que já demonstraram interesse em participar do grupo.
Economia tokenizada

A abertura do evento foi comandada pelo Chefe do Departamento de Supervisão Bancária do BC, Belline Santana, e pelo Diretor Técnico da ABBC e Diretor de TI e SI do Banco Brasileiro de Crédito, Wallace Jagiello.

O primeiro painel do evento contextualizou a economia tokenizada, com a participação do Sócio da área de Financial Risk Management da KPMG Brasil, Fábio Lacerda, e do Sócio de Consultoria de Transformação, líder em Payments, Banking & Digital Assets da KPMG, Thiago Rolli. Eles apresentaram os conceitos fundamentais sobre tokenização, vinculando-os ao atual debate sobre o Real Digital. Nessa exposição, disseram que a tokenização possibilita o fracionamento de ativos em representações digitais (tokens), que viabilizam a negociação fracionada da propriedade desses mesmos ativos. Essas frações digitais podem funcionar como uma nova classe de ativos negociáveis, ampliando o acesso a novas opções de captação e investimento. Além disso, na visão dos especialistas, o token viabiliza a eficiência econômica em um mundo que se transforma diariamente em direção à economia tokenizada.

No painel 2 do evento, Experiências com tokenização — casos práticos e visão de futuro, o CEO da Vórtx QR Tokenizadora, Carlos Ratto, contou que o avanço dos tokens tem a possibilidade de trazer mais eficiência no processo de emissão de ativos, porque aglutina os agentes que hoje existem no mercado. Em consonância, o Gerente Executivo de Estratégia de Negócios e Inovação da Nuclea, Raphael Mielle Trintinalia, e o especialista em Tecnologia e Inovação da Indústria Financeira para LATAM da Microsoft, João Paulo Aragão Pereira, concordaram, acrescentando que há uma oportunidade boa para crescimento do mercado financeiro, mas que a regulação é importante, principalmente por conta da visão sobre cibersegurança. Os painelistas colocaram que o Real Digital vai ser um propulsor para a criptoeconomia e que a tecnologia pode alavancar esse movimento.
Aceleração do mercado financeiro

No painel 3 — Real Digital, o Coordenador de Regulação de Riscos Financeiros em Infraestruturas do Mercado Financeiro do BC, Rafael Bianchini, demonstrou que, na visão do regulador, há uma aceleração permanente no mercado financeiro, principalmente com a popularização do Pix. “Há alguns anos, discutíamos o Pix e ninguém imaginava o que seria hoje. Agora estamos nesse mesmo estágio com o Real Digital. Não podemos negar que o Pix foi um salto de inclusão da população brasileira”, disse. “Estamos discutindo a tokenização de tudo, não só de ativos financeiros. Real Digital é a tokenização da moeda, que, juridicamente, continua sendo a mesma coisa”, conclui Bianchini.

Márcio Alexandre, Superintendente de Arquitetura e Governança de TI do Sicoob, apresentou sua visão sobre as diferenças na governança dos projetos Pix, Open Finance e agora o Piloto do Real Digital e, na sequência, compartilhou com a audiência a experiência do Sicoob em um projeto de DLT envolvendo outras instituições financeiras brasileiras para estabelecer uma rede blockchain ainda em 2018. O painel foi mediado pelo CEO da CRT4, Ricardo Simone Pereira.

Sobre a ABBC — A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) é uma entidade sem fins lucrativos, instituída em 1983, para contribuir com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e gerar benefícios a seus associados e à sociedade em geral como colaboradora no desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. A ABBC tem 118 instituições associadas (entre bancos, cooperativas de crédito, fintechs e financeiras) e está entre as maiores entidades representativas do SFN. Faz parte do escopo da associação a prestação de serviços voltada para a otimização de atividades, a redução de custos operacionais, a observância regulatória e a promoção de ações de cunho educacional, visando capacitar profissionais que tenham relacionamento com o setor. Entre os pilares estratégicos da instituição estão as ações de ESG, liderança feminina, cibersegurança e prevenção de fraudes.

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