Saúde

Cuidar dos olhos é preocupação para a vida das pessoas

O diagnóstico precoce dos problemas de visão melhora a qualidade de vida das crianças, os exames e consultas médicas previnem doenças e corrigem problemas de visão nas fases adultas da vida, a importância da saúde ocular pode ser medida por ações contínuas e rotineiras orientadas pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

“Um dos sentidos mais importantes de nossas vidas é a visão. É muito triste quando o paciente chega e perdeu a visão ou está perdendo a visão. Algumas doenças oculares ainda não têm cura. Mas quando há um resultado bom para o paciente, seja na adaptação de uma lente de contato, num ótimo resultado de cirurgia, no sucesso de um transplante de córnea ou na reabilitação visual com óculos, eu não sei quem fica mais feliz com esse bom resultado, se sou eu ou o paciente. Eu acho que ainda sou eu, depois o paciente”.

Dra. Ana Paula Canto

A médica oftalmologista Ana Paula Canto herdou do pai, Marco Canto, fundador da Clínica Canto, o respeito ao paciente. “Escutar o paciente, examinar minuciosamente o paciente, fazer o melhor que existe em tecnologia para ele, sempre tive a preocupação em selecionar o melhor para a profissão”.

Cresceu enquanto o pai amadurecia a especialização de oftalmologista, período muito importante para entender como é a vida do médico, a atenção aos pacientes, a necessidade de aumentar conhecimentos, conviver com a família e ter uma vida social saudável, fraterna e companheira. Ingressou na Faculdade Evangélica de Medicina em 2001. A preferência pela oftalmologia levou a acadêmica a acompanhar o pai em congressos, ouvir depoimentos e assistir apresentações técnicas. Porém, não deixou de fazer diversos estágios para conhecer outras áreas da medicina, fazendo estágios em pronto socorro de traumas, ortopedia, no Hospital Nossa Senhora das Graças em clínica médica, cirúrgica, UTI onde teve a oportunidade de conhecer o sofrimento das pessoas, estresses emocionais e o consequente amadurecimento da relação profissional com o paciente.

Os estágios na oftalmologia durante o curso de medicina foram muitos. Prestou prova e foi aprovada para residência em Oftalmologia em três hospitais de Curitiba, tendo escolhido  o Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, atual Hospital Mackenzie. No último ano da residência em Oftalmologia surgiu a oportunidade de escolher um hospital nos Estados Unidos para um Research Fellow e a preferência foi o Bascom Palmer Eye Institute, da Universidade de Miami, considerado o hospital número um dos Estados Unidos na oftalmologia.

“Aprendi com meu coração o caminho da especialidade que me realiza como profissional e pessoa. Iniciei o Research Fellow no Bascom Palmer Eye Institute da Universidade de Miami, em 2010 e fui convidada para um Clinical Fellow focado em cirurgia refrativa, transplante de córnea e cirurgia de catarata. Estive durante 3 anos no Bascom Palmer, 2 anos como research fellow e 1 ano como clinical fellow, uma oportunidade única: com a licença médica americana pude de fato viver o mesmo treinamento de colegas americanos formados em diferentes universidades renomadas como Yale e Harvard. Durante esse 1 ano de prática ativa em oftalmologia no Bascom Palmer Eye Institute, atendi meus pacientes, realizando cirurgias e consultas e fazendo preceptoria para os residentes, um elo de ligação entre o ensino e a prática profissional. Tive ainda o privilégio de ser a primeira brasileira a realizar em nível mundial a cirurgia da catarata com laser de femtosegundo, ainda durante meu Clinical Fellow, no ano de 2012”.

Um ano depois, retornou ao Brasil e iniciou atendimentos na Clínica Canto, junto com a preceptoria da residência de oftalmologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba.

Entre as suas especialidades, está o ceratocone, doença cujas causas ainda são pouco conhecidas e uma delas é bastante comum, fácil de ser evitada: coçar os olhos.

