Expoflora 2022: Busca às origens é inspiração para a Mostra de Paisagismo e Decoração
Paisagistas, arquitetos, decoradores e engenheiros agrônomos, entre outros profissionais, se inspiraram nas origens da natureza e do homem ao colocar todo o seu talento e imaginação na criação dos 18 ambientes que compõem a Mostra de Paisagismo e Decoração, uma das muitas atrações da Expoflora 2022. São espaços que reverenciam o amor – a origem de tudo – e a relação do homem com a natureza, em meio a milhares de flores e plantas, das mais variadas espécies, tamanhos, cores e perfumes, muitas delas lançamentos desta edição do evento.
A Expoflora chega em sua 39ª edição. Trata-se da maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, que acontece no período de 2 a 25 de setembro, de sexta-feira a domingo, e nos dias 7 e 8 de setembro (quarta e quinta-feira, aproveitando o feriado da Independência do Brasil), sempre das 9h às 19h, em Holambra, no interior de São Paulo. Na busca pelas origens, os profissionais resgataram histórias e memórias individuais ou familiares, conectando-as à natureza e à vida, criando ambientes de bem-estar a partir da utilização de plantas e flores que purificam o ar, contribuem para curas, atraem pássaros, acalmam a alma e alegram os olhos.
Os espaços também celebram o amor em sua essência e apresentam soluções criativas para ambientes internos e externos, independentemente do tamanho, aplicáveis em casas com ou sem jardim ou apartamentos. Os ambientes incorporam materiais utilizados no dia a dia, transformados em móveis, utensílios e objetos de decoração em nome da sustentabilidade, outra preocupação constante dos idealizadores. O uso consciente da água e de materiais não poluentes, o aproveitamento sem desperdício dos recursos naturais e a utilização de recicláveis também se destacam na exposição. Não faltam locais “instagramáveis” para os visitantes eternizarem a visita em fotos.
SOBRE OS AMBIENTES
Ambiente 1 – Jardim do Éden – Jussara Schultz Bauermann (arquiteta e urbanista, coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Unasp, campus Engenheiro Coelho), Margot Karklin Wolter (paisagista), Glaucia Miriã Mischiatti Souza (arquiteta e urbanista), prof. Mayara Christy Tavares de Lima Faria (arquiteta e urbanista) e Pollyana Ribeiro Prado Mamedes (designer gráfica).
Criado e executado por professoras e estudantes do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho, o ambiente convida o visitante a experimentar a história do jardim original sob o conceito do entrelaçamento da origem humana com a de um jardim. Cada elemento é criado, lembrado e adicionado, proporcionando as condições perfeitas para que o jardim se sustente. Luz, água, pressão, temperatura, ambiente, tudo é oferecido para que o jardim se torne completo, belo e perfeito, objeto de atenção e responsabilidade e não apenas o habitat humano. Tudo foi pensado de forma a proporcionar a aproximação do público com o jardim original. Para isso, propõe-se ao visitante uma experiência sensitiva por meio do contato com diferentes tipos de vegetação, como árvores, arbustos, gramíneas, herbáceas e forrações. Ao caminhar pelo ambiente, o visitante encontrará alguns dos principais elementos descritos na Bíblia sobre o Jardim do Éden: árvores majestosas, flores, plantas variadas, elementos que representam o Sol, a Lua e as estrelas, água e pedras preciosas, destacando-se a árvore da vida, no centro do ambiente. Quase duas centenas de flores e plantas foram utilizadas no espaço, com ênfase para espécies exóticas e raras, em especial a centenária oliveira. Minipitanga, sete copas africanas, esponja de ouro (Dracena), manacás da serra, palmeira pescoço marrom, clúsia gigante, palmeirinha-azul, jabuticabeira, buquê-de-noiva e barba de Moisés entre outras. Foram escolhidas plantas e flores de diferentes portes, texturas e cores que remetem à riqueza do Jardim do Éden, com predominância dos tons verdes e avermelhados. Também se destacam no ambiente enormes painéis artísticos, cujas pinturas apresentam a história da criação, segundo a narrativa bíblica. O ambiente conta, ainda, com mobiliários de madeira de demolição, cedidos pelo Unasp, oferecendo um espaço de estar aos visitantes.
Ambiente 2 – Jardim Oriental – Cléia Thomazini (arquiteta, urbanista, paisagista e decoradora) e Orpheu Thomazini (arquiteto e urbanista), ambos de Mogi Mirim; Anderson Marchi, (laguista e paisagista), de Cosmópolis, e Valentino Soares (produtor), de Holambra.
