Turismo

Itaipulândia aguarda 50 mil romeiros no dia de Nossa Senhora Aparecida

Na última terça-feira (3), no primeiro dia da novena a Nossa Senhora Aparecida, no monumento em honra à santa localizado em Itaipulândia, um tornado atingiu a região do Oeste do Paraná.

As barracas que já estavam montadas para a festa foram levadas pelo vento, que entortou as estruturas de metal. Mas isso não esmoreceu a comunidade, que se organizou para recuperar as tendas e organizar o local para receber cerca de 50 mil romeiros no Dia da Padroeira, em 12 de outubro.

Um dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, como o próprio nome demonstra, Itaipulândia tem na devoção à Nossa Senhora Aparecida um motivo de orgulho. A cidade conta com a maior estátua do Sul do País dedicada à padroeira do Brasil, um monumento de 26 metros de altura localizado no ponto mais alto do município, a 367 metros de altitude.

É nesse local que fiéis das cidades do entorno, mas também de outros estados brasileiros e de outros países, reúnem-se com frequência para pedir ou agradecer pelas graças alcançadas. A peregrinação é maior nos dias que antecedem a data em comemoração à Nossa Senhora Aparecida. As novenas iniciam na semana anterior e chegam a receber cerca de mil pessoas por noite.

No dia 11 de outubro, os romeiros começam a peregrinação que partem em procissão das cidades vizinhas – a pé, de bicicleta ou a cavalo – rumo a Itaipulândia. Entre a véspera e o Dia da Padroeira, cerca de 50 mil pessoas chegam a passar pelo monumento. Se contabilizar também os dias da novena e os dias seguintes ao feriado, a expectativa é que até 70 mil fiéis participem das festividades. A programação completa está no Facebook da prefeitura.

A prefeita de Itaipulândia, Cleide Prates, destaca que o turismo religioso ajuda a movimentar o município, que também é famoso pela praia artificial formada pelo lago de Itaipu. “Não temos como dimensionar a gratidão, o quanto é gratificante para os moradores de Itaipulândia, o que turismo religioso e a fé representam para o município”, diz. “É um turismo limpo, que traz muitas pessoas, muitos devotos e movimenta todo o comércio local, principalmente neste mês de outubro, que é o mês dedicado à Nossa Senhora Aparecida”.

“Esses visitantes movimentam a hotelaria, o comércio local e a venda dos artigos religiosos. Temos um grupo de artesãos no município que trabalham desenvolvendo coisas diferentes, para que as pessoas possam levar daqui as imagens e lembranças para ser seus familiares e conhecidos”, conta a prefeita.

MONUMENTO E SANTUÁRIO – O monumento a Nossa Senhora Aparecida foi inaugurado no ano 2000, em celebração aos 500 anos do Brasil. Mas o culto à padroeira vem desde antes da emancipação de Itaipulândia, que se emancipou de São Miguel do Iguaçu em 1992. Até então, o distrito que começou a ser colonizado nos anos 1960 se chamava justamente Aparecidinha do Oeste, por causa da devoção dos pioneiros que chegaram à localidade com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.

“O monumento ficou aqui por uns 10 anos, mas então um grupo de senhoras resolveu se reunir para rezar o terço, e depois começaram a fazer a novena nos dias que antecedem o 12 de outubro. Essa devoção foi fortalecida e passou a receber as romarias que vêm de outros municípios e visitantes de outros estados e países”, conta o padre Ademar de Oliveira Lins, pároco de Itaipulândia. “Trouxemos uma imagem consagrada de Aparecida do Norte e a Diocese de Foz do Iguaçu reconheceu a devoção”.

Com tantos fiéis visitando o monumento, a paróquia organiza agora a construção do Santuário de Nossa Senhora Aparecida no terreno em frente ao monumento. “Eu fiz parte do movimento do turismo religioso do Paraná em anos anteriores e quando assumi a paróquia aqui, reconheci esse potencial e, em um trabalho junto com a prefeitura e a comunidade, conseguimos o terreno em frente para construir o santuário. A pedra fundamental deve ser lançada já no início do ano que vem”, explica o padre.

A comerciante Terezinha Trevisan é proprietária da loja Obra de São José, que fica no monumento, e foi uma das mulheres a iniciar as orações no local. “Sabe aquela história de que santo de casa não faz milagre? A gente tinha o monumento aqui, mas vinha mais gente de fora rezar. Numa reunião para a preparação da festa da padroeira, eu sugeri então para a gente fazer a novena aqui, para começar a dar vida e espiritualidade a esse monumento. No início, alguém brincou dizendo que não viria nem 50 pessoas, mas eu falei que era para começar com as 50”, diz.

“E, graças a Deus, está dando certo. Está expandindo cada vez mais, com milhares e milhares de pessoas que vêm principalmente na semana da padroeira”, afirma. “Mas todos os dias tem visitantes aqui de diversas cidades e também do Paraguai, da Argentina, de estados como Rondônia e Mato Grosso”.

E a fé e devoção de Terezinha acabou se tornando também sua fonte de renda. Ela, que sempre foi dona de casa, resolveu abrir a loja depois que ficou viúva, para que as pessoas que visitam o monumento não voltem para casa de mãos vazias. “Eu sempre digo que vivo de fé e pela fé. Abri a loja em 2019, em 2020 veio a pandemia, mas minha fé sempre me mostrou para manter esse comércio, que é diferenciado, porque trabalho com aqui que é mais sagrado para mim”, completa.

A professora Marilene dos Santos, de 51 anos, vive em Itaipulândia há 37 anos e destaca o envolvimento de toda a cidade na devoção. “Nosso município foi muito abençoado de ter essa santa. Todo mundo se envolve e trabalha para organizar a festa e receber bem os romeiros. A cidade se movimenta em torno da celebração, que acaba ajudando com o comércio do município”, afirma.

Redação JBA Notícias

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