A cooperação científica entre Brasil e França ganha importante reforço em iniciativas voltadas para a biodiversidade e a sustentabilidade na Amazônia. Na sequência das reuniões do grupo de trabalho do G20 de Pesquisa e Inovação, que aconteceram esta semana em Manaus, Brasil e França estreitam a sua parceria.
Uma comissão mista estratégica prevê ações conjuntas para os próximos três anos. Esta é uma ferramenta que a França desenvolve unicamente com parceiro de grande importância científica. Composto por representantes de ministérios brasileiros e franceses, instituições de ensino superior e de pesquisa e agências de financiamento dos dois países, a comissão vai trabalhar em torno de quatro temas prioritários:
– Biodiversidade, meio ambiente, estudos climáticos, observação da Terra;
– Matemática, inteligência artificial, engenharia, computação de alto desempenho;
– Saúde; e
– Ciências sociais, patrimônio cultural, lei e regulamentação, desigualdade e inclusão.
“Embora a gente conheça muito da biodiversidade amazônica, ainda resta muito para ser conhecido. Mas não apenas o conhecimento tradicional, precisamos também saber como tomar ações para proteger a biodiversidade existente, porque em vista das mudanças climáticas, uma das maiores consequências é como a fauna e a flora vão reagir e se adaptar”, destacou Osvaldo Moraes, diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade da Secretaria de Políticas e Programas estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Quatro acordos foram assinados entre os dois países, dos quais dois com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), um com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e um com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), instituições brasileiras vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, reforça a importância de reafirmar a cooperação. “Refletem os desafios globais que nossas sociedades enfrentam e para os quais a França e o Brasil recorrem à ciência a fim de encontrar respostas conjuntas”, disse.
Os projetos serão liderados pelo ministério do Ensino Superior e da Pesquisa e pelo Ministério da Europa e das Relações Exteriores, do lado francês, e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Ministério da Educação, do lado brasileiro. Cerca de seis milhões de euros serão destinados aos temas prioritários identificados na Comissão pelas agências de financiamento, ANR para a França e CNPq para o Brasil, durante os próximos três anos.
Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica
O centro entra em operação nesta sexta-feira, dia 20 de setembro, e tem por objetivo promover a pesquisa conjunta no campo da biodiversidade nos estados da Amazônia brasileira e na Amazônia francesa, incluindo os pesquisadores e instituições dos dois países. Organizado de forma virtual, sem uma sede física, o Centro servirá de apoio à formação e ao reforço das competências científicas na Amazônia e à realização de projetos de pesquisa.
Do lado francês, 700 mil euros já foram alocados ao Centro que prevê a construção de uma rede de excelência entre universidades, institutos de pesquisa e outras iniciativas de pesquisa dos dois países. Um conselho binacional e um conselho científico são os órgãos de direção do centro, composto por igual número de franceses e brasileiros.
O Centro será dirigido por dois codiretores, um francês, Gilles Kleitz, Diretor Científico do IRD, Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento; e um brasileiro, Henrique Pereira, Diretor do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), baseado em Manaus, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O Centro trabalhará com temas prioritários que serão definidos mais em detalhe durante a primeira reunião, mas que contemplarão: Biodiversidade, bioeconomia, saúde, sustentabilidade e mudanças climáticas.
“O Centro também tem o interesse em fomentar o desenvolvimento de processos, produtos e tecnologias para desenvolver a bioeconomia na região. Como é uma agenda bilateral, isso envolve a cooperação internacional”, explica Henrique Pereira, diretor do INPA.
França e Brasil têm longo e rico histórico de cooperações acadêmicas e científicas. A primeira reunião da Comissão Estratégica Mista Brasil-França de Cooperação em Ciência, Tecnologia e inovação e a entrada em operação do Centro franco-brasileiro de biodiversidade Amazônica vêm ao encontro dos objetivos expressos pelos presidentes Lula da Silva e Emmanuel Macron, na visita deste ao Brasil, em março deste ano. Vizinhos, os dois países compartilham uma parte do bioma amazônico e se preparam a aprofundar ainda mais o compartilhamento de saberes e informações.
“O desenvolvimento da cooperação científica entre o Brasil e a França está alinhado com o desejo comum de nossos dois países de encontrar respostas para os desafios de nosso tempo. Rica em história e excelência, a cooperação científica e universitária franco-brasileira é multidisciplinar. Nos campos das ciências da vida, da agronomia, do meio ambiente, das ciências humanas e sociais e das ciências da saúde, nossos dois países, por meio de suas instituições, estabeleceram parcerias de qualidade e renome”, destacou o embaixador Emmanuel Lenain.
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