Nesta quarta-feira, 22 de outubro, a comitiva de Morretes, que está em Brasília em busca de melhorias para o município, recebeu uma boa notícia. O prefeito Junior Brindarolli, acompanhado de vereadores e do Deputado Federal Aliel Machado, participou de uma reunião na Secretaria Nacional de Transportes Ferroviários, do Ministério dos Transportes, com o secretário nacional Leonardo Ribeiro e técnicos da pasta.
O encontro tratou de um tema que há anos preocupa a população: o conflito urbano causado pela passagem do trem pela cidade de Morretes, que isola bairros inteiros por horas, causa transtornos no trânsito e coloca em risco a segurança dos moradores.
Hoje, Morretes tem três passagens que cruzam a cidade, duas no bairro Rocio e uma na Vila Ferroviária, pontos onde os conflitos entre o trem, o trânsito e os pedestres são constantes.
A reunião marcou um passo histórico, com a apresentação de uma alternativa inédita pelo Governo Federal para resolver o problema, entre elas, a construção de uma trincheira (passagem por baixo da ferrovia) ou um viaduto (passagem por cima). As soluções estudadas podem colocar Morretes como modelo nacional na forma de equilibrar transporte de cargas, turismo e segurança urbana.
O deputado federal Aliel Machado vem liderando essa pauta há um ano e meio, em defesa de Morretes. O parlamentar destacou que o trem é fundamental para o transporte de cargas e o turismo, mas que a situação atual exige uma solução urgente.
Segundo ele, o trem é essencial para o escoamento da safra que segue ao Porto de Paranaguá e também movimenta o turismo regional, mas o traçado atual causa sérios impactos à vida das pessoas por não ter uma rota alternativa. Bairros como Rocio, Vila Ferroviária, Pantanal, Marumbi e América de Cima ficam completamente isolados quando o trem passa. O bloqueio pode durar mais de uma hora, travando o trânsito e a logística da cidade.
“Temos um patrimônio ferroviário importante, mas ele não pode continuar sendo um obstáculo para quem vive em Morretes. Há um ano e meio estamos cobrando essa solução do Governo Federal, e hoje tivemos uma resposta concreta. A cidade não pode continuar refém da passagem do trem, por isso entrei nessa luta”, afirmou Aliel.
O deputado explicou que o projeto está estimado em aproximadamente R$ 25 milhões, e que as possibilidades de execução incluem recursos federais, indenizações contratuais da empresa Rumo (que terá seu contrato encerrado em 2027) ou parcerias com o setor privado.
O prefeito Junior Brindarolli destacou que o encontro representa um avanço importante para a cidade. “Estamos tratando de um assunto que Morretes espera há muitos anos. Já tivemos acidentes graves, inclusive com mortes, amplamente divulgados pela imprensa estadual. É um transtorno diário para os moradores, e uma dívida antiga que tanto a União quanto a empresa Rumo têm com o município. Essa obra é cara, mas necessária. A população espera há muito tempo, por isso viemos a Brasília neste mês, para acelerar as
coisas e agora voltamos com essa notícia que nos deixou muito felizes”, afirmou o prefeito.
Brindarolli ressaltou que mudar o trajeto da ferrovia não é uma opção, pois a cidade depende do trem turístico, que desembarca na região central e atrai cerca de 250 mil visitantes por ano. “Recebemos turistas de várias partes do Brasil e do mundo, e isso gera emprego e renda. Além disso, mudar a rota impactaria diretamente a área de Mata Atlântica, que é uma das riquezas ambientais da nossa região. Por isso, acolhemos com alegria a notícia de que é possível buscar alternativas como o viaduto ou a trincheira.”
Compromisso do Governo Federal
O Secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, afirmou que o Governo Federal está empenhado em resolver o problema.“A ferrovia que corta Morretes é estratégica tanto para o transporte de cargas para os portos do Paraná quanto para o turismo. Nosso objetivo é garantir a convivência entre esses dois usos, mas com segurança e qualidade de vida para a população. A primeira alternativa é uma passagem inferior, mas também estamos estudando a possibilidade de uma passagem superior”, explicou o secretário.
Ele destacou ainda que o Governo Federal está trabalhando em um modelo inovador de investimento cruzado, que permitirá usar recursos da repactuação da malha ferroviária paulista da empresa Rumo em obras estruturantes em outras regiões do país. “Criamos a primeira conta vinculada do setor ferroviário, que pode permitir o uso desses recursos em soluções logísticas em outros estados. Morretes pode ser o primeiro caso do Brasil a receber esse tipo de investimento, o que reforça a importância do município como
exemplo nacional”, completou Ribeiro.
Com essa conquista, Morretes dá um passo histórico para resolver um problema que se arrasta há décadas e pode se tornar exemplo para todo o país.
O próximo passo será uma reunião técnica de alinhamento entre as secretarias do Ministério dos Transportes, incluindo o DNIT, a ANTT e a Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, para definir o formato e detalhes da obra.
Na sequência, haverá uma reunião com a empresa Rumo Logística, e, por fim, o projeto seguirá para análise e validação do Ministro dos Transportes, Renan Filho.