Inspirado na cultura oriental, na qual a natureza é muito valorizada, e buscando homenagear um povo que também teve grande relevância no crescimento da cultura de plantas e flores no Brasil, esse ambiente é dividido em três espaços: o jardim dos bonsais; o espelho d’água com cascata e carpas coloridas, e a área do Buda. O destaque fica para os bonsais, dentre eles um de 100 anos, o fícus rubro e a choupala. Cerca de 150 mudas de plantas foram utilizadas nesse ambiente, com ênfase nas tonalidades verde, vermelho e rubro. A cultura oriental é valorizada pelo portal japonês, pintura nas paredes, decoração com materiais antigos originais, bonsais e espelho d’água. Lanterna japonesa e arandelas também dão um toque especial ao ambiente. Móveis de antiquário e de tecido fazem uma interessante combinação com a decoração na qual se destacam cestas de taboa, vasos japoneses e bolas iluminadas como luminárias. Chama a atenção também a cerca viva formada por árvores mastros (choupalas) do Jardim dos Bonsais. O ambiente privilegia plantas e flores tradicionalmente utilizadas na arte oriental, como a taboa e o xaxim de folha de palmeira.
Ambiente 3 – Vida no Jardim – Paula Brito (paisagista) e Marcos Caberlini (empresário de mobiliário), ambos de Campinas.
Um ambiente de convívio familiar, integrando áreas interna e externa, a fim de estimular o contato com a natureza no quintal de casa é a proposta desse trabalho, que também apresenta uma solução de paisagismo para terrenos com pouca incidência de sol. Um amplo pergolado abriga ambientes de estar e mesa para refeições, cercados por plantas. A área externa é composta por um espaço de convívio no jardim tropical, área de churrasqueira com fogão a lenha, um grande deque com mesa redonda para aproximar ainda mais as pessoas nas refeições, um balanço com dois lugares instalado sob a sombra de duas árvores da espécie Gonçalo Alves e a área de lareira de chão que permite o desfrute também à noite e em dias frios. Para os dias de calor, uma duchinha de bambu junto a uma parede verde, repleta de samambaias, garante um banho refrescante. À frente do pergolado, três vasos-fontes cercados por belíssimos filodendros com suas folhas verdes e exuberantes dão um toque especial à área de contemplação. O jardim foi planejado com arquitetura de fácil execução, utilizando materiais de baixo custo, como madeira de eucalipto, no pergolado que tem a cobertura feita com corda de sisal.
A sustentabilidade também está no deque, construído com madeira reutilizada de garapeira, no balanço, de madeira de reuso, e nos banquinhos, de madeira de demolição. Optou-se por móveis de madeira com inox como forma de trazer equilíbrio e harmonia entre o rústico e o moderno no mesmo ambiente. A escolha dos vasos mistura estilos diferentes, com peças pintadas com tinta tradicional ou orgânica, à base de terra. Outro diferencial é a opção por espécies utilizadas no ambiente, sendo a maioria plantas tropicais e folhagens grandes e largas. Este tipo de planta retém mais água nas suas raízes, ajudando o solo a permanecer úmido por mais tempo, e suas folhas transpiram frequentemente, favorecendo a melhora na umidade do ar ao redor, principalmente em dias secos. Foram utilizadas mais de 200 unidades de 20 espécies diferentes de flores e plantas ornamentais, entre elas alpínias vermelhas e cor-de-rosa (mais raras), maranta charuto, dionela, guaimbe ondulado e ráfia variegata. A maioria também é usada nos ambientes internos e compõe o rol das plantas apreciadas pelos praticantes da urban jungle (floresta urbana, em português), para áreas internas. Este jardim possui plantas raras, como filodendros de várias espécies. A exemplo das flores, as árvores do ambiente representam a tropicalidade da flora, com espécies nativas e exóticas como a Gonçalo Alves – típica do cerrado -, a Sete Copas Africanas e a frutífera jaqueira. A maior parte das peças de decoração do ambiente foi confeccionada artesanalmente.
Ambiente 4 – O resgate do passado para um futuro possível –Irineu Engler (paisagista) e Luciana Marchi Rossetti (arquiteta), ambos de Pedreira.
