Não há nada como a voz humana. Ela é nosso principal meio de comunicação e um dos elementos mais marcantes da nossa personalidade. A voz também desempenha papel importante na percepção do gênero e a não conformidade pode gerar impactos psicossociais. As intervenções médicas e fonoaudiológicas contribuem para a transição de gênero efetiva. Para levar conhecimento e mostrar essas possibilidades, o médico otorrinolaringologista Guilherme Catani lança “O guia de readequação vocal para pessoas trans”, pela Editora Appris. Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o autor apresenta informações seguras, atuais e científicas sobre a transição vocal.
A hormonioterapia, a fonoterapia e as cirurgias proporcionam ganho de autoestima e da conformidade corpo-voz. “Foram inúmeros artigos, livros, seminários e cursos para me aprofundar no assunto. Tudo isso me deu bagagem para oferecer a possibilidade de adequação vocal. Quando descobri o poder do tratamento e cirurgias como a tireoplastia e a glotoplastia, me encantei com a possibilidade de contribuir para que as pessoas trans pudessem se reconhecer ao falar”, explica o médico otorrinolaringologista do Hospital de Clínicas da UFPR e do Hospital Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia.
A autopercepção quanto à qualidade de sua voz é um aspecto fundamental para uma transição bem-sucedida. “Engana-se quem acredita que a cirurgia de mudança vocal serve apenas para mudar a voz das pessoas. Seus benefícios vão muito além. O que mais vejo de diferença na vida delas após o procedimento é o quão autênticas elas se tornam, afinal, a voz se encaixa com a personalidade da pessoa e forma uma identidade única. Além da autenticidade, também vejo o quanto ter a voz harmônica com quem você é te dá mais autoconfiança para as mais diversas situações. Tira toda a vergonha, a insegurança e até o medo de coisas simples, como falar no telefone”, esclarece.
As técnicas usadas no Brasil são avançadas e as mesmas do restante do mundo. Mas há apenas cinco centros credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que promovem cirurgias para afirmação de gênero no país, localizados nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia e Recife. Assim, a maioria dos pacientes precisa buscar a rede privada. “A dificuldade que observo é que muitas pessoas não sabem dessa possibilidade ou que existe aqui no Brasil. “O guia de readequação vocal para pessoas trans” não tem o objetivo de incentivar a cirurgia e sim mostrar as oportunidades”, relata Guilherme Catani, preceptor da Residência Médica em Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.
Com linguagem direta e acessível, este é o primeiro livro que aborda exclusivamente a voz das pessoas trans e está dividido em duas partes. A primeira traz o embasamento teórico com aspectos legais e gerais, seguindo com descrições das possibilidades de transição vocal. A segunda parte, no formato “perguntas e respostas”, conta com informações práticas sobre a transição vocal. As duas partes são independentes, podendo ser lidas separadamente.
Sobre o autor: Possui Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestrado em Medicina (Clínica Cirúrgica) pela Universidade Federal do Paraná e Doutorado em Medicina (Clínica Cirúrgica) pela UFPR. Atualmente é médico otorrinolaringologista do Hospital de Clínicas da UFPR, médico otorrinolaringologista do Hospital Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia e da clínica Transgender Center Brazil. É também professor adjunto de Otorrinolaringologia da UFPR, professor da Especialização Latu Sensu em Otorrinolaringologia da UFPR e preceptor da residência médica em Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.
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