Durante a reunião em que foram debatidos cinco projetos de lei que tramitam na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), a Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação recebeu representantes da Associação dos Moradores do Jardim Botânico e do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) local.
Por iniciativa de Rodrigo Reis (União), eles estiveram no Legislativo para entregar um documento que pede a suspensão definitiva dos estudos para a construção de uma trincheira na região do Jardim Botânico e da Vila Torres.
Um dos vereadores e membro do colegiado que acompanha a demanda dos moradores, Reis disse que a associação acionou especialistas, como arquitetos e engenheiros, para fazer um estudo sobre o projeto, cujo resultado é que, se executada, a obra causará transtornos à região, com impactos ambiental, de vizinhança e no trânsito.
O estudo, inclusive, foi levado ao conhecimento do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano).
Um dos representante da associação presentes na CMC, José Eduardo da Fonseca explicou que, ao todo, foram entregues ao Ippuc oito documentos.
O último foi encaminhado pelos moradores diretamente ao prefeito Rafael Greca, na semana passada.
A cópia dele foi entregue aos vereadores de Curitiba durante a reunião com a Comissão de Urbanismo. O ofício, que é direcionado ao colegiado e ao presidente da CMC, Marcelo Fachinello (Pode), traz um anexo com 21 páginas, que contém todo o histórico das tratativas dos moradores do Jardim Botânico e da Vila Torres com o município.
José Eduardo da Fonseca alegou, ainda, que o projeto não se preocupa com a parte ambiental e de vizinhança.
“O projeto da trincheira não vai resolver a única razão do Ippuc apontada para a obra, que é melhorar o fluxo viário – de leste a oeste e de norte sul. A trincheira vai criar inúmeros problemas de vizinhança, ambientais e de fluidez. O trânsito vai parar dentro da trincheira”, emendou o representante da associação.
“O Ippuc não consulta nenhuma entidade de bairro. E isto é complicado. Gostaria sempre que o bairro fosse consultado”, disse Elisa Tanet, presidente do Conseg Jardim Botânico.
Para Júlio César Fabrício da Silva, morador do bairro há 50 anos, o Jardim Botânico é o principal cartão postal da cidade, e a trincheira “vai desfigurar” o parque.
“Não vejo sentido nenhum você ter um cartão postal da cidade e uma trincheira em cima, dizendo que isto vai melhorar a fluidez [do trânsito]. Mesmo que isto fosse verdade, o que não é, porque já foi comprovado. O Jardim Botânico é conhecido até fora do Brasil. Em outros países, é justamente o contrário, se retira [uma intervenção urbana] para dar visão aos pontos históricos, turísticos.”
Tanto Rodrigo Reis, quanto Herivelto Oliveira (Cidadania) disseram ter feito questionamentos ao órgão municipal responsável pelo planejamento da cidade, em atendimento à Associação dos Moradores do Jardim Botânico, que alega que os diversos documentos enviados desde 2021 pedindo a suspensão definitiva da obra, não foram respondidos a contento. Para Reis, que é vice-presidente do colegiado de Urbanismo, a obra terá um impacto que “pode mudar a vida de todas as pessoas que moram no entorno”. “Pode melhorar o trânsito, mas muito pouco perto do impacto para a vizinhança”, completou.
A mediação dos parlamentares resultou em uma resposta que, segundo Rodrigo Reis, foi dada ontem pelo Ippuc ao seu gabinete. Segundo o vereador, a Prefeitura de Curitiba vai suspender o projeto da trincheira “pelo menos na gestão do prefeito Rafael Greca”, que termina em dezembro de 2024. “A gente fica feliz com a notícia, esperamos que isto se mantenha. Vamos continuar trabalhando em cima desta questão para que, mesmo no futuro, se existir a possibilidade de construir a trincheira, se exijam audiências públicas com os moradores”, emendou.
“Enquanto não paralisar o estudo em definitivo, a luta dos moradores vai continuar”, disse José Eduardo da Fonseca, em resposta à notícia dada pelo parlamentar. “Todos têm interesse em discutir e avançar”, respondeu o presidente da Comissão de Urbanismo, Mauro Bobato (Pode). O vereador analisou que, apesar de Curitiba ser uma referência no planejamento urbano, “há problemas”.
O parlamentar se comprometeu a entender melhor os argumentos apresentados pela associação, e disse que o Ippuc novamente será questionado sobre os estudos, agora via comissão. “A obra nunca é de uma única secretaria, envolve Urbanismo, Obras, Meio Ambiente. As questões são contempladas em um único projeto”, afirmou Herivelto Oliveira, ao endossar que a comissão continuará atenta à demanda dos moradores.
“Não quero tensionar. Sou aluno e gosto do trabalho do Ippuc. Algumas coisas temos certa dificuldade do diálogo, mas estamos aqui para construir juntos, construir pontes e buscar este diálogo. Sei a frustração que vocês têm por não ter as respostas efetivas, mas é o setor público, e não há celeridade que gostaríamos. Como esta discussão vem de muito tempo, por exemplo, em 2006 poderia ser viável, e hoje talvez não seja interessante. O Ippuc tem seus critérios, temos que respeitar, mas vamos buscar este diálogo”, finalizou Bobato.
Na reunião, além dos representantes já citados, também estavam Carmem Lúcia Carsteus (Conseg) e Mônica Fonseca (Associação de Moradores do Jardim Botânico).
O colegiado tem a tarefa de analisar matérias atinentes aos planos de desenvolvimento urbano, controle do uso do solo urbano, sistema viário, trânsito, parcelamento do solo, edificações, realizações de obras públicas, política habitacional e tecnologias da informação e software. O colegiado tem 5 membros: Mauro Bobato (Pode), presidente; Gio
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