O público lotou o auditório do Engenho de Inovação, no Rebouças, na noite dessa terça-feira (24/1), para participar das discussões em torno das inovações vividas pelo setor da saúde e o que deve ser tendência no setor, durante o primeiro Transformação Digital de 2023.
O evento, que abriu as programações da Agência Curitiba e do Vale do Pinhão neste ano, apresentou cases locais das aplicações das novas tecnologias e que podem ser exemplos para todo o país.
Entre as propostas, o uso de Big Data e integração dos dados para o acompanhamento dos pacientes, a transformação na produção de insumos para o modelo 4.0 aplicado a imunizantes e medicamentos bioterapêuticos e o desenvolvimento de novos produtos que resolvam questões pontuais de saúde, com uso de menos medicamentos.
“Este é um momento especial para abrir um ano que será muito bom. Todas as empresas, em todos os setores, estão buscando inovar. A Saúde inovou muito nesses últimos anos, com muito trabalho, mudanças de mindset e legislação. Por isso, faz todo o sentido trazer essa discussão neste primeiro Transformação Digital, destacou a presidente da Agência Curitiba de Inovação e Desenvolvimento, Cris Alessi.
Entre os speakers da noite, a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella, destacou que Curitiba investe há décadas na informatização dos dados dos usuários do sistema, o que possibilitou a implantação de novos serviços, como o lançamento do Aplicativo Saúde Já Curitiba e os teleatendimentos pela Central Saúde Já.
Sendo a primeira cidade a ter implantado o prontuário eletrônico, no final dos anos 1990, Curitiba hoje acompanha todos os encaminhamentos dados aos 53 mil usuários atendidos por dia pelo SUS Curitibano.
“O Ministério da Saúde, nesta atual gestão, criou a Secretaria de Saúde Digital e levou a contribuição da nossa cidade para o Brasil, com os aprendizados que tivemos para chegar a este sistema tão avançado e informatizado como temos aqui, no nosso modelo de Saúde 4.1”, destacou a secretária.
O modelo Saúde 4.1, apresentado aos participantes do Transformação Digital, foi desenvolvido pela SMS durante a pandemia e utiliza recursos como conectividade e inteligência artificial para ampliar o acesso do cidadão aos serviços do SUS Curitibano.
Na plateia, profissionais dos segmentos hospitalar, startups, educação acadêmica, empresas, indústria de diagnóstico e tecnologia se reuniram para ouvir e debater os serviços e produtos desenvolvidos com suporte da evolução digital no setor.
Em comum, além do interesse pelo tema, todos também foram, são ou serão pacientes, lembrou o mediador do evento, Fernando Carbonieri, fundador da comunidade virtual de ciências médicas academiamedica.com.br e cofundador da plataforma de saúde corporativa wellbe.co.
O foco em soluções digitais que promovam a qualidade de vida foi abordado pela co-founder e CEO do Grupo Medless, Nádia Dietrich. A empresa desenvolve implantes hormonais não absorvíveis para tratamentos da saúde da mulher.
Ela contou que o propósito desta health tech curitibana é ofertar a qualidade de vida no tratamento de um problema sem gerar a necessidade de uso de outros medicamentos, para combater os efeitos colaterais.
“Por isso ‘Medless’ (menos medicamentos). Estamos em estudos para implantes na área da psiquiatria, em que as medicações precisam ser administradas a longo prazo e o implante é uma solução viável para a manutenção dessa prática pelo paciente”, disse Nádia.
Já o gerente de Desenvolvimento de Negócios do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), Lucas Nascimento, contou a evolução do Instituto em sua informatização, rumo a um modelo de produção industrial de bioterapêuticos no modelo Pharma 4.0.
O instituto está abrindo um novo capítulo em sua história, rumo à pesquisa e desenvolvimento de bioterapêuticos em Curitiba, e implantando uma nova unidade de biotecnologia, na CIC, que vai produzir insumos para vacinas e terapias avançadas para doenças como o câncer.
A proposta vai suprir uma necessidade nacional, reduzindo a dependência de produção internacional desses insumos.
Atualmente, a maioria desses produtos é importada.“Estamos investindo em consultoria internacional para nos fornecer expertise para a indústria 4.0 e estamos avançando nos critérios, desenvolvendo uma rede neural, investimos em rastreabilidade, economicidade, automação, velocidade, acesso, qualidade. E tudo isso só importa com foco nas pessoas”, destacou Nascimento.
Durante o evento, plateia e speakers conversaram sobre diversos prismas do papel dos avanços digitais na Saúde, como o comprometimento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, busca de investimentos e uso dos bancos de dados para intervir em ações preventivas.
A troca de informações e networking é um dos objetivos do Transformação Digital, uma das frentes de apoio do Vale do Pinhão, a partir do desenvolvimento do ecossistema de inovação. Os contatos podem resultar em incentivos e parcerias para melhoria e lançamento de novos produtos, como lembrou Nádia Dietrich.
Como parceira do Vale do Pinhão, a co-founder e CEO do Grupo Medless tem participado deste ambiente de cooperação. “Foi pelo Vale que fizemos parceria com a Hot Milk, em que recebemos incentivo para o desenvolvimento de uma nova linha de produtos voltados ao público masculino”, contou Nádia.
Cris Alessi destacou que o Vale do Pinhão tem interesse em unir essas discussões, que envolvem empresas de todos os portes, e em ofertar seus programas para contribuir com sua evolução. “Temos o que ofertar para contribuir e ofertar para todas as empresas, de diferentes tamanhos, para que possam focar em seus públicos finais, as pessoas beneficias nos atendimentos”, disse.
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