Por Helen Mavichian*
As competências socioemocionais, estão cada vez mais presentes nas atividades desenvolvidas por educadores e pedagogos no sistema de ensino em nosso país, mas ainda há muito a ser feito para que alcancem o patamar de desenvolvimento que realmente será valorizado pelo mercado de trabalho em que crianças e adolescentes estarão inseridas no futuro.
Destacadas pelas diretrizes estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), essas habilidades têm ganhado ainda mais holofotes neste período pós-pandemia, em que crianças e adolescentes retomaram quase que totalmente o convívio social no ambiente escolar e questões como saúde mental passaram a ser mais discutidas. Com a volta desse convívio as competências socioemocionais são essenciais para um relacionamento saudável entre os pares.
Fazem parte das competências socioemocionais habilidades como:
A realidade é que, durante muito tempo, as escolas valorizaram o desenvolvimento cognitivo como sendo um dos principais conhecimentos do processo de ensino e aprendizagem, o que fez com que as instituições mais tradicionais prezassem a inteligência matemática, linguística e científica em detrimento das competências socioemocionais.
Para reverter esse cenário, torna-se necessário que todas essas capacidades listadas acima e que visam o desenvolvimento das dimensões comportamentais e relacionais dos indivíduos, sejam manifestadas por meio de todas as práticas pedagógicas apresentadas aos alunos. De acordo com a BNCC, as competências socioemocionais devem ser priorizadas em sala de aula pelos educadores para que o ensino acadêmico realmente prepare crianças e adolescentes para o futuro. Para isso, a rotina no ambiente escolar deve contemplar atividades que valorizem a atuação multidisciplinar e o exercício da escuta ativa, da cooperação e do respeito ao próximo. É uma mudança que permite aos educadores dar o respectivo valor à diversidade de saberes e às diferentes vivências culturais dos alunos.
Em outras palavras, é importante exercitar a empatia, o diálogo, a cooperação e a resolução de conflitos dentro do ambiente escolar, para que crianças e adolescentes consigam ter mais autonomia, responsabilidade e determinação, o que resultará em um olhar mais ético, democrático e inclusivo. Só assim passa a ser viável o desenvolvimento de habilidades como a de resolver conflitos de uma maneira mais adequada, por meio do respeito às diferenças tão presentes nos ambientes escolares. É também uma forma de incentivar o protagonismo e a autonomia nos estudos e na vida pessoal como um todo.
Mas para chegar nesse patamar de transformação, é essencial que os professores e os gestores escolares estejam realmente envolvidos no desenvolvimento das competências socioemocionais. Isso deve ser feito não apenas nas atividades escolares do dia a dia, mas também por meio de oficinas, palestras e outros eventos extracurriculares. Jogos e outras propostas lúdicas como música, teatro e escrita também favorecem o desenvolvimento dessas habilidades.
Para desenvolver as competências socioemocionais no cotidiano escolar da melhor forma, é importante ser bem criterioso, inclusive durante o processo de escolha dos materiais didáticos que serão utilizados pelos alunos. É essencial que seja priorizado o uso de versões atualizadas e coerentes com as competências socioemocionais que se deseja aprimorar.
O ambiente escolar também deve ser observado, pois, para garantir o bom convívio entre os alunos e promover a integração da diversidade no ambiente de ensino, ele precisa ser acolhedor. Os espaços em que os alunos praticam suas atividades devem favorecer a escuta e a harmonia, para que todos se sintam à vontade para formar vínculos e fazer amizades. Cabe aos professores, que estão em contato direto com os estudantes em sala de aula, também garantir um ambiente saudável e adequado ao processo de aprendizagem.
Outro ponto de atenção é que as aulas sejam planejadas com antecedência de forma que as competências socioemocionais como o autoconhecimento e a empatia permeiem todas as atividades e não somente algumas de forma isolada. Só assim o conhecimento cognitivo contribuirá de fato com o desenvolvimento emocional e formará uma geração de cidadãos mais conscientes e responsáveis socialmente.
O ideal é que os líderes educacionais se organizem o quanto antes para transformar a prática pedagógica, rumo a ações mais significativas, inclusivas e democráticas. Para isso, todos os educadores precisam realmente reconhecer que essas práticas educativas trazem benefícios reais para a formação acadêmica e o futuro profissional das nossas crianças e adolescentes. Não é uma transformação que acontecerá de uma hora para a outra, mas é uma evolução que será conquistada aos poucos e requer o empenho de toda a sociedade.
* Helen Mavichian é psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em Psicologia, com especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em neuropsicologia e avaliação de leitura e escrita. Mais informações em https://helenpsicologa.com.br/
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