O espaço orgânico, integrado e autossustentável destaca-se pela simplicidade e foi concebido com os propósitos de recriar o básico e o útil e de propiciar a convivência, possibilitando a ocupação da área como moradia ou lazer, com total respeito ao entorno e à preservação do meio ambiente. Nesse espaço, prevalece o uso de plantas ornamentais resistentes para a atração de pássaros, abelhas e borboletas. A bucólica casa amarela com janelas azuis conta com hortas, galinheiro e até um monjolo para moer o milho que alimenta as aves. Um estreito caminho ladeado por minigirassóis e begônias leva até um pequeno bosque de fícus e manacás, que serve de refúgio para animais silvestres. As folhas que caem viram adubo natural. Todos os materiais utilizados na construção do ambiente são autossustentáveis, manufaturados sem o uso de maquinários. A proposta é valorizar a sustentabilidade no dia a dia, deixando uma lição de vida consciente para as novas gerações.
Ambiente 5 – A natureza e sua arte – Marisa Trippia (artista plástica), Luciana Enza D’Amato (aromaterapeuta) e Pedro Wanderlei Galli (paisagista), todos de Holambra.
Explorar a dualidade da natureza e o conceito de que o equilíbrio é um desafio para a conquista de uma vida saudável e plena é a proposta desse ambiente biofílico (amor à vida ou aos sistemas vivos), que privilegia flores que encantam por sua beleza natural e busca despertar para as propriedades de cura de flores e frutas por meio de óleos essenciais e aromas. Dividido em três partes que se completam, o ambiente traz imagens de animais selvagens – tigre, zebra, elefante e urso -, focando o amor materno primitivo e genuíno, e chama a atenção para o equilíbrio da dualidade da vida. Nesse contexto, se insere a tela de um campo florido que tem continuidade com os kalanchoes naturais em um canteiro que ganhou o forma do símbolo Yin e Yang, energias opostas e complementares na filosofia chinesa. Foram escolhidas plantas em razão de seu poder curativo e benefícios à saúde, como limão bravo, goiaba, alecrim, tomilho e sálvia, além de três jabuticabeiras Sabará.
No ambiente, ainda estão dispostos 500 vasos de kalanchoes das variedades African Robbie, Sadie e Evita (laranja, vermelho e amarelo), escolhidas em razão de sua durabilidade e das cores vibrantes que representam a luminosidade do dia; 30 mudas de lavanda, por seu aroma e pela tranquilidade de sua cor; além de mandacarus e sansevierias nas variedades Torre, Trançada, New way e Coração, pela beleza e praticidade no manuseio. Destaque para o cachepô gigante feito de telhas de barro sobrepostas. A preocupação com o meio ambiente está presente na utilização de vasos da Vasart, produzidos de 50% de material reciclado (plásticos descartáveis) e polietileno; no uso de móveis construídos com madeira de demolição e de corações e comedouros para pássaros feitos de argila; e, também, no reaproveitamento de objetos, como latas de tinta transformadas em vasos, escada reutilizada como prateleira etc. O ambiente é aromatizado com óleos essenciais extraídos de flores e frutos e com velas artesanais de aromas 100% naturais.
Ambiente 6 – “Inclusão: um novo olhar no paisagismo” – Isabela Corbo (bióloga e paisagista, de Pedreira), Stella de Wit (terapeuta ocupacional) e Isaías dos Santos (artesão), ambos fundadores da OllyToys, de Holambra.
A proposta é promover um novo olhar para o paisagismo, voltado à inclusão, alinhando desenvolvimento e bem-estar para crianças e adolescentes com necessidades educativas específicas e especiais. O espaço inclusivo oferece a possibilidade do estímulo a todos os sentidos – audição, visão, tato, olfato e paladar -, por meio do contato com a natureza e de brinquedos educativos sustentáveis. O ambiente acolhe as crianças e oferece estímulos que auxiliam nas atividades de aprendizado e desenvolvimento global. A ideia é que todas as crianças, inclusive deficientes visuais, possam desfrutar de um brincar cheio de texturas, cheiros e sabores ao explorar este jardim sensorial. Para as crianças com autismo, o espaço permite a elas experimentar e coordenar as sensações, respondendo adequadamente aos estímulos do ambiente. Para isso, foram escolhidos brinquedos que incentivam o desenvolvimento da coordenação motora grossa, da força e do equilíbrio. Eles são indicados para as crianças menores no seu processo natural de desenvolvimento e, também, para as autistas, para que elas tenham mais possibilidades de explorar o corpo e as sensações. É o que acontece, por exemplo, com o triângulo de escalada com escorregador. Parte do piso é de pneus reciclados.
