Política

Vereadores discordam sobre homenagem ao Partido Comunista

Requerimento de votos de congratulações e aplausos ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) gerou debate na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na sessão plenária desta segunda-feira (25).

De iniciativa da vereadora Professora Josete (PT), com a justificativa de homenagear os 100 anos de fundação da sigla, a proposição foi rejeitada por 14 votos contrários, 5 favoráveis e 3 abstenções.

“Segundo os comunistas, os guerrilheiros, eles dizem que o regime militar matou 424 militantes naqueles tempos difíceis. Na verdade, foram 293 comprovados. Militantes. Na realidade, bandidos, assaltantes, terroristas, que pretendiam implantar no Brasil a chamada ditadura do proletariado”, disse Eder Borges (PP).

“O que não se costuma contar por aí é que o terrorismo de esquerda matou 119 pessoas”.

Com críticas aos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado por lei de 2011, o vereador também afirmou que cerca de 100 milhões de civis foram mortos, em todo o mundo, por regimes comunistas.

“Mao Tse-tung [na China] obrigava homens a andarem nus pela cidade, com pedaços de ferro nos testículos. E, atenção movimento feminista, queimavam a vagina das mulheres dos opositores”, continuou. “Justamente em nome da democracia nós não aceitamos homenagens a partidos antidemocratas”.

“As pessoas nem sempre lêem todos os documentos e a fake news virou algo muito comum”, respondeu Professora Josete.

“Acho que a gente não pode deixar a mentira se sobrepor à verdade. Do que o vereador que me antecedeu falou, 90% é mentira”.

“Quando o vereador fala das feministas e quando o vereador se refere a vaginas queimadas por supostos comunistas, isso nunca foi defesa de ninguém, muito menos de feministas”, continuou.

Vereadoras Amália Tortato e Indiara Barbosa, do Novo, votaram contra a homenagem.

“Só para lembrar que na ditadura militar aqui do Brasil os militares, os torturadores, davam choques nas vaginas das mulheres e também colocavam ratos dentro das vaginas das mulheres”.

“A gente vive um momento em que a polarização, em que o ódio, está muito presente”, lamentou Josete, após a rejeição do requerimento.

Segundo ela, o PT e o próprio PCdoB não concordam com “distorções que aconteceram ao longo do tempo”.

“Mas isso não tira o mérito do PCdoB como um partido atuante, como um partido que sempre se colocou a favor dos trabalhadores e a favor de uma sociedade justa. Hoje se repetem mentiras sem se buscar as fontes”, apontou.

“Acredito, sim, nas boas intenções do Partido Comunista e do regime comunista, enfim, mas na prática a gente sabe, é histórico, que milhões de pessoas foram mortas, foram assassinadas na China, na Ucrânia, diversos países, em nome do comunismo e das boas intenções”, encaminhou Indiara Barbosa (Novo).

Maria Leticia (PV) justificou o voto favorável “justamente pela democracia”.

Para ela, a Câmara Municipal não deve optar pela direita ou pela esquerda:

“Nós temos que escolher todos os lados”. A Casa, em sua avaliação, “mais uma vez, perde a oportunidade de demonstrar grandeza”. 

Em regimes autoritários, respondeu Amalia Tortato (Novo), “não há democracia”. “Nem esse debate teríamos aqui”, opinou.

Carol Dartora (PT) defendeu que “a diversidade e a pluralidade só enriquecem qualquer espaço”.

“Desconstruir o conceito de igualdade é a maior bizarrice que pode acontecer”, opinou. “O Partido Comunista do Brasil tem uma história, um legado, e não reconhecer isso demonstra essa despolitização”.

O Pastor Marciano Alves (Solidariedade) declarou o voto contra a proposta a partir da experiência como evangelizador na China, onde disse ter presenciado dificuldades para a expressão religiosa, e em Seul, “ao lado da Coreia do Norte, um país de extrema miséria e decadência”.

Osias Moraes (Republicanos) afirmou “se tratar de um ato político, simplesmente” e pediu respeito ao posicionamento contrário aos votos de congratulações.

“Discordo de algumas pautas, mas não deixo de respeitar o partido”, afirmou.

“Vai contra aquilo que eu acredito e eu vou votar contra”, completou Ezequias Barros (PMB).

Os votos de congratulações e outros requerimentos (a exemplo das moções e dos regimes de urgência), assim como as indicações da segunda parte da ordem do dia, são votados em turno único, de forma simbólica.

Acatado em plenário, o requerimento verbal para que os votos fossem registrados no painel eletrônico foi proposto pelo vereador Jornalista Márcio Barros (PSD).

 

Redação JBA Notícias

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