Entrevista com Victor Inoue, head de produtos da WIT Invest, sobre a reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que ocorre dias 06/12 e 07/12, a sétima reunião do ano para definir juros básicos – Selic
O mercado precifica a manutenção da Selic em 13,75%, mas o BCB já disse que a PEC da Transição está no radar do Comitê. Campos Neto, presidente do Banco Central, explicou que seria possível novos aumentos na taxa de juros, caso a convergência da inflação para a meta não ocorra da forma planejada.
Não acredito que isso irá influenciar a decisão da reunião de dezembro, porém, caso os eventos citados levem a uma deterioração nas expectativas do mercado, principalmente das projeções de inflação e Selic, é provável que isso seja mencionado na ata da reunião do COPOM.
O risco fiscal não está sob controle. A PEC apresentada pelo governo eleito levaria a um déficit de até 2,6% do PIB em 2023 e permaneceria em terreno deficitário pelo menos até 2026. Caso a PEC não seja desidratada, podemos entrar em um cenário de dívida insustentável levando a uma situação de dominância fiscal.
Não acreditamos que o BCB reduza a Selic nas próximas reuniões. No cenário pré-eleição esperávamos o início de cortes no segundo semestre de 2023, mas devido aos ruídos recentes sobre política fiscal o cenário se tornou muito incerto. Também não esperamos nova deflação, o efeito dos cortes de impostos já foi completamente absorvido.
Devido ao ruído referente à responsabilidade fiscal do governo eleito, houve uma deterioração das expectativas.
Antes das eleições, esperávamos que o ciclo de queda começasse no início do segundo semestre de 2023. Com a piora do risco fiscal, isso se tornou ainda mais incerto.
Em geral, nos ciclos de juros os ativos de riscos tendem a performar bem. Bolsa e ativos de renda fixa com vencimentos mais longos seriam os mais beneficiados.
Bancos e seguradoras tendem a performar melhor em cenário de juros altos, por conta do aumento dos spreads e do ganho financeiro do Float, respectivamente.
Em relação a construção civil e varejo, são setores que se beneficiam de juros mais baixos.
O impacto de uma China com políticas de covid menos restritivas é muito positivo. Já observamos uma mudança de postura das lideranças chinesas, e o foco voltou a ser crescimento econômico.
Tivemos um rally de mais 20% no preço do minério de ferro, com IMAT acompanhando parte dessa alta.
Acredito que sim. A postura do governo Lula em relação a assuntos como meio ambiente e desigualdade facilita a atração de capital internacional. Mas para que isso ocorra precisamos de um fiscal minimamente estável.
Começando pelos pontos positivos, quando olhamos para Bolsa, o Ibovespa tem uma composição muito atrativa devido sua exposição a commodities e ao fator valor, na renda fixa nosso juro real elevado também é um ponto forte, a relação risco/retorno está bem interessante, principalmente em títulos atrelados à inflação.
O que mais pesa para o investidor hoje é a incerteza fiscal, inflação americana deixou os holofotes.
Em renda variável, os ativos mais afetados devem ser as estatais. Ainda é muito incerto como o governo irá lidar com empresas como Petrobrás e Banco do Brasil.
Na renda fixa, os títulos pré-fixados sofrem a maior volatilidade. O mercado de juros sofreu muito com a expectativa de um governo expansionista.
Em renda variável, a preferência é por empresas de qualidade, principalmente com baixa alavancagem e poder de repasse de preços.
Na renda fixa, o pré-fixado se tornou mais arriscado. Preferência por ativos pós-fixados e inflação.
Os pré-fixados se tornaram mais arriscados. A probabilidade de termos uma inflação elevada aumentou com as declarações recentes do governo eleito. Nos investimentos em crédito privado, a qualidade se tornou ainda mais relevante, principalmente alavancagem.
A maior assimetria se encontra nos ativos atrelados à inflação, estamos com juros reais em níveis históricos.
As estatais e empresas com endividamento alto devem sofrer maior volatilidade. É um momento em que é arriscado comprar um ativo apenas porque caiu muito e parece ter ficado barato.
Exportadoras por terem receita em dólar se tornam uma boa opção defensiva na carteira, apesar da tendência de queda do dólar frente a outras moedas.
Setores sensíveis a aumento de juros e com valuation esticado tendem a sofrer mais nesse período de incerteza enquanto o setor de commodities e elétricas são mais resilientes.
Sobre a WIT – Wealth, Investments & Trust
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