Com presença do presidente do TRE-PR, CMC dá início ao curso sobre Eleições 2024
“Panoramas e perspectivas” é o tema da capacitação. O primeiro dos três encontros aconteceu nesta quinta-feira (25).
A Escola do Legislativo Maria Olympia Carneiro Mochel da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) deu o pontapé inicial à capacitação “Eleições 2024 – panorama e perspectivas” nesta quinta-feira (25). O auditório do Legislativo ficou lotado para o primeiro dos três encontros que estão previstos até o início do período eleitoral. O evento é organizado em parceria com a Procuradoria Jurídica (Projuris) e reúne agentes públicos, políticos, acadêmicos, magistrados, representantes da sociedade civil organizada e a população em geral.
Temas importantes foram abordados no primeiro dia da capacitação, como as diferenças entre entidades representativas e participativas, e regras eleitorais. Outros assuntos serão abordados nas próximas duas aulas, que acontecem em maio e junho, como o uso das mais recentes tecnologias nas eleições. Conduzida pelo presidente da Câmara Municipal, Marcelo Fachinello (Pode), a abertura do curso foi marcada pela presença do presidente do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná), desembargador Sigurd Roberto Bengtsson; e do promotor de Justiça Régis Sartori, da Coordenação das Promotorias Eleitorais e Núcleo de Atendimento ao Cidadão e às Comunidades do Ministério Público do Paraná (MPPR).
A importância do processo eleitoral, símbolo da democracia, foi destacada pelas autoridades. Marcelo Fachinello, em particular, ressaltou que o Poder Legislativo é parte fundamental nesse processo e tem a responsabilidade de fomentar o debate e o exercício da cidadania. “Este tipo de evento faz parte de uma nova compreensão que temos, como Mesa Diretora: de uma Casa mais aberta, mais próxima da população, debatendo e discutindo aquilo que temos como assuntos relevantes da cidade. E isso acontece no plenário, nas comissões, nas audiências públicas e, muito especialmente, em eventos como este, liderados pela Escola do Legislativo Maria Olympia Carneiro Mochel.”
A intenção da Casa, continuou o parlamentar, é aprofundar estes debates, posicionar a CMC como uma “instituição central de cidadania de Curitiba”. Durante sua fala, Fachinello aproveitou para anunciar que, na próxima semana, a Câmara de Curitiba vai lançar um manual sobre as eleições, produzido pela Mesa Diretora, em parceria com a ProJuris e Conlegis (Controladoria do Legislativo). “É um documento que vai trazer, de forma didática e objetiva, as vedações para este período eleitoral para os representantes da população que têm mandato (nossos vereadores) e para os servidores da CMC. Esta é uma iniciativa que vem na esteira do Programa de Integridade e Conformidade da Câmara. […] São todas essas ações conjuntas que buscam reforçar o compromisso do Legislativo com a legalidade e principalmente, aprofundar a democracia na cidade de Curitiba, sempre com a participação central dos cidadãos e da sociedade civil”, completou o presidente.
TRE-PR tem atuado na inclusão e no combate à violência política de gênero
“A Câmara de Vereadores é um local, por excelência, onde ocorre o debate da cidadania”, respondeu o desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, ao presidente da CMC. Sobre o papel do TRE-PR no processo eleitoral, o presidente do órgão informou que a instituição tem focado seu trabalho na inclusão das pessoas com deficiência, sob um triplo aspecto. “Primeiro, que as PcD se alistem para votar nas eleições. O segundo enfoque é que as pessoas com deficiência possam trabalhar como mesários ou colaboradores nas eleições. E o terceiro enfoque é um curso do TRE-PR para que as PcD possam sair como candidatos em condições ideais nas convenções partidárias.”
Outra linha de enfrentamento da Justiça Eleitoral do Paraná é o combate à violência política de gênero – caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. Segundo o desembargador, através de convênios com a UFPR (Universidade Federal do Paraná) e OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil – PR), estão sendo realizadas caravanas em diferentes sedes do TRE-PR no interior do estado para tratar da conscientização sobre a violência política de gênero.