Para o projeto paisagístico, foram selecionadas plantas não tóxicas, a fim de garantir segurança na circulação de crianças e pets. A maioria é de espécies nativas, com flores coloridas buscando o estímulo para a visão, como impatiens, amor-perfeito e begônias. Oferece também uma minicozinha e mini-horta com plantas comestíveis para estimular o paladar (incluindo o doce bloempot, lançamento gastronômico na Expoflora) e plantas aromáticas (perfumadas) – como a hortelã e o manjericão – para avivar o olfato. O tato é estimulado por meio do contato com a terra na horta, com a água no espelho d’água e com as texturas das plantas. Já o barulho da água caindo do vaso para o espelho d’água e o canto dos pássaros atraídos pelas espécies nativas estimulam a audição. Toda a decoração foi pensada para que as crianças possam brincar. Destaque para o cavalete para pintura com giz de cera de abelha e para o tecido acrobático que estimula o desenvolvimento da consciência corporal, por meio da escalada e que, também, pode ser utilizado como balanço ou, ainda, se transformar em casulos para as crianças se acalmarem em um momento de crise. Os bancos foram escolhidos para que os pais e acompanhantes também possam se sentir acolhidos e desfrutem do local. As hortas suspensas foram feitas com pallets recicláveis, acessíveis para crianças, adultos, pessoas com deficiência física e idosos.
Ambiente 7 – Semeando amor – Cintia Rua (engenheira agrônoma e paisagista), de Vinhedo.
O amor é a origem de todas as coisas boas. O ambiente foi criado para homenagear esse sentimento maior e reverenciar o amor de Deus, o amor pela família, o amor pelos filhos, o amor pelo cônjuge – o amor em sua simplicidade e sua plenitude. Não é por acaso, portanto, que todas as folhas utilizadas nesse espaço têm o formato de coração. São cerca de 500 plantas reverenciando o amor, entre antúrios, corações emanharados, caladium, peperonias rain, ciclames, cactos e kalanchoes. Antúrios verdes e duas palmeiras Beaucarnea compõem o espaço. Tocheiro, luminárias de cerâmica, frases de amor, almofadas e um confortável pufe complementam o espaço, que busca estimular as pessoas a se aproximarem, a se protegerem mutuamente e a conservarem esse sentimento. É também uma homenagem a todos os entes queridos que se foram na pandemia, buscando evidenciar que o amor por eles permanece. O ambiente oferece ainda post-its na forma de coração, é claro, para que os visitantes deixem registradas suas mensagens de amor.
Ambiente 8 – Nature Beauty – Fernanda Quelhas e Ines Scisci Maciel (arquitetas), de Campinas.
O ambiente é inspirado em um estúdio de embelezamento feminino e, nele, serão apresentadas flores “maquiadas”, como a denphalen, o antúrio, a echeveria, o aloe e a sansevieria. O espaço reúne plantas que são maquiadas por mãos de mulheres, utilizando uma técnica holandesa há alguns anos lançada no Brasil. Suas cores somam para embelezar e dar brilho a casas e jardins. O projeto reverencia a origem da maquiagem, que remonta ao ano 3.000 a.C., no Egito, onde nasceu com o intuito de refletir a alma da pessoa através dos olhos. Desde então, espalhou-se por todo o mundo como uma prática que eleva a autoestima da mulher, valorizando sua beleza facial, fazendo-a se sentir linda e poderosa. Compõem, ainda, o espaço plantas de várias espécies, como a minissamambaia havaiana, o Asplênio hurricane, a begônia rain drop, o tostão pendente, a barba de Moisés, o raphis e a kalanchoe branco. Foram escolhidas plantas nas cores amarelo, azul, laranja, branco e rosados, com o intuito de deixar alegre o espaço. Esse ambiente retrata a beleza das flores e plantas em combinação com peças de design, como a poltrona Coração, de 1959, do designer Verner Panton, e o Spa de hidromassagem, de tamanho ideal para pequenos espaços. Os kalanchoes brancos e as diferentes espécies de plantas formam um desenho orgânico, lembrando as formas do corpo da mulher. O sistema das paredes verdes do ambiente tem a proposta de “faça você mesmo”, por ser de fácil instalação. Todo o fundo do espaço é pintado com tinta ecologicamente correta, à base de água, na cor que representa o “blush”, essencial na técnica da maquiagem. Também são utilizados jogos de mesas de apoio ao material de maquiagem, diferentes propostas de vasos plásticos e objetos decorativos de vidro colorido e palha. O painel de PVC também é de fácil instalação e qualquer pessoa pode fazê-lo. O painel foi colocado na parede dos espelhos de formatos orgânicos e pode ser instalado em áreas molhadas para criar um ambiente de aconchego, valorizado por cachepôs suspensos e vasos de seixos.
