A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) realizou uma experiência inédita no evento Câmara Aberta: 18 cidadãos previamente inscritos puderam se manifestar na Tribuna do Povo diretamente aos vereadores e ao público presente, apresentando ideias, críticas e sugestões.
O momento de fala aberta encerrou as programações do dia e contou com discursos sobre segurança pública, educação, sustentabilidade, mães atípicas, funcionalismo, transporte e obras públicas. Cada participante teve até 1 minuto e 30 segundos para falar no microfone, sendo a ordem das falas definida por ordem de chegada.
A atividade foi coordenada pelo ouvidor do Legislativo, Antonio Borges dos Reis.
“Eu acho que esse espaço tem que crescer cada vez mais. É muito importante que exista um diálogo efetivo, uma escuta ativa das demandas da sociedade”, afirmou Verônica Rodrigues, do movimento SOS Arthur Bernardes, que foi uma das pessoas a fazer uso da palavra.
A ativista disse, porém, que um minuto e trinta é “muito pouco para tantas demandas” e cobrou que a Tribuna do Povo não seja “mais um espaço onde essa escuta não acontece de fato”. “Escutar de verdade significa, de fato, levar em consideração algumas demandas e fazer alterações na gestão”, completou.
O presidente da Câmara, vereador Tico Kuzma (PSD), que acompanhou todas as manifestações, fez uma avaliação positiva da participação popular.
Ele lembrou que existem outros momentos de participação popular, como as audiências públicas e as Tribunas Livres, que ocorrem nas sessões das quartas-feiras, e que o ineditismo ficou por conta do Legislativo abrir em um sábado e permitir a livre manifestação dos curitibanos.
Kuzma acrescentou que o ouvidor vai sistematizar as manifestações realizadas e encaminhar “o que for de competência do Município diretamente às comissões temáticas da Câmara Municipal, para que seja dado o encaminhamento e, de repente, [para que os vereadores] apresentem alguma solução, alguma proposta para aquilo que foi trazido”.
Participante esteve entre a tensão e a coragem
Clesio França da Costa discursou em nome de um grupo de alunos do curso de Direito da FAE Centro Universitário.
Ele apresentou uma sugestão para que Curitiba passe a adotar uma tecnologia de asfalto permeável, de forma a melhorar a drenagem da cidade e reduzir as enchentes. O estudante revelou que se sentiu tenso antes da fala, mas que, ao final, a coragem prevaleceu.
“Estar aqui e falar para as pessoas é um ato de coragem. Ocupar este espaço, que muitas vezes não é ocupado pela própria população, eu acho isso muito interessante. É algo que agrega muito, não somente para nós, mas também para a população toda, porque, às vezes, é um ponto que outras pessoas também acabam abordando, só que não têm a oportunidade de falar”.
Outra a aprovar o Tribuna do Povo foi Ellen Andreis, líder comunitária no bairro Jardim Botânico. “Eu gostei muito da experiência. É importante trazer [essas demandas] pelo coletivo, pelo bem do próximo”, avaliou. A líder disse que outro lado positivo é o incentivo para que outras pessoas também participem. Ela acredita que uma maior participação popular vai ajudar os vereadores a terem uma melhor compreensão sobre a “cidade como um todo”.
Integrantes da Comissão Executiva da Câmara de Curitiba, ao lado de Tico Kuzma, os vereadores Bruno Rossi (Agir) e Indiara Barbosa (Novo) também fizeram uma avaliação positiva do Câmara Aberta.
“Nós sabemos que muita gente acaba não conseguindo vir participar das atividades legislativas, de segunda a sexta-feira, então foi importante essa abertura da Casa. Tivemos diversos atendimentos, com a Defensoria Pública, com a vacinação, entre outras atividades. O meu gabinete atendeu mais de 20 pessoas hoje, então foi muito importante esse momento. Estamos muito orgulhosos com a aceitação. A população gostou, e eu acredito que futuramente teremos mais encontros aos sábados”, projetou Rossi.
Indiara Barbosa, por sua vez, disse ter convidado pessoas para participar de diversas atividades, como a visita guiada e a Tribuna do Povo.
“Achei muito positivo este evento. A Câmara está cheia, então mostra que realmente isso, da população vir no sábado, que às vezes não consegue vir durante a semana, faz sentido. Acho que a gente deve continuar esse projeto, de tempos em tempos, trazer a população para vir participar aqui na Casa do Povo”, concluiu.