A Ferrovia Estadual de Mato Grosso é a primeira com autorização estadual no país e se estenderá por 730 km, interligando Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, passando por Cuiabá.
A estimativa é que o projeto completo esteja finalizado em 2030, mas os primeiros 160 km devem começar a operar já em 2026, conforme informações da Rumo Logística.
Em entrevista na segunda-feira (04), Pedro Palma, CEO da empresa, destacou que esse investimento é apenas o começo de uma estratégia mais ampla para melhorar a infraestrutura nacional, que já conta com parcerias estratégicas, como a realizada com a americana CHS no Porto de Santos.
Para viabilizar a construção, a Rumo já aplicou mais de R$ 14 bilhões e continua investindo.
Segundo Palma, a empresa visa conectar o potencial agrícola de Mato Grosso ao mercado global com mais eficiência e menor impacto ambiental.
Atualmente, 30 empresas terceirizadas trabalham no projeto e mantêm em andamento cerca de 100 frentes de trabalho, empregando aproximadamente 4.500 trabalhadores
A nova ferrovia também se interliga ao Porto de Santos, o principal ponto de exportação do país.
Esse corredor ferroviário tem a capacidade de reduzir o tempo de transporte e os custos logísticos, proporcionando um alívio nas rodovias sobrecarregadas do estado, que ainda concentram a maior parte do escoamento de grãos.
Em média, o custo de transporte ferroviário é menor que o rodoviário, o que favorece a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
Outro ponto de destaque, conforme Pedro Palma, é o impacto ambiental: o transporte ferroviário reduz a emissão de gases poluentes em até seis vezes quando comparado ao transporte rodoviário.
Além disso, a Rumo se compromete a implementar medidas que minimizem o impacto no ecossistema local e nas comunidades próximas, promovendo ações de conservação ambiental e responsabilidade social
Entre as obras entregues estão 19 viadutos e passagens, incluindo a construção de um viaduto de 160 metros que atravessa a BR-163/364.
Este conjunto de Obras de Artes Especiais tem como objetivo otimizar o fluxo rodoviário e aumentar a segurança tanto para trabalhadores quanto para a população local.
Segundo Harley Silva, gerente executivo de Projetos da Rumo Logística, essas construções são fundamentais para a eficiência do projeto, já que evitam o tráfego de veículos pesados nas rodovias.
Para acelerar ainda mais o projeto, foram iniciadas a implantação de 200 km de trilhos e a construção de um novo terminal de cargas.
A estimativa é de que, no auge das obras, mais de 5 mil novos empregos sejam gerados na região, beneficiando diretamente as economias locais e atraindo trabalhadores de diferentes partes do país
Com a previsão de aumento no fluxo de exportações de grãos, a Rumo também investe na ampliação de sua estrutura no Porto de Santos, em São Paulo.
Essa expansão permite que a ferrovia atenda à crescente demanda do agronegócio, otimizando o escoamento de produtos como soja, milho e algodão para o mercado internacional.
Em parceria com a CHS, a empresa também busca garantir que a infraestrutura do Porto de Santos esteja pronta para evitar futuros gargalos.
Em termos de eficiência, a Rumo já dobrou sua capacidade de transporte no Mato Grosso nos últimos dez anos, passando de 12 milhões para 25 milhões de toneladas anuais.
Esse aumento ocorreu sem ampliação de malha, mas sim com a recuperação e modernização de ativos.
Segundo Pedro Palma, esses investimentos visam garantir que o Brasil esteja preparado para uma futura expansão do agronegócio e que os produtores possam contar com uma logística mais confiável e sustentável
A expectativa é alta, mas o projeto enfrenta desafios como a necessidade de parcerias público-privadas e um cenário econômico que exige ajustes contínuos.
Contudo, a Rumo está otimista e enxerga essa ferrovia como o pontapé inicial para uma nova era de desenvolvimento logístico no país.
Esse modelo de concessão estadual inédito no Brasil pode inspirar outros estados a investir em suas infraestruturas ferroviárias, especialmente em áreas onde o escoamento depende do modal rodoviário.
texto allisson fischer-Click Petróleo e Gás
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