“Pra gente pegar o ônibus tinha que colocar uma sacola no pé, senão a gente ia pro serviço tudo cheio de barro. Quando chovia, virava uma lama. Já teve muito problema de alagamento. Não tinha colégio, não tinha posto de saúde, não tinha nada. Se eu tivesse condições, naquele tempo, de viver em outro lugar, eu viveria. Agora mudou, é uma cidade. Hoje, se depender de mim, não saio daqui, não. Só quando morrer mesmo”, sorri Nadir Teixeira da Silva. Uma das primeiras moradoras da antiga Vila Amélia, hoje Jardim Amélia, de onde viu e viveu a transformação não só do bairro, mas de Pinhais — o município que faz neste dia 20 de março de 2023, 31 anos de emancipação.
Aos 63 anos, Dona Nadir lembra das dificuldades que passou nos primeiros anos de residência por aqui, entre o final de 1978 e durante a década de 1980. “Dava pra contar as casinhas que tinham aqui. Foi sofrido. Pra chegar até o ônibus, que parava lá embaixo onde é o Carrefour, era pelos ‘triozinho’ [trajetos de terra]. Não tinha esgoto, não tinha nada, a única coisa que tinha era a escola municipal [Chafic Smaka]. Em 86, quando nasceu a minha filha, eu descia com ela no colo e minha mãe com meu sobrinho no colo para ir lá na Maria Antonieta consultar as crianças no médico”.
Com a emancipação, em 1992, Pinhais começou a mudar. Ao longo dos anos, e cada vez mais, a estrutura avança e se mantém. Onde não havia posto de saúde, Unidades de Saúde da Família foram construídas, como a da Vila Amélia, referência para Dona Nadir e que ajuda o município a ter a 2ª melhor Saúde Básica do Paraná. “Eu sou usuária do SUS, depois que fizeram o posto, não tenho do que reclamar. Eu tomo remédio pra diabetes e pressão alta, pego tudo no posto, consulto aqui, e agora mesmo fui encaminhada pro especialista de coluna e, nossa, não tenho do que reclamar”, reforça.
Onde faltava educação, hoje são mais de 40 unidades educacionais, entre escolas e cmeis, presentes em todas as áreas da cidade, incluindo o Cmei Preparando o Futuro e a Escola Municipal Chafic Smaka — por onde sobrinhos e netos de Nadir frequentam ou frequentaram até chegar ao ensino superior.
Vinda do interior do Paraná, a família de lavradores, segundo ela, não podia estudar, tinha que trabalhar. Hoje, a geração atual acessa o ensino superior, todos vindo de escola pública. Uma amostra do que representa a educação municipal de Pinhais, que mantém a liderança no Ideb na região metropolitana. Quando chegou, Nadir tinha estudado até a 4ª série e aqui concluiu o ensino médio pela Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Onde não havia esgoto, hoje o saneamento básico chega a quase 100% do território municipal. Assim como o asfalto, que antes era raro e, atualmente, quase cobre por completo todas as vias da cidade, com revisão sistemática da drenagem e calçadas em concreto ecológico — garantindo uma maior absorção de água das chuvas. Este cuidado permanente, reforçado com a limpeza dos rios e áreas verdes, fizeram com que Pinhais conquistasse o 2º lugar do Brasil em Sustentabilidade no Prêmio Band Cidades Excelentes.
Onde não havia trabalho, hoje são mais de 16 mil empresas instaladas em Pinhais. A cidade está em primeiro lugar no ranking de municípios mais ágeis na primeira etapa para abertura de empresas no país. A procura pela cidade para investir e trabalhar faz com que ela seja a 2ª maior geradora de empregos da região metropolitana atualmente, mesmo tendo a menor extensão territorial do estado.
As condições materiais fazem com que as prioridades sejam outras. E o que antes era precário, agora está valorizado. “Todo mundo quer morar aqui. Mudou muito”, compara Nadir. Não à toa, Pinhais foi considerada uma das melhores cidades do Brasil pela revista Isto É.
Onde parecia inseguro, hoje existe o monitoramento em cada entrada e saída da cidade. “Hoje eu indicaria Pinhais pra todo mundo, é o melhor lugar pra se viver. É mais tranquilidade, o pessoal é mais amigo. Tem segurança, tanto que a gente mora aqui todo esse tempo e eu não posso dizer pra vocês que foi tudo na paz, porque não foi, mas em todo esse tempo, a gente conhece quase todo mundo aí da vila, graças a Deus nunca aconteceu nada de ruim. As pessoas vêm passear aqui, na casa da gente — somos em quatro casas aqui no terreno — e gostam de ficar. É um lugar abençoado”, define Nadir.
Agora dona de casa, Nadir trabalhou em lavanderias de hospitais até se aposentar, há quatro anos. Foi quando começou a cuidar intensivamente da mãe idosa, Ana Cascimiro, que faleceu em 2021, aos 93 anos. Dona Ana teve uma vida longa, ao lado dos familiares, e assistida pelos programas e serviços sociais a que teve direito e pôde usufruir. “Hoje, a gente tem o sentimento que o poder público sabe quem a gente é. A gente sente isso porque tem um cuidado, sabe. A começar pelo caminhão do lixo, que passa e cumprimenta a gente. Antigamente não tinha nada disso. Sempre precisa melhorar, né, mas pelo o que já foi feito, creio que vai melhorar ainda mais. Está no caminho certo”.
Aniversário
Até 1992, Pinhais pertencia à Piraquara e se transformou em um dos mais novos e promissores municípios do Paraná. Aos 31 anos, a cidade é reconhecida como uma das melhores cidades para se investir, tem a 12ª economia do Estado e a 188ª em nível nacional. Segundo o IBGE (2021), possui 134.788 habitantes.
A comemoração do aniversário de Pinhais — 20 de março — é uma tradição no município, que sempre realiza eventos e ações especiais durante o mês de março. Neste ano, mais de 20 atividades foram promovidas desde o dia 3, e seguem até o dia 2 de abril. A programação completa está disponível no site da Prefeitura.
Assim é Pinhais, cidade feita de pessoas que constroem essa história todos os dias. A gente faz, a gente cuida.
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