Empreendedorismo

Tortas de Carambeí têm pedido do registro de IG protocolado no INPI

Evento celebra o depósito do pedido de Indicação Geográfica do produto, que carrega a tradição e a excelência da cidade na área

Foi protocolado nesta terça-feira (23), o pedido de reconhecimento do registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), para as Tortas de Carambeí. Com o selo, que reconhece a autenticidade e qualidade do produto, a expectativa é potencializar e consolidar o turismo gastronômico em Carambeí – que já é conhecida como a Cidade das Tortas –, além de fomentar a economia local e regional.

A análise para a concessão da IG será feita pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável pela chancela. As tortas são produzidas na cidade paranaense desde 1911, época da colonização holandesa e, com o passar dos anos, as receitas evoluíram até alcançar o nível atual. A tradição da confeitaria entre os imigrantes e seus descendentes se popularizou localmente. Até mesmo aqueles que não possuíam ligação com famílias de imigrantes encontram, na produção de tortas, uma fonte de renda.

Os produtos são feitos com base em receitas de imigrantes holandeses e descendentes, que se tornaram patrimônio imaterial e posicionam a cidade na rota do turismo gastronômico. As tortas são elaboradas de forma artesanal, com insumos de alta qualidade não industrializados e regionais.

Segundo Christian Dykstra, presidente da Associação dos Produtores de Tortas de Carambeí e diretor-administrativo do Frederica’s Koffiehuis, a nova fase é um passo importante e de novas oportunidades.

“Para nós, a IG é motivo de orgulho, e saber que estamos cada vez mais perto de conseguir faz continuarmos trabalhando intensamente para isso. É um trabalho em conjunto, possibilitado através do apoio do Sebrae/PR, que trará o reconhecimento e o ‘título oficial’ de Tortas de Carambeí para o município que já é conhecido, informalmente, como Cidade das Tortas”.

Para o empresário Paulo Ricardo Los, que tem um café no lavandário Het Dorp, na cidade, todo o processo realizado até o momento em busca do registro da IG para as Tortas de Carambeí foi árduo.

“Foram diversas reuniões. No meu caso, que estou começando agora com a comercialização das tortas, a certificação é importante pois, garante, a qualidade dos produtos. As tortas já têm notoriedade e a chancela reforça que temos um produto de qualidade e autêntico”, considera.

A opinião é compartilhada pelo empresário Diego Wolf, das Tortas Wolf, que mantém um empreendimento na cidade e vice-presidente da APTC.

Evento, com a participação de empresários locais, celebrou o protocolo do registro da IG das Tortas de Carambeí junto ao INPI. Foto: Rogerio Junior

“Conseguir esse reconhecimento nos deixa ainda mais motivados a crescer e ajudar Carambeí na sua expansão. Todo esse processo irá fazer com que a cidade fique mais famosa, a visibilidade dela será muito maior, os turistas irão vir mais, assim a procura pelas tortas será bem grande também”, analisa.

Para Froukje de Jong Bueno, coordenadora geral do Koffiehuis Restaurante e Souvenirs e do Museu Parque Histórico de Carambeí, a IG permitirá que o empreendimento se conecte à história e geografia da região, por meio das receitas centenárias transmitidas pelas famílias.

“Espera-se que com a conquista da IG possa proteger a autenticidade do produto e valorizar tanto a origem quanto a identidade cultural. A IG certamente despertará o interesse de turistas e visitantes em vivenciar a autenticidade da culinária local, especificamente as tortas. Isso beneficiará o Koffiehuis para que a economia local se fortaleça, gere empregos e promova o desenvolvimento sustentável da região”, considera.

A consultora do Sebrae/PR, Nádia Joboji, lembra que, em 2023, foi refeito o diagnóstico técnico para a avaliação do potencial de IG das Tortas de Carambeí, com o intuito de verificar o interesse dos empresários do setor, a notoriedade do produto e como a comunidade enxergava esse reconhecimento, com bases históricas e técnico-científicas.

Um dos pontos para buscar a Indicação Geográfica envolveu a criação da Associação dos Produtores de Tortas de Carambeí (APTC). Formada por empresários, a mesma implementou uma metodologia inovadora de avaliação sensorial do produto, com condução técnica do Sebrae/PR, com o intuito de aferir a qualidade, sabor, medida, dimensão, beleza, entre outros aspectos.

“Acreditamos que micro e pequenos negócios têm a ganhar com o IG, que ajuda a abrir mercados, amplia a competividade e promove o desenvolvimento local, consolidando ainda mais o Turismo e outras áreas envolvidas com a cadeia do produto”, pontua a consultora do Sebrae/PR.

Celebração
Para celebrar a tradição e a excelência do produto, foi realizado um evento nesta quarta-feira (24), no Koffiehuis Confeitaria e Restaurante do Museu Parque Histórico de Carambeí, onde foram apresentados o conceito das IG e a avaliação sensorial das autênticas Tortas de Carambeí.

Cidade das tortas
O título de Carambeí Cidade das Tortas surgiu com incentivo da Prefeitura Municipal, com a criação do Festival de Tortas. O evento reúne confeiteiras artesanais e confeitarias consolidadas de Carambeí. Devido à realização do evento, turistas de diversas regiões conheceram a cidade como a Rota das Tortas e estendem as visitas durante o ano todo.

Produtos com IG no Paraná
Atualmente, no Paraná, são 14 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI: cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; mel de Ortigueira; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus, do sul do Paraná; camomila de Mandirituba; e uvas finas de Marialva. Além delas, há uma IG concedida para Santa Catarina, mas que envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

Outros produtos estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: Broas de Centeio de Curitiba; Mel de Prudentópolis; Urucum de Paranacity; Queijos do Sudoeste do Paraná; Cracóvia de Prudentópolis; Carne de Onça de Curitiba; Café de Mandaguari; Ponkan de Cerro Azul; Ovinos e Caprinos da Cantuquiriguaçu e Ginseng de Querência do Norte e o Pão no Bafo de Palmeira.

Redação JBA Notícias

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