Ambiente 9 – Estar Garden – Mauro Contesini (engenheiro agrônomo e paisagista), de Vinhedo.
A proposta desse ambiente é levar as características de uma sala de estar para o jardim e, para isso, utiliza mobiliário específico para área externa, porém com visual de espaço interno. Uma novidade é a exploração da técnica de Muralismo, uma grande tendência do momento. Nessa técnica, a pintura é feita diretamente na parede e, para este ambiente, foi definida a temática de folhagens, a fim de representar o paisagismo de forma conceitual, integrando-se à composição de contraste das folhas e suas formas. O mobiliário convida para momentos prazerosos no jardim. O sofá, assinado pelo designer Ibanez Razzera, tem estrutura interna de alumínio; base e pés em madeira; tecido impermeável; assento, encosto e braço fixos acompanhados de almofadas de encosto removíveis, atendendo a um estilo de vida jovem e contemporâneo. A mesa de centro é aproveitamento de resíduo florestal. A mesa lateral, criada pela designer Marta Manente, é produzida em alumínio, madeira e concreto, materiais altamente resistentes a intempéries, e as suas alças possibilitam que seja levada para outros ambientes. No jardim, para compor com o fícus já existente, foram plantadas 11 espécies de folhagens e forrações, todas perenes, de diferentes formatos e tons, predominando o verde e o vinho. As plantas foram escolhidas a partir de características, como o formato das folhas, o contraste de cores, a perenidade e a fácil adaptação ao local. Begônias, lírios da paz, portulacas variegatas e o bálsamo arbustivo compõem o projeto. Duas espreguiçadeiras, feitas de material impermeável e alumínio e protegidas por ombrelones, convidam para o descanso, assim como um balanço de corda náutica e alumínio, com almofadas de apoio. A decoração é completada por peças únicas, entre elas esculturas em ferro, com formato de árvore e vasos de alumínio. A sustentabilidade também está presente no piso drenante, que permite a passagem da água da chuva para o solo com eficiência de quase 100%. Além disso, foram utilizados tecidos ecológicos e todos os móveis são de madeira certificada, o que garante a sua origem não predatória.
Ambiente 10 – Jardim dos pássaros – Karina Taccola (arquiteta), de Holambra.
A natureza em sua plenitude, com plantas, flores e pássaros em um mesmo ambiente, mesmo que urbano, mostrando ao ser humano como ela é exuberante. Isso é o que propõe esse espaço, cuidadosamente elaborado com vários canteiros nos quais foram plantadas diferentes espécies de flores que, além de perfumarem e embelezarem o ambiente, ainda atraem pássaros. Nele, o visitante conhece as variedades com essa característica, podendo se inspirar para criar um ambiente similar no jardim de sua casa ou até na varanda do apartamento, caso queira receber a visita diária de beija-flores e de outros pássaros da fauna brasileira, dos mais comuns aos mais valorizados. O espaço conta com um ambiente de estar, cercado de grandes palmeiras e ornamentado com quadros retratando pássaros, e um ornamento em forma de asas na parede. O deque suspenso, cercado de palmeiras, simula um observatório de aves, inclusive com binóculos, aproximando o homem da natureza e realçando a importância dessa convivência harmônica e a necessidade de preservação do meio ambiente.
Ambiente 11 – Curas e terapias pelas plantas – Cléia Thomazini (arquiteta, urbanista, paisagista e decoradora) e Orpheu Thomazini (arquiteto e urbanista), ambos de Mogi Mirim.
