Brumadinho, 9 de janeiro de 2024 – Familiares das vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, entregaram hoje em Belo Horizonte uma nota pública aos desembargadores do TRF (Tribunal Regional Federal) pedindo que votem contra o habeas corpus que pode inocentar o ex-presidente da Vale no processo penal da tragédia-crime. Quase 5 anos após a tragédia ninguém foi punido pelas 272 mortes e Fábio Schvartsman tenta o trancamento da ação penal contra ele por meio de um HC (habeas corpus) que está na pauta do TRF6.
“Viemos aqui no TRF trazer uma nota técnica e um clamor para que este habeas corpus não seja reconhecido. É na Justiça que isso precisa acontecer. É dentro do processo, e não cortando caminho, da forma como o ex-presidente da Vale está tentando fazer”, afirmou Andresa Rodrigues, mãe de Bruno Rodrigues, morto na tragédia, e presidente da AVABRUM (Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão-Brumadinho).
A nota é um pedido formal para que o desembargador Flávio Boson Gambogi, relator do HC na 2ª Turma do TRF em Minas, reconsidere a possibilidade de o ex-presidente da Vale não ser julgado pelas mortes em Brumadinho. Seu voto favorável foi proferido em 13 de dezembro, mas o julgamento do HC foi suspenso porque Pedro Felipe de Oliveira Santos, desembargador revisor, pediu vistas do processo. Faltam 2 votos para a decisão final. Não há uma data definida para a continuidade da sessão.
Rosas no clamor por justiça
Além de Andresa, foram ao STF Maria Regina Silva, mãe Priscila Elen Silva, e Jacira Costa, mãe de Thiago Costa, todas da diretoria da AVABRUM. Elas visitaram todos os gabinetes do TRF6 para entregar a nota técnica e fazer o pedido contra o parecer favorável a Fábio Schvartsman.
Rosas representando as vítimas – 269 vermelhas e 3 brancas, simbolizando as 3 ainda não encontradas – foram distribuídas em uma manifestação na frente do TRF que se estendeu até a Praça Sete. O público também recebeu um folder com a mensagem da AVABRUM “5 Anos Sem Justiça”.
“A entrega das rosas vem com um convite para que as pessoas participem do nosso movimento contra essa injustiça que ocorre há 5 anos sem julgamento de ninguém”, disse Dona Regina, que se emocionou ao ver o acolhimento das pessoas. “Juntos, conquistamos apoio nessa batalha por justiça, memória e direitos dos familiares”, disse.
Luta também por um futuro melhor
Dona Jacira disse que, quando a população é abordada pelos familiares, entende a luta da AVABRUM. “As pessoas, às vezes, nem sabem o que houve em Brumadinho. O que elas sabem é através da mídia, mas nós, que somos os familiares, conseguimos conversar com as pessoas, elas percebem a injustiça que é isso e entendem a brutalidade do crime”, afirmou. “Nossa luta não é só por nós. Nossa luta é por um futuro melhor. Não queremos que aconteça com mais ninguém o que aconteceu com a gente”, disse a mãe de Thiago.
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