“A violência política de gênero vai ser bastante enfrentada pelo MP e pelo Poder Judiciário, para que não ocorra [nestas eleições]. O TRE-PR já tem jurisprudência consolidada a respeito: aquela candidatura que só é feita para a uma mulher participar do processo, mas, na verdade, é uma candidatura laranja, o TSE cassa toda a chapa, todos os eleitos da chapa serão cassados na chapa, se houver esta infringência. […] Todos sabemos que existe a cota [de 30% de candidatas], que deve ser respeitada”, alertou o presidente do órgão.
Representatividade, políticas públicas e regras eleitorais
O primeiro dia do evento trouxe como tema “Participação no Processo Eleitoral”, quando foram tratados assuntos como cidadania, voto consciente, segurança da urna eletrônica, combate à desinformação e participação das minorias. A mediação foi feita pelo procurador jurídico da CMC, Rodrigo Campos Baptista. Para esta discussão, foram convidados Carolina Bagatolli e Huáscar Fialho Pessali, professores da UFPR; e Nahomi Helena de Santana, advogada e membro do Instituto Política por.de.para Mulheres.
Huáscar Fialho Pessali, que é professor titular do Departamento de Economia e no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UFPR, tratou do tema “Representação e participação – potenciais benefícios de instituições representativas e participativas”, considerado pelo acadêmico um assunto “revelante para a democracia moderna e que alimenta a educação eleitoral”. “Estamos acostumados a lembrar da democracia, com a proximidade do voto. E a política é feita durante todo o período, ela não para nunca. E esta é uma das coisas que a gente, como sociedade, se cobra, de a gente prestar atenção em tudo o que é feito na política e tentar participar disso. Pelo voto, e se possível, não só pelo voto”, disse.
Durante sua explanação, ele citou o exemplo das audiências públicas, que são um mecanismo participativo. Somente entre 2020 e 2022, a Câmara Municipal fez 93 audiências públicas, das quais apenas 19 foram obrigatórias – previstas em lei, e que tratam de prestações de contas. Estes números estão em uma dissertação de mestrado da UFPR, informou o professor. “É um trabalho que, em outro momento, seria interessante até apresentar nesta Casa”. Outro ponto abordado foi a diferença entre as instituições representativas, como a CMC, e participativas, como os conselhos municipais, e suas respectivas funções.
A segunda palestra foi conduzida por Carolina Bagatolli, que é mestre e doutora em Política Científica e Tecnológica. Ela falou sobre “O que o governo faz, por que ele faz e que diferença isso faz? – Relações entre atores sociais e políticos no processo de uma política pública”, detalhando as três dimensões diferentes que envolvem o termo política pública: polity, politics e policy. “Estamos em ano de eleição e o termo fica em evidência. Quando a gente fala de política, a gente fala de três dimensões: as estruturas políticas, ou seja, a polity, e os processos de negociação, a politics, vão influenciar o o resultado concreto da policy, da política pública”, orientou.
“Quando a gente fala de política pública, sobretudo policy, ou seja a política, falamos tanto da ação, como da não ação. A provocação quer dizer que muitas vezes não tomar decisão é uma decisão. Muitas vezes a não tomada de decisão é um posicionamento estratégico por parte da autoridade governamental. Ou seja, não decidir sobre algo tem que ser levado em conta quando a gente vai analisar tanto quanto uma decisão concreta”, complementou a professora. Segundo ela, apesar da política pública ser estabelecida no ambiente governamental, ela envolve múltiplos atores e é feita em diferentes espaços.
A terceira palestra do primeiro dia de curso foi a “Democracia, representatividade e regras eleitorais”, ministrada por Nahomi Helena de Santana, da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB/PR. A especialista explicou os conceitos de democracia e detalhou as resoluções do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que valerão para o pleito de outubro de 2024. As chapas para o Legislativo, que variam no Paraná de 9 a 38 cadeiras, devem apresentar 100% de candidatos mais um. Do total, deverá ter o mínimo de 30% de cada gênero – masculino ou feminino –, destacou a convidada.