“A primavera é uma época que me preocupa, as alergias surgem neste período, as crianças têm sinusite, bronquites, dermatite atópica e rinite. A gente sabe que o hábito de coçar os olhos e a predisposição genética contribuem para o aparecimento da doença chamada Ceratocone. Quem já tem esta doença o ato de coçar ajuda na progressão do problema, que é uma alteração da córnea que vai ficando mais bicuda e mais afinada. Surge normalmente na adolescência, ao redor dos 15/16 anos de idade, com tendência a progredir até os 30/35 anos. Não há cura, mas existe procedimento que pode ser feito no início da doença ou quando há progressão, chamado de crosslinking, que estabiliza o ceratocone. Para a melhora da visão no ceratocone podemos indicar óculos, lentes de contatos especiais, implante de anel intraestromal ou em casos mais avançados pode ser necessária a indicação de transplante de córnea.”

Tão importante é o ceratocone que em junho temos a Campanha Junho Violeta, campanha criada para conscientizar a população sobre o ceratocone, doença que causa  alteração na córnea levando a distorção e baixa da visão.

Dias atrás a Dra. Ana Paula Canto atendeu um paciente de 13 anos, com grau avançado da doença. “Não é o mais comum apresentar nessa idade um ceratocone tão avançado, mas infelizmente nesse caso tão avançado e já com cicatrizes  o tratamento terá que ser um transplante de córnea. Se a família tem Ceratocone, as crianças têm que ser avaliadas com frequência e nunca coçar os olhos. Tratar alergias com colírios prescritos por oftalmologista e em associação realizar tratamento com alergologista (médico especialista em doenças alérgicas), para que não coce, é muito importante”.

A oftalmologista observa que realizar um transplante é “um casamento com o oftalmologista para o resto da vida. Trocar a córnea, não é uma cura do ceratocone, não é como apenas trocar uma tela danificada do celular. O transplante de córnea é uma cirurgia delicada, podendo ter rejeição, falência, astigmatismo, glaucoma, catarata, descolamento de retina. O acompanhamento se faz necessário para o resto da vida”.

Existem menos doadores do que os médicos especializados consideram ideal.  A lista de espera no Paraná está atualmente com a média de um ano. Uma informação que poucos sabem é que para ser doador de córneas basta comunicar a sua família sobre esse desejo, todas as pessoas com idade maior ou igual a 3 anos e menor ou igual a 70 anos podem ser doadoras, mediante uma avaliação após a constatação do óbito, exceto os portadores de doenças infecciosas ativas ou de câncer.

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no Brasil e no mundo. Acomete pessoas mais velhas, calcula-se que 20 por cento das pessoas com mais de 75 anos, é definida como uma doença silenciosa e o paciente se não diagnosticado antes acaba percebendo a doença apenas quando ela já está muito avançada e a perda da visão já é severa e irreversível. “É importante um exame de rotina anual acima dos 40 anos, mesmo que a pessoa se sinta bem. A lesão é progressiva e pode ser tratada com tratamento específico”.

“Exerço a profissão com amor, algo natural para quem desejou ser médica oftalmologista desde criança. Adoro ensinar. Ao longo dos anos participei de diversos congressos como palestrante, apresentando trabalhos científicos, ganhando diversos prêmios, publicando artigos em diversas revistas conceituadas internacionalmente, escrevendo capítulos de livros, realizando aperfeiçoamento em Óptica Cirúrgica na Unifesp, gestão em saúde na FAE”.

A médica Ana Paula recomenda aos pais os exames de rotina para as crianças. “É muito importante a avaliação entre 6 meses e 12 meses de vida, três anos, sete anos de idade. A visão se desenvolve até os 7 anos de idade, por isso a importância dos exames oftalmológicos em crianças, mesmo que elas não tenham queixas. É muito triste dizer para uma mãe que a criança não enxerga de um olho e poderia enxergar e que por falta de uma consulta, de uma orientação, terá diminuição da visão de forma irreversível. Outra recomendação geral é não coçar os olhos. Extremamente importante em qualquer fase da vida, infância, adolescência ou adulta.  Além disso, exames de rotina, pelo menos uma vez ao ano, porque doenças silenciosas como o glaucoma podem ser diagnosticadas no início, evitando perdas irreversíveis da visão. Lembrando que o único profissional capacitado para realizar o exame oftalmológico adequado é médico oftalmologista”.

 

Redação JBA Notícias

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