A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip) iniciou um esforço de esclarecimento para evitar que o governo federal ceda à pressão das grandes multinacionais do pneu com fábricas no Brasil, que reivindicam aumento do imposto de importação.
Segundo o presidente da Abidip Ricardo Alípio, a indústria nacional vem lançando mão de uma série de artifícios, como divulgação seletiva de dados e pressão no Comitê de Alterações Tarifárias (CAT), procurado desenhar um cenário preocupante para o setor.
Indústria nacional do pneu quer “proteção” contra competição com os importados
“A narrativa de que houve uma inundação de pneus importados com preços baixos no Brasil e queda nas vendas contrasta com publicações de sucessivos recordes de produção e vendas da indústria pneumática nacional. São vários anúncios de novos investimentos e nenhuma notícia de fechamento de fábricas ou demissões, mesmo com a competição com os importados”, disse Alípio. “Não vamos permitir que uma mentira contada várias vezes se torne verdade”.
A cruzada da indústria nacional contra a competição com o pneu importado procura reverter uma decisão tomada pelo governo federal no início de 2021 incluindo cinco medidas de pneus de caminhão na Lista de Exceções à TEC (“LETEC”). Na prática esses cinco modelos de pneus de carga tiveram o imposto de importação alterado de 16% para zero.
Uma iniciativa adotada na época para aliviar o aumento generalizado de custos do transporte de cargas, mas que no entendimento do representante da Abidip precisa ser mantida porque os preços não recuaram, principalmente do diesel, impactando toda a cadeia produtiva.
Batalha no CAT
O pedido para reestabelecer o imposto de importação para essas cinco medidas de pneu de carga foi protocolado no Comitê de Alterações Tarifárias (CAT) pela Prometeon Tyre Group Indústria Brasil Ltda., fabricante da marca Pirelli. Na última semana os importadores reagiram e protocolaram uma contestação no mesmo órgão rebatendo cada um dos argumentos dos fabricantes.
Os importadores citam dados demonstrando que o pneu importado exerce importante papel no controle de preços no Brasil, evita o desabastecimento e tem qualidade certificada pelo Inmetro.
O risco do protecionismo
O presidente da Abidip explica que, em períodos de elevada cotação do dólar, a indústria pneumática nacional opta por exportar parte de sua produção para maximizar seus lucros causando desabastecimento do mercado interno.
“O pneu importado é ainda mais essencial nesses momentos de dólar alto preenchendo essas lacunas, atende muito bem os transportadores e evita a disparada de preços”, disse Alípio e completou. “Reestabelecer o imposto de importação agora seria um tiro no pé. Deixaria o mercado exposto a esses movimentos da indústria nacional, provocaria falta de pneu no mercado e consequente elevação de preço neste que é segundo item mais impactante para o caminhoneiro, com repercussão em toda a cadeia produtiva e nas metas inflacionárias”, finalizou.
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