Em Prudentópolis, Fórum Origens Paraná estimula novos negócios e conhecimento
Evento foi realizado na última quinta e sexta-feira e reuniu produtores de diferentes regiões do Estado; Indicação Geográfica foi um dos temas
O segundo dia do Fórum Origens Paraná, realizado na última sexta-feira (29), em Prudentópolis, região central do Estado, foi marcado pela reunião técnica sobre sustentabilidade e mercado, voltada a produtores de diversas cidades do Estado. A empresária Rafaela Takasaki Corrêa falou sobre o caso de sucesso da Indicação Geográfica (IG) da Bala de Banana, de Antonina, no litoral do Paraná, que teve o registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 2020.
Conhecida como a “capital nacional da bala de banana”, Antonina concentra duas empresas familiares produtoras, a Antonina e a Bananina. Apesar de serem marcas distintas, a empresária, que é diretora-executiva da Antonina Bala de Banana, explica que, em algumas situações, as marcas trabalham ações conjuntas quando a intenção é divulgar a IG, a história e a cultura local.
“Cada uma se posiciona como marca individualmente, mas se unem quando o assunto é reforçar a história e a tradição e para defender o território. Isso é importante para gerar novas ações. Muitos empresários acreditam que não podem unir ações com concorrentes, o que é equivocado”, frisa.
Segundo Rafaela, muito mais que adquirir um produto, o consumidor leva consigo a história e a cultura de uma região. Diante disso, houve a necessidade que criar produtos que reforçassem a marca, como ecobags, canecas, caixas de presentes, camisetas, entre outros. Outra mudança está relacionada à embalagem do produto, que será lançada nos próximos dias, atendendo à nova legislação com informações nutricionais, além do Selo Nacional (iniciativa do Governo Federal) e o registro de IG.
“Queríamos ter em nossas embalagens o Selo Nacional para melhor posicionamento no âmbito nacional e no mundo, além do registro da IG. Além disso, nossa embalagem terá um QR code, com informações da cidade. Nossos produtos trazem muito da cultura e histórica local”, acrescenta.
Outra forma de se posicionar é estar presente em eventos da cidade e fechar parcerias com outras empresas, a exemplo de grupo que é referência do setor de alimentação do País, com cerca de 270 restaurantes, que oferece a seus clientes, juntamente com um dos seus produtos, a bala de banana de Antonina.
Quando o assunto é sustentabilidade, a atenção é redobrada. A empresa tem o Selo Alimentos do Paraná, que atesta a qualidade do produto, e o Agir Sustentável.
“Nossas balas são embaladas em papel, utilizamos energia solar na fábrica e temos cuidados com relação aos resíduos, a não utilização de produtos químicos, entre outros”, pontua.
O Fórum trouxe ainda a palestra sobre a relação entre Patrimônio Cultural e Sustentabilidade, com a curadora e gestora cultural Rafaela Tasca.
“A mensagem que buscamos transmitir é que os produtores também são agentes culturais. As Indicações Geográficas estão na pauta da economia da cultura e da Agenda 2030, comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A cultura alimentar é um legado ativo”, analisa Rafaela, que coordena o Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões.
O painel abriu oportunidades a outros produtos do Estado, que estão em processo de obter o registro de IG, a exemplo do Urucum do Paranacity, da região noroeste do Paraná, que abrange dois municípios produtores: Cruzeiro do Sul e Paranacity.
Conforme o agrônomo da Prefeitura de Paranacity, André Luiz Moron, a agregação de valor ao produto é apenas um dos benefícios, mas outros podem ser citados, como a padronização da produção e a organização do setor. Além disso, diante do movimento para a obtenção da IG, Paranacity foi declarada, através de lei municipal, como “capital do Urucum”, e a reativação da Associação dos Produtores de Urucum de Paranacity e Região (Aprucity) facilitou, segundo ele, o acesso a recursos. A sensibilização dos produtores para ter a IG começou no fim de 2021 e, apesar do pouco tempo, Moron afirma que os resultados são efetivos.
“Antes disso, os produtores não tinham acesso à crédito. Hoje, temos bancos e cooperativas de crédito para financiar plantio, custeio e investimentos. O produtor sente a diferença que a IG pode proporcionar. Para se ter uma ideia, uma saca do Urucum, atualmente, tem o mesmo valor de uma saca de café”, comemora.
De acordo com a consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Guimarães, o Fórum permitiu aos participantes mais conhecimento, trocas de experiências e informações.
“Momentos como esse são importantes para a disseminação de informações, para mostrar realidades distintas e permitir novas experiências que podem ser replicadas em outras localidades”, comenta.
Visitas técnicas
No período da tarde, foram realizadas visitas técnicas na propriedade de um produtor de mel e no entreposto Capital do Mel. Recentemente, o Mel de Prudentópolis teve seu pedido de reconhecimento para a IG, protocolado no INPI, no dia 8 de agosto. As características multiflorais com químicas diferenciadas, ocasionadas pelo clima na região e, também, a variedade das floradas existentes localmente, motivaram a busca pelo registro. O município é berço das abelhas das espécies mandaçaia, além da jataí, tubuna e manduri.
Primeiro dia
Já na quinta-feira (28), a programação incluiu um almoço no Restaurante Cheiro da Terra, com pratos tipicamente ucranianos, como a sopa de beterraba borscht, a sobremesa kutiá, o vareneky, entre outros, servidos pela empresária Márcia Schirlo.
Em seguida, os produtores conheceram a estrutura do Salto São João e participaram de visitas técnicas em empresas de cracóvia, produto típico da cidade, que é um embutido de carne de porco nobre defumada, que teve a receita criada por um morador local, Dionizio Opuchkevitch, na década de 1960. O pedido de reconhecimento para Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), foi depositado na última terça-feira (26), no INPI.
À noite, o jantar de negócios promoveu networking e novos negócios, com a apresentação de produtos que têm IG, entre eles, o morango do Norte Pioneiro, a erva-mate de São Matheus e outras em processo de obtenção como a cachaça de Morretes, o café de Mandaguari, a cracóvia de Prudentópolis e o mel de Prudentópolis.
O prefeito de Prudentópolis, Osnei Stadler, enalteceu o trabalho realizado em torno das IG e da visibilidade e notoriedade que o registro traz para os municípios. Caso o registro seja concedido pelo INPI, Prudentópolis será a única cidade brasileira com duas IG.
“A preocupação é sempre com a qualidade dos nossos produtos, a cracóvia e o mel, que tornam Prudentópolis conhecida em todo o País”, reconhece.
Produtos com IG no Paraná
Atualmente, o Paraná conta com 12 produtos com Indicação Geográfica: Bala de Banana de Antonina; Melado de Capanema; Goiaba de Carlópolis; Queijo de Witmarsum; Uvas de Marialva; Café do Norte Pioneiro; Mel do Oeste; Mel de Ortigueira; Erva-Mate do Sul do Paraná; Morango do Norte Pioneiro; Vinhos de Bituruna; e Barreado do Litoral do Paraná.