Empreendedorismo

O que podemos tirar da primeira edição do Web Summit Rio de Janeiro?

Valéria Carrete (*)
Realizada de 1º a 4 de maio, a primeira edição do Web Summit Rio de Janeiro reuniu 21.367 participantes, vindos de 91 países. Foram 974 startups (20% delas fundadas por empreendedoras) e 506 investidores, além de 400 palestrantes, dos quais 37% eram mulheres.

A alta energia dos presentes e a proposta central da conferência, voltada ao networking e troca de experiências, fez com que a capital carioca se tornasse uma verdadeira máquina de conexões e oportunidades para o mundo das startups, evidenciando a importância do evento para o cenário brasileiro de tecnologia e inovação.

Com a presença de renomados palestrantes internacionais, o Web Summit proporcionou discussões relevantes sobre o futuro da Inteligência Artificial (IA), privacidade de dados e sustentabilidade. Outro aspecto notável foi a demonstração de soluções inovadoras e disruptivas por startups brasileiras e internacionais, que chamaram a atenção de investidores e especialistas do setor, mostrando o potencial do mercado nacional de abrigar ideias revolucionárias e gerar impacto global.
O Web Summit destacou a necessidade de colocar o Brasil e a América Latina no mapa da inovação mundial, ressaltando que não há nada que impeça que a próxima grande empresa de tecnologia surja na região.
A conferência também foi elogiada por promover diversidade e inclusão ao criar um espaço onde mulheres e outros grupos sub-representados puderam compartilhar suas perspectivas e contribuições para o mercado.

Entretanto, vale dizer que, na versão nacional, ainda há um caminho a ser percorrido a fim de alcançar um cenário mais adequado em termos de representatividade. Em Lisboa, por exemplo, foram anos de foco no programa “Women in Tech” – que oferecia descontos substanciais nos ingressos para o público feminino – até atingir o equilíbrio de 50% de mulheres no evento.
Mas quais foram as maiores tendências identificadas por lá?
Dentre os temas mais relevantes estiveram a Inteligência Artificial e a tecnologia blockchain, bem como as oportunidades de inovação na área de saúde. A IA foi especialmente abordada, com destaque para sua capacidade de aumentar a produtividade e a eficiência em diversas áreas, desde a produção e tradução de textos até o atendimento ao cliente e o marketing. No entanto, também foram discutidos os riscos e desafios, tais como privacidade e desemprego em massa.
Os debates sobre Inteligência Artificial destacaram a necessidade de equilibrar o seu uso com a compreensão das relações humanas, como afirmou Luis Justo, CEO do Rock in Rio. Ele ressaltou que a IA não deve ser vista como uma simples ferramenta, mas como uma criatura complexa que precisa ser manipulada e controlada.

Discutiu-se a importância de usá-la para resolver problemas e não apenas para criar uma boa experiência para o cliente, reforçando que essa tecnologia pode ser uma extensão das nossas habilidades, mas é preciso regulamentá-la com cuidado para evitar efeitos negativos.
Outro tema forte foi a tecnologia blockchain, que vem sendo utilizada não apenas no mercado financeiro, mas também em outras áreas, como a conectividade segura entre pessoas desconhecidas. O setor de saúde também entrou em pauta como um dos mais inovadores do Brasil, com muitas oportunidades para startups.
Discussões em torno do tema “dados e propriedade” reforçaram a importância da privacidade. É inegável que hoje existe uma demanda cada vez maior por soluções que nos permitam lidar com questões relacionadas à segurança da informação, principalmente no contexto de marketing e vendas e da LGPD (Lei Geral da Proteção de Dados).
Em sua primeira edição no Rio de Janeiro, o Web Summit também deixou ricos aprendizados.
Apesar das inovações tecnológicas e das possíveis preocupações que elas possam trazer, ficou evidente que é crucial lembrar que o ser humano é o início e o fim de todo processo, ocupando o centro de tudo. A tecnologia deve ser vista como um meio e não um fim em si mesma. Ela deve promover benefícios ao ser humano e ao planeta como um todo.
Durante sua apresentação, Neil Patel, um dos maiores nomes do marketing digital mundial, reforçou que nós, consumidores, mudamos substancialmente nossa forma de comprar. Mas questionou o quanto as empresas alteraram sua forma de vender. Parece óbvio, mas sua fala nos leva a pensar nos modelos e tecnologias aplicadas na jornada de compra no Brasil, em coisas que já são realidade em outros países, mas são incipientes por aqui.
De modo geral, vale dizer que o Web Summit teve seus altos e baixos, mas fato é que diante de toda a troca de conhecimento promovida durante os quatro dias de evento ficou mais que comprovado o sucesso desta primeira edição no Rio de Janeiro. Que venha a próxima!

(*) Valéria Carrete é Chief Revenue Officer da R2U e
Chief Metaverse Officer da Converge

Redação JBA Notícias

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