BRDE: acções do banco verde para apoiar pesquisas em sustentabilidade e alimentação saudável
O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), firmou duas parcerias institucionais estratégicas para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas nas áreas de sustentabilidade e alimentação saudável.
A formalização aconteceu na 35ª edição do Show Rural, em Cascavel (Oeste).
O primeiro documento é um protocolo de intenções com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para a elaboração de um edital conjunto voltado ao desenvolvimento de projetos de pesquisas, no âmbito do Fundo Verde e de Equidade.
Esse fundo foi aprovado pela diretoria do BRDE no fim do ano passado, para o apoio de iniciativas pautadas no desenvolvimento socioambiental.
O vice-governador Darci Piana também assinou o documento.
O edital dessa parceria, que será publicado ainda no primeiro semestre, prevê a aplicação de recursos públicos da ordem de R$ 3,2 milhões, sendo R$ 1,2 milhão do banco e R$ 2 milhões da pasta da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Do montante da Seti, R$ 1,2 milhão será do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico e R$ 800 mil da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, instituição de amparo à pesquisa, vinculada à Secretaria.
O secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Nelson Bona, destacou a importância das pesquisas acadêmicas para atender demandas da sociedade.
“A ciência contribui para os avanços na saúde, na alimentação, no meio ambiente e em muitos outros campos. E as parcerias científicas como essas impactam na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, com reflexo também no setor produtivo”, afirma o gestor.
Ele reforçou a orientação do governador Carlos Massa Ratinho Junior para que os ativos tecnológicos paranaenses estejam a serviço da população.
Para além das instituições de ensino superior, o edital será aberto à participação de instituições de pesquisa científica e tecnológica que integram o ecossistema de inovação paranaense.
“O BRDE irá destinar parte do seu lucro para apoiar projetos verdes e de equidade com recursos não reembolsáveis. Esse primeiro edital irá apoiar projetos de pesquisa tecnológica e inovação, nos temas do Banco Verde, que serão realizados nas universidades estaduais do Paraná”, detalhou o presidente do BRDE, Wilson Bley Lipski, sinalizando a previsão de publicação do edital para março deste ano.
BANCO VERDE – O planejamento do BRDE busca tornar a instituição em banco verde, inclusive com a oferta de novas linhas de financiamento para projetos na área da sustentabilidade.
No ano passado, por exemplo, o banco alcançou a marca de 79,5% de aderência a, pelo menos, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas operações de crédito.
O banco também aplicou R$ 1,21 bilhão nas chamadas operações verdes, o que equivale a 27,3% dos contratos relacionados a diversos ODS, principalmente o ODS 12 (produção e consumo sustentáveis) e o ODS 13 (ação climática).
Desse montante, R$ 128 milhões foram destinados para projetos relativos à equidade de gênero (ODS 5) e R$ 70 milhões para ações de tratamento, uso ou reciclagem de resíduos.
Entre os temas estão sustentabilidade e proteção da água; prevenção e controle de poluição; proteção e restauração da biodiversidade; mitigações e adaptações às mudanças climáticas; transição para uma economia circular; agropecuária resiliente e sustentável; e equidade e inclusão econômica e cidadã.
ALIMENTOS SAUDÁVEIS – A segunda parceria consiste em um memorando de entendimento com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), órgão de pesquisa da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta).
O objetivo é promover a estruturação de linhas de pesquisas, relacionadas à produção e consumo de alimentos saudáveis.
A parceria envolve o Parque Científico e Tecnológico de Biociências (Biopark), da empresa Prati Donaduzzi, e a Fundação Araucária.
Nesse cenário de mudanças de práticas alimentares, a nutrigenômica, área que estuda a influência da alimentação nos genes humanos, apresenta potencial para o desenvolvimento de pesquisas científicas aplicadas.
Esse novo conceito vem assumindo posição de destaque nos setores produtivos acadêmico e empresarial e gerando oportunidade para uma nutrição personalizada com base nos genótipos das pessoas.
A diretora técnica do Ital, Eloísa Elena Corrêa Garcia, associa a pesquisa ao processo de inovação no setor de alimentação saudável.
“Nosso objetivo é buscar oportunidades de projetos de pesquisa em comum para valorização da cadeia produtiva de alimentos, através da inovação em processos tecnológicos e ingredientes saudáveis, áreas que estão entre as prioridades do Ital e nas quais nosso corpo técnico possui competências complementares às dos ecossistemas paranaenses de biotecnologia e genômica”, salientou.
O Ital lidera a Plataforma Biotecnológica Integrada de Ingredientes Saudáveis (PBIS), uma iniciativa que reúne pesquisadores para desenvolver estudos e metodologias para a produção e obtenção de ingredientes mais saudáveis, segundo as necessidades da indústria e dos consumidores.
O presidente do Biopark, Luiz Donaduzzi, observa uma evolução no padrão alimentar em relação à qualidade e quantidade de alimentos.
“As pessoas começam a associar a alimentação às questões de saúde. Antes era preciso encher o estômago, mas agora priorizamos o consumo de alimentos de alta qualidade. Ou seja, qualidade e quantidade são fatores diretamente relacionados e agregam valor aos produtos alimentícios”, afirmou.