Morre agricultor que criou técnica do plantio direto no Brasil
Em 2013, recebeu o título título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Londrina

O governador Carlos Massa Ratinho Junior lamenta a morte do produtor rural Herbert Bartz, morador de Rolândia, pioneiro na técnica do plantio direto no Brasil.
A implantação do sistema menos agressivo ao solo concretizou a esperança global de produzir alimentos em abundância e qualidade. Ele faleceu nesta sexta-feira, aos 83 anos, de complicações de pneumonia, deixa esposa e dois filhos.
“Perdemos uma das referências nacionais em agricultura, alguém que dedicou a sua vida a melhorar as técnicas para que os alimentos do campo chegassem na mesa com qualidade e rapidez”, afirmou o governador Ratinho Junior.
“Que Deus conforte os seus familiares e amigos. Esse legado nunca será esquecido”.
Segundo o secretário de Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, Bartz foi fundamental no desenvolvimento da agricultura paranaense.
“É mais uma das mortes que vamos lamentar para sempre por se tratar de uma pessoa afável, um ser humano fantástico. A contribuição de Herbert Bartz para a agricultura brasileira é inestimável. Seu pioneirismo no plantio direto fará com que o sonho de produzir alimentos em abundância e qualidade perdure ainda por muitos e muitos anos”.
VIDA – Bartz nasceu em Rio do Sul (SC), em 14 de fevereiro de 1937, mas logo em seguida a família se mudou para a Alemanha e ele viveu em meio à fome, frio e solidão da Segunda Guerra Mundial.
Voltou ao Brasil em 1960 e a família se fixou na Fazenda Rhenânia, em Rolândia, trabalhando com plantio de milho e arroz.
Logo ele percebeu que, no sistema convencional de produção, não sobrariam muitos recursos para o sustento familiar. Os problemas das chuvas tropicais irregulares, que vinham em excesso, após longo período de estiagem, lavavam as lavouras, carregavam as sementes e provocavam a erosão.
Essa modalidade de plantio foi uma das saídas encontradas pelo agricultor de Rolândia, no Paraná, diante da erosão desenfreada, onde bastava uma chuva mais intensa para carregar as sementes e os fertilizantes, o que vinha causando prejuízos irreversíveis.
Ainda no início dos anos 70, Herbert Bartz tentava inventar uma máquina que colocasse a semente no solo diretamente sobre a palhada do cultivo anterior, sem precisar lavrar a terra.
Até que em determinado momento resolveu ir até os Estados Unidos, onde visitou a propriedade do agricultor Harry Young Jr, que fazia o Plantio Direto há dez anos.
Foi lá que o pioneiro brasileiro viu pela primeira vez uma plantadeira cortando os restos da cultura anterior e já colocando o adubo e a semente. E foi essa visita o divisor de águas para a agricultura no Brasil.
Conhecendo de perto esse sistema, Herbert Bartz começou aos poucos implantar o Plantio Direto no Brasil.
O processo está descrito no livro “O Brasil possível: a biografia de Herbert Bartz”, escrito pelo jornalista Wilhan Santin. Dados da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação indicam que o Sistema Plantio Direto é utilizado em cerca de 35 milhões de hectares no Brasil, o que corresponde a quase 70% da área ocupada com lavouras de grãos.
E segundo, Herbert Bartz, foi esse sistema que permitiu recordes de produtividade na agricultura do País. O pai do Sistema Plantio Direto no Brasil é o primeiro a palestrar no 16º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, que será realizado entre os dias 01 e 03 de agosto, em Sorriso (MT).
Em 1972, após importar uma máquina semeadora não agressiva, ele adotou o método que, no Brasil, passou a ser chamado de Plantio Direto.
Consiste no mínimo ou na ausência de revolvimento do solo, manutenção dos restos culturais da safra anterior e rotação de culturas. Com isso, conseguiu resultados positivos na produtividade da soja, na conservação do solo e na economia com menos uso de maquinários.
A desconfiança inicial, que levou Bartz a ser chamado de “alemão louco” e a produção ser apreendida pela Polícia Federal, logo foi substituída pela certeza de que a adoção da técnica garantia maior produtividade.
A fama se espalhou, a propriedade ganhou visibilidade, outros produtores passaram a visitar e perceber que o solo estava mais vivo.
Em 2013, recebeu o título título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Londrina.
Bartz iniciou em 1972 a implantação da técnica que proteje o solo contra a erosão e conserva os microorganismos.
No início da década de 70, visitou países como Inglaterra e Estados Unidos para buscar novas técnicas de plantio, motivado pelas grandes tempestades que estavam acabando com o solo no Norte do Paraná.
Além de garantir a sustentabilidade do solo e ser mais rentável para os agricultores, o PDP permitiu a que a produção de grãos subisse ao Cerrado, desenvolvendo a agricultura brasileira.
Um terço de toda área cultivada no país utiliza a técnica. A soja cultivada no Paraná e Mato Grosso, maiores produtores do país, é produzida nesse sistema.