Prefeito entrega casa para acolher migrantes
Curitiba tem agora um equipamento para atender famílias que chegam à cidade sem ter onde morar e nem condições de se sustentar. É a Casa da Acolhida para Família Migrante, inaugurada oficialmente pelo prefeito Rafael Greca, no Alto Boqueirão, nesta quinta-feira (31/3).
Além da abertura do espaço, o evento teve festa de aniversário, com direito a bolo e parabéns, cantado em português e espanhol, em homenagem ao adolescente venezuelano Samuel Sucre Arcia, que completa 14 anos.
Coordenado pela Fundação de Ação Social (FAS), o acolhimento funciona na modalidade de república, como se fosse uma casa, onde as famílias mantêm a organização do ambiente. Com a nova unidade, o município busca acolher, proteger e integrar migrantes, prioritariamente estrangeiros, e refugiados na cidade.
“Nós estamos na Rua dos Pioneiros, onde a FAS está abrindo uma casa de acolhida aos migrantes. É para pessoas que vêm da Venezuela, do Haiti, da Ucrânia, para que elas fiquem acolhidas em Curitiba, no primeiro momento da chegada na nossa cidade”, explicou Greca.
Para o prefeito, a abertura da unidade demonstra o quanto Curitiba é uma cidade humanitária. “Curitiba é acolhedora e o trabalho da Fundação de Ação Social é evitar que as pessoas fiquem em situação de rua”, completou.
Capacidade
A Casa da Acolhida para a Família Migrante tem capacidade para atender até 20 pessoas simultaneamente, em cinco quartos individuais para as famílias, cada um com quatro camas.
Toda família possui a chave do seu espaço, para que tenha a privacidade preservada.
A casa tem ainda cozinha, sala, banheiro e lavanderia, que são compartilhados.
O imóvel onde funciona a república é próprio. Além da oferta do local, a FAS é responsável pelas despesas de água, luz, gás, manutenção de lâmpadas, chuveiros e demais necessidades que possam surgir.
Uma equipe técnica da fundação acompanha o funcionamento da unidade, durante visitas periódicas.
Além de ajudar na gestão coletiva do espaço, que tem até mesmo regimento interno, a equipe faz o acompanhamento psicossocial dos moradores, além dos encaminhamentos para outros serviços, caso seja necessário.
Em funcionamento desde novembro de 2021, a república já atendeu quatro famílias e atualmente conta com outras quatro em acolhimento.
Todas são venezuelanas.
Atendimento
A Casa da Acolhida atende famílias com filhos menores de 18 anos. Entre os pré-requisitos para o atendimento, a família deve ter perspectiva a curto prazo de alcance de autonomia de moradia e autossustento, explica o presidente da FAS, Fabiano Vilaruel, que participou da inauguração ao lado do prefeito.
O processo de permanência e o acompanhamento na casa é feito pela equipe do Núcleo Regional da FAS Boqueirão, que elabora com a família um plano de atendimento.
Para ser acolhida na república, a família precisa passar antes por atendimento técnico.
Agradecimento
Venezuelana, Rosa Elena Sucre Arcia, 48 anos, está na Casa da Acolhida há um mês. Com ela estão os filhos Samuel e Andreina, a mãe, Elena, de 80 anos, a sobrinha Viviane e o sobrinho-neto Eleider Alfonso, 6 anos.
Eles ocupam dois quartos da república, onde encontram apoio para se adaptar à nova vida.
Rosa aguarda a documentação para que possa trabalhar, enquanto as crianças e adolescentes já estão na escola.
“Eu estou apaixonada por Curitiba, que é uma cidade muito recomendada pelo apoio que oferece às pessoas, pela Saúde, pela Educação”, comentou Rosa, que morou durante oito meses com a família em Boa Vista, Roraima.
“Estou muito agradecida ao Brasil, às mulheres brasileiras que são muito lindas e muito fortes. É uma gente maravilhosa, profissionais competentes que fazem de tudo para nos apoiar”, disse Rosa, em espanhol.
Com o marido, Rami Abouharb, 46 anos, e os filhos Axel, 12, e Astride, 15, a venezuelana Flor, 44, está em Curitiba há uma semana e esperançosa por um futuro melhor.
“Escolhemos Curitiba para morar por ser uma cidade organizada, limpa, segura, com boa infraestrutura e, ainda, por cuidar bem dos animais”, contou.
Flor havia conhecido Curitiba em 2019, mas conta que naquela época não imagina que um dia viria morar na cidade. “Dizem que Curitiba é uma cidade de povo fechado, mas as pessoas que estão aqui mostram que isso não é verdade”, brincou.