As curas e terapias com plantas são o tema desse ambiente, dividido em sete espaços que enfatizam a importância dos jardins, das plantas e das flores para a vida saudável. A história das farmácias de manipulação é enfocada no ambiente “Origem da Aromaterapia”, que reúne móveis de antiquário e onde se destaca o trabalho do artista plástico Anderson Kleber de pintura no muro. Em outro espaço, a mesa posta com frutas, ervas e flores, posicionadas de acordo com o Feng Shui, valoriza a integração e a harmonização familiar na hora da alimentação. Destaca-se o trabalho de cestaria artesanal feito pela Coarte (Cooperativa de Arte Tramas da Terra de Andradas) com aproveitamento de taboas. Há também um local para descanso no jardim, onde se destacam samambaias no muro verde, crótons abaixo do painel em gesso com pintura metalizada cobre e móbile de borboletas feito com material biodegradável em impressora 3D, além de enorme luminária em formato de borboleta. Os relacionamentos, o amor e a poesia inspiram o quarto espaço, área de integração ornamentada com xaxins em formato de coração, com flores. Na “Área dos Anjos” predomina a energia das flores brancas lírios da paz, uma referência à crença dos anjos protetores do homem e da natureza, sugerindo também a integração entre o céu e a terra. O sexto espaço é o “Labirinto de Flores”, repleto de antúrios brancos, utilizado em alguns locais para tratamentos terapêuticos do autismo. No centro, destaca-se uma fonte construída em mármore branco, com iluminação interna, sobre a qual foi instalada uma luminária redonda, dourada, simbolizando o Sol, a maior fonte de energia para as plantas.
A intenção também é mostrar a importância da água e do sol para a natureza. A “Árvore da Vida”, sétimo espaço, busca simbolizar a origem da vida e a conexão do mundo físico com o mundo espiritual. Dessa árvore, pendem pequenos papéis-sementes com mensagens sobre a vida, que serão distribuídos ao público, para que os visitantes plantem em suas casas. A árvore pintada também é de autoria do artista plástico Anderson Kleber. Cerca de 400 mudas de plantas foram utilizadas nesse ambiente da mostra, com ênfase para as tonalidades de branco, de rosa e de cobre, e para plantas imponentes e de fácil manutenção como samambaias de sol, fícus rubro, crótons e lírios da paz. A entrada do ambiente ostenta dois vasos com espadas-de-são-jorge, planta associada ao poder de neutralizar energias negativas. A decoração inclui peças como um gato feito de cacos de espelho, representando o animal que, acredita-se, ajuda na cura de algumas doenças como a depressão e a ansiedade; mosaico feito com cacos cerâmicos, abordando temas dos símbolos do Feng Shui, técnica que utiliza as forças energéticas para harmonização dos ambientes (da artista plástica Marli Bombana, de Embu das Artes); cestas de taboa, asas de anjo e móbile de anjinhos confeccionados à mão pela terapeuta Nanci Valério.
Ambiente 12 – Armazém Italiano – Cléia Thomazini (arquiteta, urbanista, paisagista e decoradora) e Orpheu Thomazini (arquiteto e urbanista), ambos de Mogi Mirim.
Inspirado na origem da cultura do café no interior de São Paulo, que contou com papel relevante dos imigrantes italianos, esse ambiente faz homenagem a um deles, o Sr. Luiz Guardia, dono de um dos primeiros armazéns de secos e molhados de Mogi Mirim (cidade vizinha a Holambra). Três espaços compõem o ambiente. Um deles tem como tema a plantação de café, com cinco pés da planta, originários de uma fazenda de Andradas, no sul de Minas Gerais. O segundo faz menção ao armazém, todo de madeira, com partes do piso original de uma fazenda do interior e peças do antigo estabelecimento do Sr. Luiz Guardia, além de móveis de antiquário. O caminho de pedriscos que leva até a casa tem canteiros com begônias. Ao lado da porta da casa, a fachada é coberta por jiboias variegata e sunpatiens de tons rosa. A ideia é representar uma típica moradia do interior da Itália, inclusive com uma moto Lambretta, marca muita utilizada naquele país. Destacam-se nesse espaço pinturas de efeitos especiais do artista plástico Anderson Kleber. Cestas de taboa, reproduções de alimentos, quadros e retratos da família do homenageado complementam a decoração. Cerca de 300 mudas de plantas foram utilizadas no ambiente, entre elas as zinias coloridas e as begônias viking. O toque colorido e rústico é garantido ainda pela utilização de taboas e xaxins de folhas de palmeira.
Ambiente 13 – Renovação – Cris Antonelli (arquiteta paisagista), Beto Natalicchio (engenheiro civil) e Ricardo Natalicchio (arquiteto), todos de Salto, e Anderson Marchi (paisagista e laguista), de Cosmópolis.
