Curitiba sediará debate sobre a eficiência e a segurança da teleoftalmologia no Brasil

Curitiba será o palco de um grande debate sobre os desafios para o exercício técnico e ético da telemedicina na oftalmologia no País. Milhares de médicos especialistas em problemas de saúde que afetam a visão avaliarão, em conjunto, as possibilidades e os limites relacionados a essa abordagem durante o 66º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que acontece de 7 a 10 de setembro, na capital paranaense. Apesar dessa forma de consulta ser cada vez mais frequente, ainda existem muitas dúvidas sobre sua aplicação, segurança e efetividade.

O presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Cristiano Caixeta Umbelino, pontua que é preciso desmistificar o uso desta ferramenta, o que pode trazer muitos benefícios aos pacientes. “A oftalmologia brasileira sempre esteve na vanguarda de tudo que acontece, acompanhando de perto as inovações. Abraçamos e estudamos a telemedicina de maneira muito responsável para fazer desta modalidade um meio para dinamizar a assistência de qualidade aos pacientes”, ressalta.

No 66º Congresso, serão abordados tópicos sobre a cadeia de cuidados relacionada à telemedicina, bem como seus marcos regulatórios. Também serão discutidas questões ligadas à inovação em oftalmologia, com vistas à criação de cenários propícios a avanços em diagnósticos e tratamentos de problemas oculares.

 

Cuidado – Por conta do isolamento social e das medidas restritivas impostas pela pandemia, os médicos recorreram à tecnologia para que o cuidado com o paciente não fosse ainda mais afetado. O que era para ser uma medida emergencial, no entanto, ganhou força e mostrou que a telemedicina veio para ficar. Assim, essa modalidade de atendimento se tornou uma ferramenta para facilitar o diagnóstico e o tratamento de milhares de pacientes.

Neste contexto, a praticidade da teleoftalmologia pode proporcionar saúde ocular aos pacientes ao otimizar o acompanhamento médico e diminuir a frequência de consultas presenciais, o que pode ser uma grande dificuldade para pacientes idosos, por exemplo. É o que aponta o presidente da Comissão Executiva do 66º Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO 2022), Carlos Augusto Moreira Júnior.

Retinopatia – O especialista destaca que um dos grandes exemplos da aplicabilidade da teleoftalmologia é no acompanhamento da retinopatia diabética, pois esse tipo de paciente é obrigado a fazer o controle periódico. “Se ele puder fazer isso da sua casa ou numa clínica próxima e esse resultado ser enviado para uma avaliação mais especializada, poupa tempo do paciente e proporciona um controle maior, que poderá ser feito mais vezes e tornará o acompanhamento médico mais frequente”, explica.

Nesta modalidade, é possível realizar exames como aferição da acuidade visual, refração, medida da pressão intraocular, documentação fotográfica do segmento anterior e do fundo do olho, avaliação das pálpebras, da motilidade ocular extrínseca e dos reflexos pupilares. Os pacientes são examinados à distância em um centro equipado e os resultados são enviados para avaliação de um oftalmologista para laudo e orientação.

Centros de diagnóstico – No Paraná, a telemedicina já é implementada em hospitais e clínicas privadas. Um dos exemplos é o trabalho desempenhado pelo Hospital de Olhos do Paraná, que possui centros de diagnóstico equipados para realização de exames conduzidos por auxiliares e técnicos em cidades do interior. Posteriormente, os resultados são encaminhados para a sede para a avaliação especializada do oftalmologista. Segundo Moreira, essa dinâmica também tem espaço no Sistema Único de Saúde (SUS) e pode trazer grandes contribuições para a assistência oftalmológica no Brasil.

“Será um grande avanço para os pacientes que enfrentam uma longa fila de espera e dificuldades de locomoção. É importante que o SUS entenda que algumas doenças crônicas, como retinopatia diabética e glaucoma, necessitam de exames que devem ser feitos e agendados periodicamente e podem ser realizados em centros diagnósticos comuns como os postos de saúde de bairro”, pontua.