15 organizações não governamentais assinaram uma carta aberta pedindo ao Internacional Finance Corporation (IFC), organização parte do Grupo Banco Mundial, a não aprovar um investimento de 160 milhões de reais ao produtor brasileiro Alvoar Lácteos. Uma investigação publicada hoje, dia 27 de abril, pela ONG Sinergia Animal em www.pareoemprestimo.com revela práticas que causam sofrimento animal na cadeia de produção de leite da empresa, incluindo possível abate ilegal. A investigação também levanta várias preocupações ambientais e de saúde pública.
Os 25 diretores do IFC de todo o mundo devem decidir sobre o investimento no dia 30 de abril. Organizações internacionais estão pedindo que a decisão seja adiada para que os diretores possam analisar as evidências coletadas na investigação.
“Nossa investigação revelou que, nos fornecedores da Alvoar, os bezerros são separados das mães logo após o nascimento, os machos passam fome por até 18 horas e são mandados para o abate com apenas algumas horas ou dias de vida. Eles admitiram que os bezerros machos recém-nascidos são entregues a pessoas que podem matá-los fora dos abatedouros legalizados, o que pode configurar crimes de saúde pública e crueldade contra animais de acordo com a legislação brasileira”, explica Carolina Galvani, Diretora Executiva da Sinergia Animal. “As imagens mostram que os que são mortos em um abatedouro legalizado podem não ter sido devidamente insensibilizados e podem estar conscientes e sentindo dor, segundo especialistas que avaliaram as filmagens”, completa.
O vídeo publicado pela Sinergia Animal também revela que as vacas sofrem queimaduras profundas com pasta cáustica, usada para impedir que seus chifres cresçam. Além disso, as bezerras são mantidas em gaiolas tão pequenas que mal conseguem se mover, com dificuldade até mesmo para girar em torno de si mesmas.
“Se aprovado, o IFC financiará um dos negócios mais poluentes de toda a indústria de alimentos”
Quinta maior produtora de lácteos do Brasil, a cadeia produtiva da Alvoar Lácteos, dona das marcas Embaré, Camponesa e Betânia, é composta por mais de 5.500 fazendas. O investimento do IFC apoiaria o programa de expansão da empresa – o que levanta preocupações sobre os impactos ambientais da decisão.
Além das práticas controversas flagradas contra os animais, as fazendas leiteiras são uma das mais poluidoras e maiores consumidoras de recursos naturais da indústria alimentícia, sendo responsáveis por altos índices de emissão de gases de efeito estufa e uso de água e solo.
“O IFC diz que está comprometido em mitigar as mudanças climáticas, mas está considerando financiar um dos negócios mais poluentes de toda a indústria de alimentos. Agora é pedir que sejam coerentes e não financiem essas práticas controversas”, aponta Galvani.
Mais informações sobre os registros da investigação e formas de entrar em contato com o Banco Mundial podem ser acessadas em www.pareoemprestimo.com
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