No caso das Federações Partidárias, o percentual 30% mínimo de cada gênero deve ser respeitado em cada partido que compõe a federação e na federação. “Se a lista do partido não tiver número insuficiente, a federação será invalidada como um todo.” Já sobre as candidaturas fictícias femininas – “não utilizamos mais o termo candidaturas laranjas e sim fictícias”, orientou Nahomi de Santana – o uso acarretará a anulação de todo o DRAP (Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários) e a cassação do diploma de todos os candidatos e candidatas eleitas.
“Uma candidata que faz a sua campanha, que fez tudo que podia, que pode ter sido eleita, se o seu partido ou federação tiver uma candidatura fictícia, ela é cassada, ela perde o mandato. […] Se você quer o mandato, quer garantir sua possibilidade de representação política, garanta que seu partido está seguindo as regras de participação de gênero”, completou a advogada.
Além das autoridades e palestrantes citados, o evento também contou com a presença dos vereadores de Curitiba Amália Tortato (Novo), Bruno Pessuti (Pode), Dalton Borba (Solidariedade), Indiara Barbosa (Novo), Jornalista Márcio Barros (PSD), Osias Moraes (PRTB) e Sargento Tânia Guerreiro (Pode); além do presidente da Câmara Municipal de Rio Negro, Élcio José Colaço (PSD); da presidente da CM de Cerro Azul, Josieli de Souza (União); e do presidente da Comissão de Advocacia Pública da OAB-PR, Paulo Henrique Ribas.
Próximos encontros do curso da Escola serão em maio e junho
A capacitação “Eleições 2024 – panorama e perspectivas” também ocorrerá em outras duas datas. Com o tema “Condutas Vedadas”, a aula do dia 23 de maio será mediada pela diretora jurídica de administração da Projuris, Juliana Fischer. A intenção é debater as ações proibidas em virtude da capacidade de interferir na lisura e no equilíbrio das eleições, afetando a igualdade de oportunidades entre os candidatos. Nesta data, a CMC vai receber o professor da UniCuritiba, Luis Gustavo de Andrade, o advogado Fabrício Carneiro e o promotor de Justiça, Régis Sartori.
Diretor da Escola Paranaense de Direito (Epadi), Luis Gustavo de Andrade, vai tratar das “Atualidades sobre improbidades eleitorais e poder político”. Já a palestra de Fabrício Carneiro, que é consultor de Diretórios Estaduais e Municipais de Partidos Políticos, também vai abordar o mesmo tema. Por fim, Régis Sartori, da Coordenação das Promotorias Eleitorais e Núcleo de Atendimento ao Cidadão e às Comunidades, vai abordar as condutas vedadas aos agentes públicos nas eleições de 2024.
O terceiro encontro, de 27 de junho, vai tratar da“Democracia Digital” e será mediado pelo diretor da Projuris, Ricardo Tadao. O objetivo será debater o impacto dos meios digitais no processo eleitoral, com o uso de inteligência artificial, redes sociais e fake news. Os especialistas convidados são o professor da UFPR, Rafael Cardoso Sampaio, a procuradora jurídica da CMC, Juliana Fischer, e o advogado Pedro Guimarães.
Coordenador do grupo de Pesquisa Comunicação Política e Democracia Digital (COMPADD), Rafael Cardoso Sampaio vai apresentar o tema “A inteligência artificial e os meios digitais nas campanhas regionais”. Já Juliana Fischer, que é PhD em Filosofia Política, vai falar sobre constitucionalismo digital e os desafios do sistema eleitoral. E Pedro Guimarães, mestre em Direito e especialista em Disrupção Digital, vai tratar da “Cidadania Digital sob as lentes do Direito”.
As inscrições para o segundo dia do curso já estão abertas. Ao todo, são ofertadas 120 vagas. Para mais informações, entre em contato com a Escola do Legislativo. Clique na imagem abaixo para conferir o álbum completo do primeiro dia de evento, no Flickr da Câmara de Curitiba.