O trabalho é uma volta às origens, inspirada no recolhimento imposto pela pandemia da covid-19, valorizando o conceito de que o menos é mais; o simples, é melhor. O ambiente tem área de lazer com piscina biológica, cercada de pedras, que abriga carpas e peixes pequenos. Destaque para os jardins verticais. Um deles, de 26 m², traz 700 begônias beleaf. A elegantes begônias maculatas, com suas folhas verdes com poás brancos e verso vermelho vivo, indicam o caminho “instagramável”. Conta-se que o designer francês de calçados Christian Louboutin teria se inspirado nesta planta para criar o seu icônico sapato com solado vermelho. Outro painel natural ganhou a forma de moinho, em alusão à Holanda, com 550 echeverias Color, além das lindas diplademias. Outra atração do ambiente é uma asa feita de neon. A sustentabilidade é garantida pela utilização de EPS (Poliestireno Expandido) 100% reciclável na composição dos jardins verticais, inclusive na estrutura do moinho decorativo, bem como pelos móveis que decoram a área de lazer, todos construídos com material de demolição. O uso de grande variedade de cores e formas remete à diversidade e à aceitação das diferentes raças, etnias e gêneros.
Ambiente 14 – Cantinho da Serra – Iemiria Rezende (paisagista e engenheira agrônoma), de Palmas (TO).
Ambiente criado para quem deseja ter um cantinho próprio para refúgio e paz e, assim, se integrar ao meio ambiente. Um lugar ideal para fugir da correria do dia a dia. Nele, o verde das samambaias e dos buxinhos nos remete às curvas serranas e à ideia de frescor e bem-estar. A choupala (árvore mastro) foi escolhida para lembrar os ciprestes das grandes florestas de clima temperado. A parede de samambaias americanas recorda a brincadeira “jogo da velha”, reforçando o conceito de um espaço reservado à descontração. O colorido é garantido pelo lilás dos manacás da serra, planta originária da Mata Atlântica; e pelo vermelho dos antúrios e demais variedades. Uma mistura de begônias, dracenas e callas amarelas garante o contraste das cores. As bromélias imperiais e a cascata das jiboias e singônios representam os veios de água que descem da serra. Não poderia faltar uma parede rústica de madeira com os detalhes da bougainville e a pata de elefante, abrigando um ambiente para meditação e leitura. O balanço foi pensado para relaxar e para os momentos de convivência.
Ambiente 15 – Terra – Allan Oliveira (designer de interiores), de Artur Nogueira – SP.
O ambiente Terra foi inspirado em formas orgânicas, aquelas que representam coisas naturais, vivas, com contorno irregular e caprichoso, sem o desenho pré-determinado e limitado das formas geométricas. Todo o ambiente nasceu com a manipulação de elementos naturais como barro, tijolo, palha, bambu e pinus. As paredes foram pintadas com tinta à base de terra, e utilizadas em sua disposição formas inspiradas nas folhagens. Os tons monocromáticos escolhidos para a cerâmica, para os tijolos e para os móveis contrastam com o rubro e o verde vibrantes das plantas e folhagens. O espaço utiliza plantas resilientes às condições climáticas, remetendo à força interior que nos faz manter a cabeça erguida após tempos tão difíceis, como o da pandemia. Foram criados fontes, jardim preservado, obras de arte e móveis influenciados pelas formas da natureza. Para que os visitantes se integrem ao ambiente, fotos são permitidas em um jardim com forração de casca de pinus, no qual os espelhos garantem a perspectiva de que eles então integrados à natureza. Materiais que seriam descartados foram transformados e reutilizados em vasos, luminárias, aparadores e outros móveis que ornamentam o espaço, como as luminárias suspensas, feitas de baldes plásticos recortados e recobertos com palha, com lâmpadas de filamento. Cipós foram usados como centro de mesa, decorado com vidros âmbares de remédio e capins desidratados. Bambus suspensos funcionam como divisória entre a sala de jantar e o jardim relaxante, onde se destacam uma banheira de imersão e as “paraquedas trepadeiras” para ambiente interno, novidade entre as plantas ornamentais. Também chama a atenção um painel feito de folhas de avenca desidratadas e pintadas, recomendado para ambientes internos.
Ambiente 16 – Jardim Árido – Carla Dadazio (arquiteta e paisagista), de Valinhos.
