Desde 2019, as empresas de tecnologia alertam para o apagão de profissionais de TI no Brasil. A falta de profissionais capacitados impulsiona o crescimento das universidades e escolas corporativas no País.
De acordo com a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), os empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação cresceram 14,4% no ano passado.
Já a Catho, plataforma online de vagas, mostra que, no primeiro semestre de 2021, o número de posições para a área de tecnologia foi 17,9% superior ao mesmo período de 2020.
O setor de Tecnologia da Informação (TI) aponta demanda de 797 mil profissionais de tecnologia até 2025, segundo relatório da Brasscom.
O cenário, no entanto, não desperta o otimismo de especialistas. O Brasil forma apenas 53 mil pessoas por ano em cursos de perfil tecnológico, mas a demanda média anual é de 159 mil profissionais de TI e comunicação. É o que aponta o estudo “Demanda de Talentos em TIC e Estratégia TCEM”, publicado pela Brasscom.
De acordo com a entidade, a projeção é de um déficit anual de 106 mil talentos, 530 mil em cinco anos. São números que refletem o crescimento acelerado do setor de TIC, e deixam clara a urgente necessidade de que a formação profissional também seja ampliada no mesmo ritmo.
Para a Brasscom, o ideal é as empresas criarem estratégias inovadoras para ampliar a formação de talentos e superar o déficit – previsto para ultrapassar meio milhão de profissionais, pois a baixa de mão de obra desperta um alerta para o risco de um apagão de profissionais qualificados para ocupar os postos vagos.
Essa baixa já é sentida dentro das empresas de tecnologia, pois tem sido comum sobrarem vagas e faltarem profissionais capacitados. Para minimizar essa demanda, muitas empresas estão investindo em Universidades Corporativas, replicando uma estratégia bem-sucedida em países como Alemanha e EUA.
O movimento é descrito como Employer U (universidade conectada à empresa, em tradução livre) que além de formar ou capacitar profissionais de acordo com a cultura organizacional da empresa, ainda contribui para inserir mão de obra qualificada no mercado de TI.
A multinacional Keyrus, líder mundial em consultoria de inteligência de dados, digital e transformação de negócios, lançou há um ano a Keyrus Academy, Universidade Corporativa com o objetivo de ampliar a rede da multinacional e capacitar profissionais de TICs.
“Nosso objetivo é ampliar nossa rede e capacitar o profissional de tecnologia, indiferentemente de ser um colaborador ou não. Sentimos a necessidade de capacitar a mão de obra disponível no mercado. Além dessa ampliação, mantemos nossos treinamentos internos e os treinamentos corporativos”, menciona a Coordenadora de Treinamento e Capacitação da Keyrus Academy, Christiane Gatti.
O diferencial da implementação das Universidades Corporativas é que as pessoas aprendem com quem vive na prática o dia a dia do mercado de tecnologia. No caso da Keyrus Academy os cursos são ministrados por consultores Keyrus que são profissionais altamente capacitados tecnicamente e mercadologicamente.
“Entendemos que a educação é fator determinante para o engajamento dos colaboradores, o que impacta diretamente em uma entrega de qualidade”, enfatiza Gatti.
Considerando o atual cenário, em que a crise afeta diferentes áreas e setores da sociedade, é de extrema importância e necessidade que os colaboradores estejam alinhados e capacitados a lidar com as novas realidades, caso contrário, a empresa pode estagnar. Logo, com uma capacitação adequada é muito mais fácil ampliar a excelência no trabalho executado.
Outro ponto importante a se destacar é o fato de que a capacitação dos colaboradores contribui para a gestão de planos de carreira, afinal, tem ocorrido uma movimentação de profissionais que buscam por uma aprendizagem contínua para investir em um plano de carreira vindouro.
Universidade Corporativa em outras áreas
A implantação de Universidades Corporativas também tem crescido em diferentes segmentos que têm percebido a importância de investir no ativo mais importante de uma organização: o capital humano e intelectual.
Criada em 1995, inicialmente como Universidade Brahma e rebatizada de Universidade Corporativa AmBev, tem como objetivo oferecer diversos cursos e certificações para seus funcionários. Atualmente a universidade é segmentada em três eixos temáticos: Liderança e Cultura; Funcional e Método.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é mais um exemplo de universidade corporativa. Fundada em 2008, a instituição busca formar multiplicadores de soluções Sebrae. Seus cursos são direcionados a colaboradores, credenciados e parceiros do Sistema Sebrae como agentes locais de inovação, agentes de desenvolvimento e agentes de orientação empresarial.
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