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Cidadania

Projeto Empoderando Refugiadas forma mulheres venezuelanas em Boa Vista e Curitiba

A formação da sétima edição do Empoderando Refugiadas se encerrou no mês dezembro com 116 mulheres venezuelanas capacitadas para o mercado de trabalho brasileiro. Destas, mais de 50 receberam certificado de conclusão de curso na última quinta-feira (8) em Boa Vista (RR) e outras 13 concluíram a formação em Curitiba (PR) ontem (14), antes de participarem de uma feira de contratação. As turmas contemplaram a participação de mulheres com deficiência, doenças crônicas, LGBTQI+ e acima de 50 anos.
O projeto Empoderando Refugiadas é uma iniciativa realizada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Pacto Global da ONU no Brasil e ONU Mulheres. O objetivo é promover capacitação, empregabilidade e a interiorização de mulheres refugiadas e migrantes que buscam oportunidades de trabalho no Brasil.
Além dos cursos de preparação para o mercado de trabalho brasileiro oferecidos às mulheres, o projeto busca sensibilizar empresas para a importância de equipes diversas e inclusivas. Assim, mulheres podem ser interiorizadas de forma voluntária para outras cidades do Brasil já com uma vaga de emprego sinalizada, após entrevistas realizadas com empresas interessadas.
Esse é o caso da Egimar, que vive há três meses no Brasil e recebeu o certificado do curso de Processos Logísticos em Boa Vista. Durante a cerimônia, ela comemorava também a vaga de emprego que conseguiu em São Paulo (SP). “Vim para o Brasil pensando em trabalhar, crescer e buscar uma estabilidade. Tive a oportunidade de participar do projeto Empoderando Refugiadas e isso ajudou a aprender coisas novas e inovar meus conhecimentos. O projeto é muito importante porque a gente se sente produtiva, poderosa e que podemos fazer qualquer coisa que quisermos. É muito maravilhoso”, celebrou Egimar, que está em processo de interiorização.
Betzys também esteve entre as formandas da sétima edição do Empoderando Refugiadas em Roraima. Ela vive com uma deficiência que limita os movimentos no braço, mas não a sua capacidade de aprender, de trabalhar e de conseguir sua autonomia financeira no Brasil. “O projeto tem nos ajudado a conseguir um trabalho e seguir adiante. É algo bom porque, com o curso, podemos conseguir um emprego, ajudar a nossa família e ter a oportunidade de sermos interiorizadas. Quero seguir avançando e tenho em vista um futuro melhor no Brasil. O curso nos deu ânimo como mulheres, pois podemos chegar mais longe e temos capacidade para isso”, ressalta.
Iniciado em 2015 em São Paulo, o Empoderando Refugiadas chegou a Roraima para responder ao aumento do fluxo de pessoas refugiadas e migrantes vindas da Venezuela e, sobretudo, promover oportunidades para mulheres. Desde 2018, mais de 9 mil pessoas foram interiorizadas com vaga de emprego sinalizada, das quais apenas 29% são mulheres. Neste sentido, o projeto visa trabalhar junto com a Operação Acolhida para elevar a participação de mulheres nessa modalidade de interiorização.

Para Luis Lacortt, Chefe da subcélula de Vaga de Emprego Sinalizada da Operação Acolhida, as capacitações oferecidas são um diferencial para o empregador. “O curso capacita as beneficiárias venezuelanas e isso é muito importante porque, quando recebemos esse público capacitado, ns já apresentamos um diferencial para as contratações. Aumenta o interesse das empresas vendo que essas pessoas estão preparadas, e isso é bom para todos. Hoje, algumas mulheres que se formaram e receberam o certificado já estão em processo de interiorização pela vaga de emprego sinalizada”, destacou.

De acordo com Camila Sombra, associada de Soluções Duradouras do ACNUR, o sucesso da iniciativa também está na diversidade e na inclusão. “O Empoderando Refugiadas destaca o potencial das mulheres refugiadas e migrantes para sua contratação, valoriza a transversalidade ao atender diferentes perfis de mulheres, em especial os que enfrentam mais dificuldade de inserção no mercado de trabalho, e incorpora na prática o investimento social e de resultados efetivos para as empresas”, destaca.

Para Mariana Salvadori, gerente de projetos da ONU Mulheres, iniciativas como o Empoderando Refugiadas conseguem chamar a atenção para demandas específicas ligadas a mulheres refugiadas e migrantes. “Muitas mulheres que participam dos cursos são as únicas responsáveis pelo sustento do lar e o cuidado de crianças. Há também aquelas que ficam nos abrigos com filhos e filhas enquanto apenas o marido consegue ser interiorizado com uma vaga de emprego. O Empoderando Refugiadas é uma forma de alcançar essas mulheres que, muitas vezes, possuem formação e experiência, mas mesmo assim têm dificuldades em acessar o mercado formal de trabalho”, afirma.

Tayná Leite, gerente do Pacto Global da ONU no Brasil, acrescenta que preparar lideranças e colaboradores para entender o contexto de vida de pessoas refugiadas para então recebê-las e apoiá-las é um pilar essencial do Empoderando Refugiadas, e isso passa pela compreensão de que há necessidades e questões de vulnerabilidade e pertencimento muito específicas. “A diversidade como valor transversal da cultura da empresa é o que propicia verdadeiro impacto no ambiente de trabalho, nos negócios e na vida das pessoas”, diz.

A sétima edição do Empoderando Refugiadas contou com o patrocínio de Lojas Renner SA e Iguatemi, bem como com o apoio de AVSI Brasil, Fraternidade sem Fronteiras, Operação Acolhida e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

Para saber mais sobre os resultados do Empoderando Refugiados e as conquistas do projeto desde 2015, acesse: www.acnur.org.br/empoderando-refugiadas

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