A profissional elegantemente combinou as diferentes cores e texturas dos cactos, suculentas e echeverias com as dos anigozanthos (pata de canguru) e das honeybells cuphea. A opção foi pelas formas primárias, como retas e curvas, na formação dos canteiros e nas paredes com a pintura setorizada, executada com tinta mineral, ecológica, que permite a “respiração” das paredes, evitando mofo, descascamentos e bolhas. Sem cheiro, essa tinta tem ótima cobertura, bom rendimento e preço acessível e apresenta acabamento fosco, o que deixa o ambiente mais sofisticado. A entrada do jardim é marcada por duas fontes, criadas com a sobreposição de vasos de diferentes formatos. A sustentabilidade também está presente no uso de pallets na construção dos bancos e da poltrona criada a partir do pé de uma antiga máquina de costura. A decoração utiliza vasos rústicos, com pintura em terra. Muitos elementos naturais são usados no espaço, como o painel feito com papelão, esteira e barbantes. O espelho decorado traz aros de macramê, bolinhas de madeira e barbante. O piso é de porcelanato antiderrapante, que evita escorregões quando molhado. A concepção do ambiente priorizou plantas de fácil cultivo e baixa manutenção, que além da questão estética têm, ainda, função energética. Os cactos foram escolhidos por serem “purificadores” de ambientes e a água que retêm simboliza nossas emoções e sentimentos. Os espinhos são parte integral do sistema de defesa e garantem a proteção contra visitas perigosas e indesejadas. Já as suculentas são conhecidas como as “guardiãs da casa”, pois simbolizam proteção e segurança. Essas plantas também purificam os ambientes ao armazenar água em seus caules, de acordo com o Feng Shui. O colorido mescla os vários tons de verde e os terrosos com o amarelo e o vermelho das flores da “pata de canguru” e da exótica aveloz, que tem as pontas avermelhadas. Vários cantinhos do espaço são “instagramáveis”.
Ambiente 17 – Café Madalena – Allan Oliveira (designer de interiores), de Artur Nogueira – SP.
O Café Madalena é a recriação do estabelecimento instalado no final do ano passado em Artur Nogueira, município vizinho de Holambra, pela avó do profissional. Aos 79 anos de idade, cheia de vitalidade, dona Madalena Pulz da Cunha Claro, que ensinou o neto Allan a amar as flores e plantas, decidiu criar um lugar prazeroso e alegre, com comidinhas caseiras e ambiente acolhedor, bem casa da avó. Embora localizado no interior, o ambiente tem ares praianos e ganhou até a arte da baleia que “nada” pelo espaço, criação de Ed Ilustrador. Pontaletes de eucalipto foram utilizados no pergolado com esteira de taboa. Plantas pendem do container/bar e caem em um lindo jardim com espelho d’água, cercado de cactos e bromélias. São igualmente encantadores os manacás coloridos do canteiro que cercam o banco de pinus em formato zigue-zague. É um lugar para descansar, apreciar a natureza e desfrutar da gastronomia nas mesinhas bistrô de estrutura metálica com tampo de compensado de pinus, com banquetas metálicas.
Ambiente 18 – Descanso na praça – Karina Taccola (arquiteta), de Holambra.
Esse espaço é uma extensão do Café Madalena e foi criado para proporcionar descanso aos visitantes. Em meio a muitas plantas, eles podem relaxar nos móveis sustentáveis, construídos de pallets, para digerir as informações e as ideias recebidas nos ambientes da Mostra de Paisagismo e Decoração. Afinal, alguns passos mais adiante, os visitantes ingressarão na Exposição de Arranjos Florais para, novamente, encantar-se com a decoração feita com mais de 200 mil hastes de flores e de plantas ornamentais.
Serviço
39ª Expoflora
Data: de 2 a 25 de setembro, de sexta-feira a domingo, e nos dias 7 e 8 de setembro (quarta e quinta-feira, aproveitando o feriado da Independência do Brasil)
Horário: das 9h às 19h
Local: Parque da Expoflora – entrada pelo estacionamento em frete ao Moinho dos Povos
Ingressos: R$ 40,00 (meia-entrada) e R$ 80,00 (inteira)
Informações: no site www.expoflora.com.br, pelo telefone (19) 3802-1499 ou pelo e-mail centraldereservas@expoflora.
Patrocinador: Coca-Cola FEMSA Brasil por meio das marcas Coca-Cola Sem Açúcar, e das cervejas premium Estrella Galicia e Teresópolis
Apoio: Ultragaz e Prefeitura da Estância Turística de Holambra