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Paraná, rico e forte na economia, pobre e fraco na representatividade

O Paraná é um estado rico e pujante com parque industrial diversificado, moderno e de alta tecnologia que produz quase de tudo, de biscoitos a automóveis. É destaque na agricultura porque com apenas 2% do território brasileiro responde por mais de 20% da produção nacional de grãos. É, também, importante produtor de alimentos com base de proteína animal, segmento em que registra elevados índices nas exportações de carne bovina, suína e de aves e está desenvolvendo arrojados projetos na piscicultura.

Seu PIB está entre os cinco maiores do país em um conjunto de 27 unidades federativas e tem crescimento superior à média nacional. O estado é considerado inovador e referência mundial em tecnologia do campo.

O Paraná ocupa o primeiro lugar na avaliação do Ideb (Indice de Desenvolvimento de Educação Básica) e possui extensa e qualificada rede de ensino de segundo e terceiro graus oficial e particular.

Porém, em termos de representatividade no cenário nacional o estado é o oposto. Sua força e sua postura não estão à altura da posição que ocupa no conjunto dos demais membros da federação.

Nesse sentido, o Paraná não se valoriza, não ocupa os espaços, é tímido nas reivindicações, sem vigor para se impor e ter seus pleitos com mais facilidade ouvidos e atendidos.

No passado, dizia-se que o Paraná era um estado com dificuldade de exibir identidade própria. Face à influência das migrações, sua formação demográfica estava baseada em populações vindas de outros estados, provavelmente atraídas pelas terras férteis e pelas promissoras perspectivas que o estado oferecia. Assim, o Paraná carecia de raízes sociais e culturais autóctones.

Para corroborar essa assertiva, até meados do século passado o Oeste e o Sudoeste do Paraná eram fortemente influenciados pelos costumes e tradições do Rio Grande do Sul, porque essas regiões foram colonizadas por levas de migrantes gaúchos, especialmente ligados ao cultivo da terra e criação de gado. De outro lado, o Norte paranaense era influenciado por São Paulo. Os paulistas vieram, a princípio, explorar a terra-roxa, adequada para a cafeicultura.

Dessa forma, a população daqui era mais paulista e gaúcha do que propriamente paranaense.

Até na escolha política essa influência teve peso. Houve épocas em que os paranaenses elegiam como representantes no Congresso Nacional pessoas alheias ao estado. Em 1958, Jânio Quadros se candidatou a deputado federal pelo Paraná – e foi eleito. Outro político que não tinha nenhuma identificação com o estado, e como Jânio era político de São Paulo, Plínio Salgado também foi eleito deputado federal paranaense. Na eleição seguinte, 1962, foi reeleito… por São Paulo, seu legítimo estado.

Até Getúlio Vargas foi deputado pelo Paraná. Isso ocorreu na formação da Assembleia Constituinte de 1946. Aliás, Vargas foi eleito senador por dois estados e deputado constituinte por mais sete. Pouco assíduo às sessões da Constituinte, não apresentou nenhuma proposição que tivesse relação com o Paraná.

É evidente que os tempos mudaram,  aos poucos o Paraná vem consolidando sua identidade própria, inclusive na política. Porém, a possibilidade de candidaturas pouco ou nada identificadas com o estado está presente em cada eleição. A esposa de um ex-presidente recente, que mal conhece o estado e é pouco conhecida de seus eleitores, está bem colocada nas pesquisas de intenção de votos para o Senado. No pleito de 2022, Sérgio Moro, apesar de ser paranaense e aqui ter feito sua carreira profissional na magistratura, inclusive ganhando notoriedade nacional, menosprezou sua terra, preferindo ser político de São Paulo e não do Paraná. Se deu mal, porque a Justiça Eleitoral impediu a transferência do domicilio e ele voltou ao Paraná, disputou a eleição e foi eleito senador com expressiva votação.  

Também importante quando se trata de qualidade da representatividade política é o papel do eleitorado, que decide a formação das bancadas no Congresso e que muitas vezes escolhe equivocadamente, no calor de emoções que inibem uma decisão sensata e inteligente.

Enfim, boa representação e forte representatividade são extraordinário capital político para qualquer estado. O Paraná, por todos os seus predicados, pela pujança e pela posição que ocupa merece ser bem representado e tem a obrigação de falar mais alto.

Redação JBA Notícias

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