Cultura

Rodrigo GR6: o produtor que está mudando a indústria da música

Rodrigo Oliveira, empresário recifense, começou sua trajetória no mundo da música com o grupo de pagode 6ª Arte, apesar do interesse inicial pela música, seu verdadeiro foco sempre foi o empreendedorismo.

Rodrigo Oliveira, empresário recifense, se mudou para São Paulo ainda jovem e começou sua trajetória no mundo da música com o grupo de pagode 6ª Arte em 2004. Apesar do interesse inicial pela música, seu verdadeiro foco sempre foi o empreendedorismo. O primeiro artista agenciado por Rodrigo foi MC Léo da Baixada, o que deu início a uma série de sucessos na cena musical nacional.

Sob sua gestão, a produtora de funk GR6 se tornou uma potência na promoção de talentos como MC’s Kevin, Neguinho do Kaxeta, Davi, Menor da VG, Dricka, Hariel, Livinho, IG e Don Juan. Rodrigo Oliveira tem estabelecido parcerias com grandes gravadoras mundiais, permitindo que o funk e o rap ocupem o mesmo espaço de destaque que gêneros mais tradicionais como pop e sertanejo.

Rodrigo já assinou mais de 30 contratos milionários com distribuidoras e gravadoras de renome como Warner Music Brasil, Som Livre, Sony Music, Believe e A Base Records. Essas parcerias têm sido fundamentais para a ascensão de novos talentos e a consolidação de artistas já conhecidos no cenário musical.

Durante a pandemia, Rodrigo GR6 firmou uma importante parceria com a Virgin Music Group, parte da Universal Music Brasil, o que foi crucial para a introdução da música urbana no mercado de streaming. Ele também construiu uma sede multifuncional para a GR6, com departamentos que abrangem desde o financeiro até o artístico, e 12 estúdios que operam 24 horas para gravações.

A GR6 não só gera empregos diretos e indiretos, como também contribui para a monetização da periferia, com colaboradores que têm raízes no movimento funk. Rodrigo, com sua personalidade e trabalho, se aproximou de grandes nomes de outros gêneros musicais e ramos do entretenimento, estabelecendo parcerias com marcas renomadas como Banco Itaú, Nike e Coca-Cola.

Rodrigo Oliveira elevou o casting da GR6 às principais posições nas plataformas de streaming como Spotify, e o canal GR6 Explode no YouTube alcançou 3,5 bilhões de acessos em 2023. Ele também conseguiu inserir a música urbana na televisão brasileira e nos telões da Times Square, além de promover a participação de MC Bin Laden no Big Brother Brasil 2024. Em 2024, a GR6 planeja novos investimentos em grandes festivais musicais, incluindo eventos como o Baile do Poderoso e Revoada do Tubarão.

Confira a entrevista:

Quais são suas principais inspirações e influências na música?

Busco me inspirar e respeito muito quem veio primeiro, sabe? Tenho grande respeito pela rapaziada que abriu caminho no mato no nosso seguimento da música urbana, como por exemplo Racionais Mc’s , inclusive, hoje tenho orgulho de ter como Vice Presidente aqui na empresa o nosso ilustre ICE BLUE, integrante dos Racionais e que vem colaborando muito com sua experiência e bagagem fora de série. Gosto muito de MPB, Samba e Pagode também, tem muita cultura, muita história, posso dizer que sou um grande admirador da música brasileira. Nosso país tem uma cultura musical riquíssima e que quero muito um dia poder expandir pro mundo todo, mas isso é assunto pra mais tarde.

O que o motivou a entrar na indústria da música e do entretenimento?

Na verdade eu comecei na indústria do entretenimento trabalhando promovendo festas e particularmente fazia isso muito bem. As festas bombavam cada vez mais até que me sugeriram ter um artista para agenciar nas festas que fazia, já que eu contratava muito para essas festas e foi assim que tudo começou, de forma muito natural e com muita coragem pra seguir, já que não tinha grana suficiente pra investir na época.

Qual foi o primeiro grande sucesso da GR6 e como ele impactou sua carreira?

Um grande hit da GR6 nos primórdios foi “DOM DOM DOM” com Mc Pedrinho, mas tivemos tantos outros, inclusive “BAILE DE FAVELA” que foi um hit global, com MC JOÃO, enfim, um grande case do funk e que toca até hoje no exterior, tendo sido utilizada nas olimpíadas e até hoje em diversas sincronizações para comerciais publicitários, filmes e afins. A partir de “dom dom dom” os shows explodiram, o faturamento aumentou muito e com isso fomos capazes de ter fôlego para contratar mais artistas para nosso “casting” (roster).

Você teve algum mentor ou figura inspiradora que influenciou sua carreira?

Posso afirmar com todas as letras que duas figuras foram essenciais na minha carreira, na minha história, enfim, que são a minha falecida mãe Dona Nilza e minha esposa Denise. As duas tiveram papel fundamental me ajudando desde o marco zero. Nunca vou esquecer das noites em claro que minha mãe passou ao meu lado fazendo cola caseira para que pudesse colar os cartazes de divulgação lambe-lambe por toda São Paulo, de forma incansável, bem como me apoiando e me dando força nos momentos que precisei e que fraquejei, isso é inesquecível e muito emocionante pra mim. De outro lado, minha esposa que sempre esteve comigo também desde o dia 00, trabalhando noite a noite após noite na época fazendo a contabilidade das bilheterias, me ajudando com toda parte burocrática e passando por maus bocados comigo, literalmente desde quando não tinha nada e acreditando junto comigo num futuro melhor, sem elas nada disso teria sido possível.

Quais foram as principais mudanças que você notou na indústria da música ao longo dos anos?

Sem dúvida o stream teve e vem tendo um papel fundamental na indústria da música. Nós crescemos a partir do stream. No entanto, venho notado uma mudança no consumo ao longo dos anos. Atualmente o público, o fã quer não só consumir a música mas quer também consumir estilo de vida do artista, acompanhar e seguir o dia a dia, acompanhar cada movimento e tendência criada pelo seu ídolo e, entendo que isso tem grande influência no consumo das mídias, das redes sociais e que acabam impactando tanto na área publicitária, por exemplo e, direta e indiretamente nos projetos de lançamento que tiveram que se adaptar para acompanhar essa nova dinâmica.

Que impacto você espera deixar na indústria da música e na cultura brasileira?

Bom, como se diz por aí, a herança vai embora, o legado fica. Espero humildemente poder ter ao final contribuído para a quebra de paradigma no qual o funk possa ser escutado sem preconceitos em qualquer lugar. Que o Funk seja verdadeiramente reconhecido e respeitado como movimento cultural genuinamente brasileiro importante e que nesse caminho todo a gente possa ter conseguido mudar muitas vidas através da música. Acredito que se cada um fizer um pouco, dentro do seu alcance, já é um bom caminho. Já tentaram até criminalizar o Funk há alguns poucos anos. Hoje as grandes marcas estão nos procurando para grandes ações publicitárias com nossos artistas, com nossas músicas. Isso é uma grande conquista e mudança que eu acredito ter contribuído um pouco ao longo dos últimos 10 anos pelo menos. Espero que mais mudanças boas ocorram. Estaremos aqui lutando incessantemente por isso.

Redação JBA Notícias

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