“O prefeito Rafael Greca, além da mobilização de doações ao Rio Grande do Sul, ofereceu ao governador [Eduardo Leite] e aos prefeitos de Porto Alegre [Sebastião Melo] e de Canoas [Jairo Jorge] os recursos que temos na nossa central da Saúde Já”, confirmou a secretária municipal de Saúde, Beatriz Battistella Nadas, nesta terça-feira (28), durante audiência pública de prestação de contas na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O assunto tinha sido trazido à CMC pelo líder do governo, Tico Kuzma (PSD), na semana passada.
“Fizemos um primeiro contato e eu tenho um compromisso com a secretária adjunta [Ana Costa] da Secretaria de Estado da Saúde [do Rio Grande do Sul] para eles conhecerem melhor a ferramenta e verem como podem fazer uso dela. Certamente, o Saúde Já poderá fazer a diferença na condição que estão sofrendo hoje, com o grande impacto da catástrofe nos serviços da Saúde”, avaliou Beatriz Battistella. Hoje, a central telefônica do Saúde Já oferece uma opção de telemedicina para a população de Curitiba, com acesso a consultas online com prescrição de medicamentos para os casos menos graves.
Durante a audiência, na qual a equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apresentou os indicadores da pasta para o primeiro quadrimestre deste ano, Beatriz Battistella respondeu a perguntas de 12 parlamentares. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal da CMC no YouTube, cumprindo a exigência do artigo 36 da lei complementar federal 141/2012, que exige transparência do Executivo sobre a gestão dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
A audiência foi coordenada pela Comissão de Saúde e Bem-Estar Social, presidida por João da 5 Irmãos (MDB), e que tem Noemia Rocha (MDB), vice, Alexandre Leprevost (União), Oscalino do Povo (PP) e Pastor Marciano Alves (Republicanos) na composição. Além destes, fizeram perguntas à SMS os vereadores Salles do Fazendinha (Rede), Indiara Barbosa (Novo), Tico Kuzma (PSD), Bruno Pessuti (Pode), Marcos Vieira (PDT), Serginho do Posto (PSD), Tânia Guerreiro (Pode), Rodrigo Reis (PL), Professor Euler (MDB) e Mauro Ignácio (PSD).
Tatuquara, Cajuru e Bairro Novo têm mais casos de dengue
Respondendo aos vereadores, Beatriz Battistella indicou que a dengue tem afetado mais Tatuquara, Cajuru e Bairro Novo. Pela grande incidência de casos, esses bairros têm recebido mais atenção da SMS, mas o monitoramento é feito em toda a cidade, por meio de 800 armadilhas para o mosquito Aedes aegypti. A secretária da Saúde disse que o uso de drones para pulverização de inseticida foi cogitada, mas a tecnologia não tem a chancela pelo Ministério da Saúde.
“O inseticida atua no inseto alado, não no ovo, então seriam necessárias várias e várias pulverizações. Já estudamos [o uso do drone] e não nos sentimos seguros de adotar essa estratégia, embora usemos a pulverização em casos específicos”, continuou. Para Battistella, o importante é a população cooperar, evitando água parada. “Enquanto tiver criadouro, vai ter Aedes e os ovos duram um ano”, alertou. Em paralelo, com a descoberta que o borrachudo transmite a febre oropouche, as secretarias Saúde e Meio Ambiente têm trabalhado juntas na aplicação de larvicida de mosquitos nos rios e córregos da cidade.
Demandada sobre mais ações da Prefeitura de Curitiba em terrenos baldios, a secretária da Saúde disse que é feita a entrada forçada em imóveis fechados que estejam em regiões críticas. “Mas quem é proprietário pode ir no seu terreno e ver o que está acontecendo, não precisa esperar receber notificação [da Prefeitura de Curitiba]”, opinou. “Somos 35 mil servidores públicos municipais, não temos como cuidar de tudo para todos, então o cidadão tem que fazer sua parte. Se não tivéssemos os radares, com esses números altos de acidentes de hoje, imagina como seria”, completou.
Beatriz Battistella anunciou o lançamento do Centro Curitibano de Atenção Especializada, no Carmo, que permitirá a ampliação do atendimento do Hospital do Idoso, que se somará à Santa Casa, Evangélico Mackenzie e Bairro Novo, totalizando 150 novos leitos à disposição do SUS curitibano. Com a reabertura do Hospital Vitória, 10 novas vagas de UTI serão incluídas no Sistema Único de Saúde. Respondendo aos parlamentares, a SMS confirmou obras nas unidades de saúde São Domingos, Moradias Belém, Vila Machado e Vila Atuba, e a previsão de reformas em mais 22 unidades de saúde, com repasses estaduais.
Surto de hepatite A: “As pessoas têm que se proteger”
O diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides de Oliveira, explicou que os casos de hepatite A estão concentrados na Regional Matriz. Ele explicou aos vereadores que a doença é perigosa, porque no início “ela parece qualquer infecção viral, podendo lembrar a dengue, mas daí tem icterícia [pele amarelada]”. Oliveira disse que a hipótese inicial era a sazonalidade, pois o surto começou em fevereiro, então as pessoas poderiam ter bebido água infectada em viagens. “Ao longo da investigação [a hipótese] foi desenhada de outra forma”, apontou.
Alcides de Oliveira disse que, dos 260 casos, 170 são de homens entre 20 e 30 anos de idade, o que indicaria “comportamento social, fruto de sexo desprotegido”. “Pessoas adoecidas excretam o vírus nas fezes por até cinco meses”, indicou, acrescentando que o surto deve “durar alguns meses e diminuir”. Durante a audiência, Beatriz Battistella adiantou que campanhas de conscientização sobre os malefícios do cigarro eletrônico serão feitas a partir do dia 31 de maio, que é a data de combate ao tabagismo. “Alimentação saudável, atividade física e eliminação de hábitos nocivos são para sempre”, defendeu a secretária.
