Uma parceria entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social e a Prefeitura de Morretes vai estimular a criação de abelhas nativas sem ferrão no Litoral e transformar o município em um polo de meliponicultura.
O Tecpar é responsável por coordenar e ministrar cursos voltados à comunidade sobre os princípios da agroecologia e o manejo das abelhas nativas sem ferrão, orientando sobre o manejo básico e avançado na meliponicultura.
Neste mês de novembro, agricultores familiares e agroflorestais da cidade participam da primeira aula do curso prático em uma propriedade onde já existem 10 caixas de abelha sem ferrão da espécie mandaçaia.
Ao todo, 73 alunos, divididos em quatro turmas, participam da capacitação.
“Esta é uma ação importante do Tecpar para apoiar o desenvolvimento regional sustentável. Além de impactar na conservação da biodiversidade, o estímulo à meliponicultura em Morretes vai viabilizar a geração de trabalho e renda para agricultores familiares em todo o Litoral”, afirma o diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado.
O projeto visa incrementar a renda de agricultores familiares e fortalecer o desenvolvimento regional e por meio da implantação de meliponários e promoção da rede produtiva para própolis, caixas racionais e colmeias.
A iniciativa tem o apoio da Superintendência Geral de Desenvolvimento Econômico e Social, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da Universidade Federal do Paraná e do Sebrae-PR.
“Reforçamos nosso apoio a esta iniciativa tão promissora e que alcança de maneira tão especial os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 em nosso Estado. É motivo de orgulho para nós vermos a preocupação com a educação, com a valorização dos produtores que mais precisam de atenção, além do enorme benefício para este bioma tão importante que é a Mata Atlântica”, afirma Keli Guimarães, superintendente-geral de Desenvolvimento Econômico e Social e vice-presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social.
O secretário municipal da Agricultura de Morretes, Gustavo Kemmer, destaca que o projeto é uma proposta de desenvolvimento regional sustentável que apoia as iniciativas do Governo do Estado que buscam alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
O projeto é coordenado pelo diretor de Desenvolvimento Sustentável, Tiago Tischer.
“A prefeitura de Morretes vem buscando conscientizar a população sobre a importância e benefícios dos serviços ecossistêmicos ao reintroduzir os polinizadores em suas áreas naturais gerando renda para os agricultores familiares”, diz Kemmer.
AULA PRÁTICA – Os cursos, abertos e gratuitos para a comunidade, são ministrados pelo bioquímico especialista em meliponicultura e funcionário do Tecpar, Renato Rau.
Na etapa prática os alunos têm a oportunidade de conhecer pessoalmente o que só conheciam por vídeos ou ouviram falar nas aulas teóricas.
Nesta fase do projeto, os participantes foram apresentados à abelha mandaçaia e aprenderam como se maneja a espécie, além de observar o movimento da abelha dentro da caixa, ver de perto o pólen e o néctar, o lugar onde é colocada a própolis e onde estão os potes de mel, entre outras experiências.
Nas aulas também é apresentado o modelo de meliponário considerado ideal pelo projeto, que tem as melhores condições de segurança, de temperatura e umidade para criação das abelhas.
A ideia é que as propriedades que vão receber as abelhas e abrigar as caixas tenham suas instalações padronizadas.
CAPACITAÇÃO
No curso teórico, realizado em outubro, os participantes tiveram um panorama sobre as espécies de abelhas existentes no Paraná e aprenderam sobre o que devem plantar para atrair as abelhas.
Também foram orientados sobre a legislação aplicável à produção de mel e as exigências para quem deseja empreender nesta área.
Os participantes que concluírem o curso receberão um certificado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que também é parceira no projeto.
O documento os habilita para receber duas caixas para abelhas mandaçaia, que serão cedidas pela Prefeitura de Morretes. Eles também receberão assistência técnica semanal no manejo das colônias de abelhas.
OUTRAS AÇÕES – Um dos principais desafios é sensibilizar a população de Morretes para o uso sustentável dos elementos naturais através da agroecologia.
A cidade tem cerca de 600 agricultores familiares e mais de 3 mil estudantes nas escolas urbanas e rurais. No entanto, é uma população com pouco acesso à informação e envolvimento em ações de conservação ambiental.
Por isso, outra etapa do projeto é a educação ambiental, que vai contar com o apoio didático da UFPR.
Serão feitas palestras e atividades com alunos das 15 escolas públicas da cidade, sobre os benefícios das abelhas para o ecossistema e a importância da preservação destes insetos. Nestes locais serão instaladas caixas de abelhas que serão usadas para educação ambiental.
PRODUÇÃO – O Paraná possui 42 espécies de abelhas nativas. No Litoral, as principais espécies sem ferrão são a jataí, com excelente mel, boa produtividade e docilidade, e a mandaçaia atualmente mais rara na natureza.
As abelhas nativas sem ferrão são responsáveis pela polinização de cerca de 90% das plantas brasileiras. Por isso, o projeto busca estimular a polinização natural e, assim, aumentar a capacidade de produção de árvores frutíferas na cidade, por exemplo. A polinização garante fruto de melhor qualidade, com composição mais rica e maior quantidade.
Para estabelecer os Jardins de Mel, a Prefeitura de Morretes irá instalar 80 caixas de abelhas em espaços públicos (praças e escolas) e 100 caixas de abelhas em propriedades de agricultores familiares.
Os proprietários de hotéis e pousadas serão convidados a colocar caixas em seus estabelecimentos, ajudando no trabalho de conscientização sobre a importância das abelhas para o ecossistema local. O objetivo é atrair mais turistas para a região, movimentando a economia local.
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