A Starbucks, maior rede de cafés do mundo, com cerca de 34 mil lojas em vários continentes, enfrenta uma nova polêmica envolvendo o Brasil. Após o pedido de falência da SouthRock, controladora da marca em terras brasileiras, o grupo agora responde a um processo judicial instaurado nesta quarta-feira (10), num tribunal de Washington (EUA), pela Liga Nacional dos Consumidores dos Estados Unidos. A ação acusa a rede de veicular publicidade enganosa, afirmando que a empresa promove suas práticas de fornecimento de café e chá como “100% éticas”, enquanto, supostamente, obtém produtos de locais com histórico de violações de direitos humanos e trabalhistas.
A ação relata abusos em fazendas específicas no Brasil, Guatemala e Quênia, e alega que a Starbucks continuou a comprar desses fornecedores apesar das violações serem documentadas. Sally Greenberg, CEO da Liga Nacional dos Consumidores, diz que há uma grande discrepância entre as alegações da Starbucks e a realidade. “A Starbucks anuncia em cada saco de café e caixa de cápsulas seu compromisso com o fornecimento 100% ético. Contudo, identificamos abusos significativos de direitos humanos e trabalhistas em sua cadeia de suprimentos”, alega.
As denúncias incluem trabalho infantil, trabalho forçado, assédio sexual e condições precárias de trabalho. Em 2022, por exemplo, autoridades brasileiras resgataram 17 trabalhadores, incluindo menores, de condições análogas à escravidão na Fazenda Mesas, no município de Campos Altos (MG), local que fornecia grão de café para a Starbucks – como pode ser visto neste relatório público da Repórter Brasil.
Acumulando denúncias
Rafael Guerra, representante do movimento #StarbucksUnitedWorkers (#
De acordo com Rafael, o processo busca não apenas evidenciar as discrepâncias entre o discurso e a prática da Starbucks, mas também forçar a empresa a reformar seus procedimentos e respeitar os princípios básicos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Um maior monitoramento da cadeia produtiva deve assegurar a conformidade com direitos humanos e trabalhistas em suas cadeias de suprimentos globais. E isso deve ser incorporado também na forma como tratam seus próprios funcionários. Não queremos o fim da empresa, queremos que ela gere empregos e cresça. Mas que respeite seus trabalhadores e pratique o que diz para o público “, acrescenta.
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